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Justiça francesa pede 18 meses de pena de prisão para ator Gérard Depardieu

Procurador recordou que as vítimas eram "mulheres em posição de inferioridade social".

27 de março de 2025 às 23:51

A justiça francesa pediu esta quita-feira 18 meses de prisão com pena suspensa para Gérard Depardieu, que está a ser julgado por agressões sexuais, com a defesa a requerer a absolvição, denunciando uma organização para derrubar o ator francês.

O tribunal proferirá a sua sentença a 13 de maio, noticiou a agência France-Presse (AFP).

O procurador recordou que as vítimas eram "mulheres em posição de inferioridade social".

Gérard Depardieu, de 76 anos, "goza de notoriedade, aura e estatuto monumental no cinema francês", argumentou o procurador, que pediu ao Tribunal Penal de Paris que condenasse o ator a uma pena de prisão de 18 meses, com um período probatório de três anos.

O procurador solicitou ainda atendimento psicológico obrigatório, um período de inelegibilidade de dois anos e a inclusão no registo de criminosos sexuais.

O advogado do ator pediu que o seu cliente fosse absolvido, por ter sido vítima de assédio.

"Quero que este caso acabe com o pesadelo, o inferno para o qual Gérard Depardieu foi atirado", exigiu Jérémie Assous.

A sua longa alegação foi marcada por passagens acaloradas contra as queixosas: "O seu trauma, mesmo que o ataque tenha ocorrido, é relativo", frisou.

Para o advogado, Amélie e Sarah (nome fictício) são contadoras de histórias ao serviço de uma organização de "feministas raivosas".

"Fui arrastado pela lama com mentiras e calúnias durante três anos", enfatizou o ator francês, quando os juízes do Tribunal Penal de Paris lhe deram a palavra pela última vez antes de deixar seguir o caso para a sentença.

Amélie, 54 anos, foi cenógrafa do filme "Les Volets Verts". Em tribunal, relatou ter ficado "presa entre as pernas de Gérard Depardieu", que lhe "massajava as nádegas e os seios" enquanto fazia comentários sexuais.

As acusações foram negadas várias vezes pelo ator.

"Não vejo porque me divertiria a apalpar uma mulher, as suas nádegas, os seus seios", sublinhou o ator, sentado num banco de frente para o juiz presidente.

Sarah, de 34 anos, que era a terceira assistente de realização no set, disse que o ator lhe colocou a mão nas nádegas e depois passou para os seus seios.

"Posso ter-lhe esbarrado com as costas no corredor, mas não lhe toquei", garantiu Gérard Depardieu em tribunal.

O ator que interpreta Obélix no cinema recebeu o apoio da amiga Fanny Ardant ("Huit femmes").

A atriz garantiu ao tribunal que nunca tinha testemunhado qualquer gesto do ator que lhe parecesse chocante. Assegurou ainda que era possível "dizer-lhe não".

Este mês, foi revelado pela produtora que a atriz e realizadora francesa Fanny Ardant vai filmar em São Miguel, Açores, a longa-metragem "Ela olhava sem nada ver", com Gérard Depardieu, Victoria Guerra e Ana Padrão no elenco.

Depardieu foi durante anos um dos rostos mais famosos do cinema francês, graças a títulos como "Cyrano de Bergerac", "Novecento", "Le dernier métro" e "Danton" e está também sob investigação por violação e agressão sexual desde 16 de dezembro de 2020.

Durante o julgamento, quatro mulheres, além das queixosas, apresentaram-se para testemunhar sobre agressões sexuais entre 2007 e 2015.

Em todas as ocasiões, mencionaram "mãos nos seios", "mãos nas cuecas", os "grunhidos" de Gérard Depardieu e também o silêncio, "porque aos 20 anos é difícil ir à esquadra e apresentar queixa contra Depardieu", sublinhou uma delas.

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