Sviatlana Tsikhanouskaya defendeu a necessidade de "garantir que as grandes empresas trabalham sempre para as democracias e nunca para ditadores".
A líder da oposição da Bielorrússia, Sviatlana Tsikhanouskaya, apelou esta terça-feira em Lisboa às gigantes tecnológicas para que estejam "do lado do bem e nunca do dos ditadores", pedindo nomeadamente ao Google que trave a propaganda na Bielorrússia.
"Hoje, toda a Europa fala de segurança, de como parar a Rússia, de defender fronteiras, de apoiar a Ucrânia. Mas não podemos esquecer que, por vezes, o poder militar, por si só, é inútil, sem pessoas dispostas a defender os seus valores. É aqui que a tecnologia vem para ajudar, para fortalecer as nossas comunidades, os nossos meios de comunicação social independentes e os nossos valores", afirmou a ativista, numa conferência de imprensa na Web Summit, cimeira tecnológica que decorre em Lisboa até quinta-feira.
Sviatlana Tsikhanouskaya defendeu a necessidade de "garantir que as grandes empresas trabalham sempre para as democracias e nunca para ditadores".
"E aqui peço a todos os gigantes, como Google, Meta, TikTok, Microsoft, que apoiem todos aqueles que lutam pela liberdade", disse, comentando que "por vezes, [estas empresas] são mais poderosas do que governos".
"Certifique-se de que as vossas plataformas não ajudarão ditadores como [Vladimir] Putin ou [Alexander] Lukashenko", afirmou, referindo-se aos presidentes russo e bielorrusso, respetivamente.
Em concreto, pediu ao Google para "bloquear os vídeos propagandísticos que o regime produz", por exemplo, de opositores detidos que são forçados a fazer vídeos com confissões.
Mas, sublinhou, os opositores não pedem que as tecnologias suspendam os serviços na Bielorrússia.
"Estamos a pedir a estas empresas tecnológicas que nos forneçam instrumentos, por vezes com instrumentos gratuitos (...),para combater a propaganda e as instituições do Estado que trabalham para a máquina de guerra russa ou para a repressão", comentou.
"Não temos um Estado. O nosso Estado está tomado pelo regime civil de Lukashenko, mas, graças à tecnologia, estamos a construir a Bielorrússia do zero. (...) Os meios de comunicação social bielorrussos, apesar da repressão, chegam às pessoas no terreno", acrescentou a líder opositora, que reclama a vitória nas eleições presidenciais de 2020 e se encontra exilada na Lituânia.
Devido à "brutal repressão de estilo estalinista" desencadeada por Lukashenko após 2020, meio milhão de bielorrussos fugiram do país e atualmente há "cerca de 3.300 presos políticos", descreveu.
Segundo a representante da oposição, "pelo menos 10.000 empresas com fundadores bielorrussos estão registadas na União Europeia".
As 10 maiores empresas empregam cerca de 80.000 pessoas.
"São enormes trunfos, não só para a União Europeia, mas também para a futura Bielorrússia", destacou.
Na mesma conferência de imprensa, Tania Marinich, empresária bielorrussa exilada em Espanha, destacou que "muitos empresários bielorrussos talentosos foram forçados ao exílio".
"Não porque eram políticos, eram empresários, estavam a construir empresas e todas estas pessoas são forçadas ao exílio simplesmente porque qualquer sistema ditatorial tem medo de pessoas livres, independentes, autossuficientes, que possam construir o seu próprio futuro", afirmou.
"Estamos realmente gratos à União Europeia por termos encontrado aqui a nossa segunda casa. E gostaria de dizer que estamos seguros. Mas, infelizmente, a muitos de nós é negado o acesso a procedimentos burocráticos muito básicos", lamentou.
Os imigrantes veem os passaportes caducar e não os conseguem renovar, ou porque se regressarem à Bielorrússia serão presos ou porque "as embaixadas não prestam esse serviço".
"Infelizmente, não existe qualquer instrumento na União Europeia para apoiar todos estes empresários. É por isso que convido a União Europeia a pensar em criar um estatuto especial para esses empresários no exílio, apoiando-nos não como caridade, mas como construção da segurança, da inovação e da democracia europeia", destacou Tania Marinich.
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