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Marielle Franco foi assassinada há seis anos e crime continua por esclarecer

Quatro suspeitos já foram presos.

14 de março de 2024 às 17:47

Seis anos depois de a vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco e o motorista dela naquele dia, Anderson Gomes, que cobria a folga de um amigo, terem sido assassinados com uma rajada de tiros numa rua do bairro do Estácio, naquela cidade brasileira, na noite de 14 de março de 2018, os crimes continuam por esclarecer. Quatro suspeitos já foram presos, entre eles o ex-sargento da polícia Ronnie Lessa, autor dos disparos, mas continuam por responder as duas principais perguntas da investigação, quem mandou matar a jovem vereadora de esquerda Marielle e porquê.

Ao longo da investigação, vários suspeitos foram apontados informalmente como mandantes, entre eles um vereador, um deputado, um conselheiro do Tribunal de Contas, e até a família Bolsonaro entrou nessa lista. Mas nada foi possível provar fosse contra quem fosse, o que se provou foram muitas tentativas de obstruir a investigação, levadas a cabo até por altas patentes da polícia do Rio de Janeiro, afastadas do caso e dos cargos devido a essas interferências indevidas.

No início deste ano, o diretor da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, prometeu que a corporação que comanda, e que entrou no caso paralelamente à polícia estadual do Rio, iria apresentar os mandantes até final deste primeiro semestre, que já vai a meio. Esta quinta-feira, o novo ministro da Justiça e Segurança Pública, o ex-juiz do Supremo Tribunal Federal Ricardo Lewandowski, também afirmou que em breve haverá respostas definitivas para as perguntas ainda em aberto sobre os assassínios de Marielle e Anderson.

De mais concreto, há uma confissão detalhada de Lessa, feita em regime de cooperação com a justiça no final do ano passado em troca de eventuais benefícios jurídicos após cinco anos preso, mas até agora o Superior Tribunal de Justiça, STJ, a quem essa delação foi remetida para homologação ou não, ainda não decidiu nada. O facto de o caso ter sido remetido ao STJ, que julga governadores de Estado e membros do Tribunal de Contas, parece confirmar um vazamento do depoimento de Lessa, que terá apontado um membro desse tribunal como mandante, mas o ex-polícia avançou que os mandantes são dois, e sobre o outro nada se sabe.

Os motivos para os brutais crimes já motivaram inúmeras versões, entre as quais a de que Marielle estava a articular para destinar à habitação social uma imensa área na zona oeste da cidade até hoje dominada por uma milícia armada, que pretendia construir no local um conjunto de condomínios residenciais e lucrar uma infinidade de milhões. O que é certo é que a morte da vereadora, eleita para o seu primeiro mandato em 2016 como quinta mais votada do Rio de Janeiro, já era arquitetada há muito, tanto que uma primeira tentativa de a assassinar tinha sido feita pelo mesmo grupo um ano antes da morte dela, em 2017, mas falhou porque o motorista do carro dos criminosos errou a manobra, soube-se após a morte da política.

Além de Ronnie Lessa, atirador exímio que disparou a rajada de nove tiros que matou Marielle e Anderson, estão presos o também ex-sargento da polícia Élcio Queiroz, que conduziu o automóvel Cobalt de onde os tiros partiram, o ex-sargento dos Bombeiros Maxwell Simões, que escondeu as armas usadas nos crimes, e Edilson Barbosa, preso em fevereiro passado, dono de um ferro-velho e que é acusado de ter desmontado o carro após o duplo homicídio, para dificultar as investigações. Com Ronnie Lessa no banco de trás e Élcio Queiroz ao volante, o Cobalt seguiu Marielle Franco ao longo das últimas horas da vida dela, acompanhou-a de perto em vários eventos políticos e até quando ela foi a um barzinho encontrar-se com amigas, seu último compromisso antes de se dirigir para casa, já depois das 21 horas locais, e, numa rua escura do Estácio o motorista colocou o automóvel lado a lado com aquele onde a vereadora e o seu motorista seguiam e uma única rajada acabou com a vida dos dois.

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