Quatro suspeitos já foram presos.
Seis anos depois de a vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco e o motorista dela naquele dia, Anderson Gomes, que cobria a folga de um amigo, terem sido assassinados com uma rajada de tiros numa rua do bairro do Estácio, naquela cidade brasileira, na noite de 14 de março de 2018, os crimes continuam por esclarecer. Quatro suspeitos já foram presos, entre eles o ex-sargento da polícia Ronnie Lessa, autor dos disparos, mas continuam por responder as duas principais perguntas da investigação, quem mandou matar a jovem vereadora de esquerda Marielle e porquê.
Ao longo da investigação, vários suspeitos foram apontados informalmente como mandantes, entre eles um vereador, um deputado, um conselheiro do Tribunal de Contas, e até a família Bolsonaro entrou nessa lista. Mas nada foi possível provar fosse contra quem fosse, o que se provou foram muitas tentativas de obstruir a investigação, levadas a cabo até por altas patentes da polícia do Rio de Janeiro, afastadas do caso e dos cargos devido a essas interferências indevidas.
No início deste ano, o diretor da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, prometeu que a corporação que comanda, e que entrou no caso paralelamente à polícia estadual do Rio, iria apresentar os mandantes até final deste primeiro semestre, que já vai a meio. Esta quinta-feira, o novo ministro da Justiça e Segurança Pública, o ex-juiz do Supremo Tribunal Federal Ricardo Lewandowski, também afirmou que em breve haverá respostas definitivas para as perguntas ainda em aberto sobre os assassínios de Marielle e Anderson.
De mais concreto, há uma confissão detalhada de Lessa, feita em regime de cooperação com a justiça no final do ano passado em troca de eventuais benefícios jurídicos após cinco anos preso, mas até agora o Superior Tribunal de Justiça, STJ, a quem essa delação foi remetida para homologação ou não, ainda não decidiu nada. O facto de o caso ter sido remetido ao STJ, que julga governadores de Estado e membros do Tribunal de Contas, parece confirmar um vazamento do depoimento de Lessa, que terá apontado um membro desse tribunal como mandante, mas o ex-polícia avançou que os mandantes são dois, e sobre o outro nada se sabe.
Os motivos para os brutais crimes já motivaram inúmeras versões, entre as quais a de que Marielle estava a articular para destinar à habitação social uma imensa área na zona oeste da cidade até hoje dominada por uma milícia armada, que pretendia construir no local um conjunto de condomínios residenciais e lucrar uma infinidade de milhões. O que é certo é que a morte da vereadora, eleita para o seu primeiro mandato em 2016 como quinta mais votada do Rio de Janeiro, já era arquitetada há muito, tanto que uma primeira tentativa de a assassinar tinha sido feita pelo mesmo grupo um ano antes da morte dela, em 2017, mas falhou porque o motorista do carro dos criminosos errou a manobra, soube-se após a morte da política.
Além de Ronnie Lessa, atirador exímio que disparou a rajada de nove tiros que matou Marielle e Anderson, estão presos o também ex-sargento da polícia Élcio Queiroz, que conduziu o automóvel Cobalt de onde os tiros partiram, o ex-sargento dos Bombeiros Maxwell Simões, que escondeu as armas usadas nos crimes, e Edilson Barbosa, preso em fevereiro passado, dono de um ferro-velho e que é acusado de ter desmontado o carro após o duplo homicídio, para dificultar as investigações. Com Ronnie Lessa no banco de trás e Élcio Queiroz ao volante, o Cobalt seguiu Marielle Franco ao longo das últimas horas da vida dela, acompanhou-a de perto em vários eventos políticos e até quando ela foi a um barzinho encontrar-se com amigas, seu último compromisso antes de se dirigir para casa, já depois das 21 horas locais, e, numa rua escura do Estácio o motorista colocou o automóvel lado a lado com aquele onde a vereadora e o seu motorista seguiam e uma única rajada acabou com a vida dos dois.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt
o que achou desta notícia?
concordam consigo
A redação do CM irá fazer uma avaliação e remover o comentário caso não respeite as Regras desta Comunidade.
O seu comentário contem palavras ou expressões que não cumprem as regras definidas para este espaço. Por favor reescreva o seu comentário.
O CM relembra a proibição de comentários de cariz obsceno, ofensivo, difamatório gerador de responsabilidade civil ou de comentários com conteúdo comercial.
O Correio da Manhã incentiva todos os Leitores a interagirem através de comentários às notícias publicadas no seu site, de uma maneira respeitadora com o cumprimento dos princípios legais e constitucionais. Assim são totalmente ilegítimos comentários de cariz ofensivo e indevidos/inadequados. Promovemos o pluralismo, a ética, a independência, a liberdade, a democracia, a coragem, a inquietude e a proximidade.
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza expressamente o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes ou formatos actualmente existentes ou que venham a existir.
O propósito da Política de Comentários do Correio da Manhã é apoiar o leitor, oferecendo uma plataforma de debate, seguindo as seguintes regras:
Recomendações:
- Os comentários não são uma carta. Não devem ser utilizadas cortesias nem agradecimentos;
Sanções:
- Se algum leitor não respeitar as regras referidas anteriormente (pontos 1 a 11), está automaticamente sujeito às seguintes sanções:
- O Correio da Manhã tem o direito de bloquear ou remover a conta de qualquer utilizador, ou qualquer comentário, a seu exclusivo critério, sempre que este viole, de algum modo, as regras previstas na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, a Lei, a Constituição da República Portuguesa, ou que destabilize a comunidade;
- A existência de uma assinatura não justifica nem serve de fundamento para a quebra de alguma regra prevista na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, da Lei ou da Constituição da República Portuguesa, seguindo a sanção referida no ponto anterior;
- O Correio da Manhã reserva-se na disponibilidade de monitorizar ou pré-visualizar os comentários antes de serem publicados.
Se surgir alguma dúvida não hesite a contactar-nos internetgeral@medialivre.pt ou para 210 494 000
O Correio da Manhã oferece nos seus artigos um espaço de comentário, que considera essencial para reflexão, debate e livre veiculação de opiniões e ideias e apela aos Leitores que sigam as regras básicas de uma convivência sã e de respeito pelos outros, promovendo um ambiente de respeito e fair-play.
Só após a atenta leitura das regras abaixo e posterior aceitação expressa será possível efectuar comentários às notícias publicados no Correio da Manhã.
A possibilidade de efetuar comentários neste espaço está limitada a Leitores registados e Leitores assinantes do Correio da Manhã Premium (“Leitor”).
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes disponíveis.
O Leitor permanecerá o proprietário dos conteúdos que submeta ao Correio da Manhã e ao enviar tais conteúdos concede ao Correio da Manhã uma licença, gratuita, irrevogável, transmissível, exclusiva e perpétua para a utilização dos referidos conteúdos, em qualquer suporte ou formato atualmente existente no mercado ou que venha a surgir.
O Leitor obriga-se a garantir que os conteúdos que submete nos espaços de comentários do Correio da Manhã não são obscenos, ofensivos ou geradores de responsabilidade civil ou criminal e não violam o direito de propriedade intelectual de terceiros. O Leitor compromete-se, nomeadamente, a não utilizar os espaços de comentários do Correio da Manhã para: (i) fins comerciais, nomeadamente, difundindo mensagens publicitárias nos comentários ou em outros espaços, fora daqueles especificamente destinados à publicidade contratada nos termos adequados; (ii) difundir conteúdos de ódio, racismo, xenofobia ou discriminação ou que, de um modo geral, incentivem a violência ou a prática de atos ilícitos; (iii) difundir conteúdos que, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, tenham como objetivo, finalidade, resultado, consequência ou intenção, humilhar, denegrir ou atingir o bom-nome e reputação de terceiros.
O Leitor reconhece expressamente que é exclusivamente responsável pelo pagamento de quaisquer coimas, custas, encargos, multas, penalizações, indemnizações ou outros montantes que advenham da publicação dos seus comentários nos espaços de comentários do Correio da Manhã.
O Leitor reconhece que o Correio da Manhã não está obrigado a monitorizar, editar ou pré-visualizar os conteúdos ou comentários que são partilhados pelos Leitores nos seus espaços de comentário. No entanto, a redação do Correio da Manhã, reserva-se o direito de fazer uma pré-avaliação e não publicar comentários que não respeitem as presentes Regras.
Todos os comentários ou conteúdos que venham a ser partilhados pelo Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã constituem a opinião exclusiva e única do seu autor, que só a este vincula e não refletem a opinião ou posição do Correio da Manhã ou de terceiros. O facto de um conteúdo ter sido difundido por um Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã não pressupõe, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, que o Correio da Manhã teve qualquer conhecimento prévio do mesmo e muito menos que concorde, valide ou suporte o seu conteúdo.
ComportamentoO Correio da Manhã pode, em caso de violação das presentes Regras, suspender por tempo determinado, indeterminado ou mesmo proibir permanentemente a possibilidade de comentar, independentemente de ser assinante do Correio da Manhã Premium ou da sua classificação.
O Correio da Manhã reserva-se ao direito de apagar de imediato e sem qualquer aviso ou notificação prévia os comentários dos Leitores que não cumpram estas regras.
O Correio da Manhã ocultará de forma automática todos os comentários uma semana após a publicação dos mesmos.
Para usar esta funcionalidade deverá efetuar login.
Caso não esteja registado no site do Correio da Manhã, efetue o seu registo gratuito.
Escrever um comentário no CM é um convite ao respeito mútuo e à civilidade. Nunca censuramos posições políticas, mas somos inflexiveis com quaisquer agressões. Conheça as
Inicie sessão ou registe-se para comentar.