Projetos das companhias petrolíferas no norte do país têm o potencial de transformar a economia moçambicana.
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Moçambique deverá receber cerca de 95 mil milhões de dólares nos próximos 25 anos em receitas vindas dos investimentos das multinacionais na exploração de gás natural, mais de sete vezes do valor do PIB atual.
O valor de 95 mil milhões de dólares (cerca de 85 mil milhões de euros), resulta da soma dos 46 mil milhões de dólares de receitas do consórcio liderado pela Exxon Mobil, anunciados na semana passada pelo Governo, aos 49 mil milhões de dólares que o Governo tinha, em junho, anunciado que iria receber durante a vigência dos contratos, de acordo com a agência de informação financeira Bloomberg.
Os projetos das companhias petrolíferas no norte do país têm o potencial de transformar a economia moçambicana, tornando o país, a par do Qatar, no maior exportador de gás natural do mundo.
O país, com um PIB atual de cerca de 15 mil milhões de dólares, tem estado em negociações com os credores da dívida pública e dos empréstimos escondidos para renegociar a dívida oculta, ao mesmo tempo que avalizou a participação da Empresa Nacional de Hidrocarbonetos nos consórcios, com um valor de 2,25 mil milhões de dólares.
Na semana passada, o Governo moçambicano aprovou o Plano de Desenvolvimento do projeto Rovuma LNG, liderado pelas petrolíferas Eni e Exxon Mobil, para explorar gás natural na zona Mamba da Área 4 ao largo da costa norte.
Trata-se do terceiro plano de exploração de gás, maioritariamente para exportação, aprovado para a bacia do Rovuma e que deverá catapultar o Produto Interno Bruto (PIB) moçambicano para novos máximos a partir da próxima década.
"A aprovação do plano de desenvolvimento marca mais um passo significativo para se chegar à Decisão Final de Investimento (DFI) e ao início da construção ao longo do corrente ano", disse o presidente da ExxonMobil Development Company, Liam Mallon.
O mesmo consórcio - Mozambique Rovuma Venture (MRV), que integra a portuguesa Galp - já tinha anunciado em 2017 a DFI para a zona Coral Sul da Área 4, onde o gás natural vai ser extraído através de uma plataforma flutuante a partir de 2022.
A diferença está nas quantidades: enquanto a plataforma vai fornecer 3,4 milhões de toneladas por ano (mtpa) de gás liquefeito, da zona Mamba vão sair em simultâneo cerca de 4,5 vezes mais, ou seja, 15 mtpa, previsivelmente a partir de 2024/25.
"Os contratos de compra e venda de 100% da capacidade das fábricas", que em conjunto rondam aquele valor, "foram submetidos ao Governo de Moçambique para aprovação", acrescenta o comunicado do consórcio divulgado na semana passada.
"A produção estimada do bloco da Área 4 irá gerar benefícios substanciais para Moçambique e para os parceiros" do consórcio, disse hoje Alessandro Puliti, administrador de Desenvolvimento, Operações e Tecnologia da Eni.
O plano de desenvolvimento "descreve o compromisso de formar, desenvolver e empregar força de trabalho nacional e disponibilizar gás para apoiar a industrialização de Moçambique", acrescenta.
Neste aspeto, durante a fase de produção, o projeto Rovuma LNG espera fornecer ao país cerca de 17.000 toneladas por ano de gás de petróleo liquefeito (GPL) a partir dos recursos da Área 4 - o que representa atualmente 50% das importações de GPL de Moçambique.
Esta contrapartida "irá melhorar drasticamente o acesso a energia", acrescenta o consórcio.
Os parceiros da Área 4 planeiam também distribuir cerca de 5.000 fogões a gás na área de Afungi, província de Cabo Delgado, onde está a ser construída a 'cidade do gás', onde vão ficar instaladas as fábricas e demais infraestruturas - para substituir a queima da lenha.
A Área 4 é operada pela MRV, uma 'joint venture' copropriedade da ExxonMobil, Eni e CNPC, que detém 70 por cento de interesse participativo no contrato de concessão para pesquisa e produção naquela área.
A Galp, KOGAS e a Empresa Nacional de Hidrocarbonetos de Moçambique detêm, cada uma, 10% de interesse participativo.
A ExxonMobil vai liderar a construção e operação das unidades de produção de gás natural liquefeito e infraestruturas relacionadas em nome da MRV, e a Eni vai liderar a construção e operação das infraestruturas 'upstream', ou seja, de extração do gás dos depósitos subterrâneos (jazidas), debaixo do fundo do mar, até à superfície, para depois ser conduzido até à fábrica.
"Este é o terceiro plano de desenvolvimento aprovado neste quinquénio para viabilizar a exploração sustentável das enormes reservas de gás natural descobertas na Bacia do Rovuma", disse então o ministro dos Recursos Minerais e Energia, Max Tonela.
Além dos dois investimentos de exploração de gás na Área 4 (plataforma flutuante na zona Coral Sul e furos na área Mamba), a petrolífera Anadarko lidera um projeto de exploração da Área 1 cuja decisão final de investimento vai ser anunciada a 18 de junho, em Maputo.
"Queremos que o empresariado moçambicano e os moçambicanos sejam os principais beneficiários", concluiu.
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