Cerimónia oficial realizou-se há pouco mais de duas semanas.
Os deputados do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), quarta força parlamentar, vão tomar posse na Assembleia da República, após boicotar a cerimónia oficial realizada há pouco mais de duas semanas, anunciou este domingo o presidente do partido.
"Os deputados do MDM eleitos para a AR vão tomar posse a partir de amanhã. Do nosso lado as condições estão criadas para a tomada de posse, aguardando só a confirmação pela parte da autoridade parlamentar da Assembleia da República", disse Lutero Simango, em conferência de imprensa.
A cerimónia oficial de tomada de posse dos deputados parlamentares ocorreu em 13 de janeiro, mas apenas participaram os representantes da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, 171 deputados) e do Partido Optimista para o Desenvolvimento de Moçambique (Podemos, 43 deputados). O MDM e a Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) boicotaram a cerimónia em contestação do processo eleitoral.
Além da pretensão de dizer "a todo o mundo" e aos moçambicanos que não reconhecia os resultados das eleições, o presidente do MDM afirma que o partido boicotou a tomada de posse dos deputados também em solidariedade aos mortos e detidos durante os protestos pós-eleitorais e para transmitir uma mensagem ao Governo sobre a necessidade de um "diálogo político nacional".
"Vamos tomar posse porque já cumprimos a nossa missão política estratégica", declarou Lutero Simango, garantindo que a bancada do MDM, que conta com oito deputados, fará "o máximo" para defender os interesses nacionais.
"Temos a fé, a confiança e a certeza de que a nossa bancada fará o máximo em defesa dos interesses nacionais, fará o máximo para que os moçambicanos tenham a verdadeira voz na defesa dos seus interesses e busca de soluções para os seus problemas", referiu o responsável.
Na sexta-feira, a Renamo, com 28 parlamentares, anunciou a tomada de posse dos seus deputados nos próximos dias, aguardando também o ofício para o efeito pelos serviços do parlamento.
Moçambique vive desde 21 de outubro um clima de forte agitação social, protestos, manifestações e paralisações, convocadas pelo ex-candidato presidencial Venâncio Mondlane, com confrontos violentos entre a polícia e os manifestantes, além de saques e destruição de equipamentos públicos e privados.
Venâncio Mondlane não reconhece os resultados proclamados das eleições gerais de 09 de outubro, que deram a vitória a Daniel Chapo, já empossado como quinto Presidente de Moçambique.
De acordo com a plataforma eleitoral Decide, organização não-governamental que monitoriza os processos eleitorais em Moçambique, nestes protestos há registo de pelo menos 315 mortos, incluindo cerca de duas dezenas de menores, e pelo menos 750 pessoas baleadas.
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