Um dos factores mais estudados – e menos compreendidos na Europa – em relação às eleições americanas é o peso das religiões.
Num país em que 85% das pessoas confessam que a religião é importante nas suas vidas e 72% acham que o seu presidente deve ter “fortes sentimentos religiosos”, compreende-se melhor a magnitude do factor religião e porque é que George Bush fala abertamente de ser um “born again christian”, um cristão reconvertido depois de anos de álcool, e John Kerry fala do seu catolicismo embora se defina à John Kennedy: “Serei um presidente católico, mas não um católico presidente”.
Nas primárias democráticas, Kerry disse mesmo recusar-se a falar das suas convicções religiosas, uma linha que mudou nesta luta directa pela presidência porque nenhum voto pode ser desbaratado. Os protestantes são mais do dobro dos católicos nos EUA, mas os católicos estão mais concentrados em estados que podem decidir as eleições.
Na Europa já se tem apresentado a religião como algo de onde Bush e os seus amigos podem partir para um estado religioso. Mas a verdade é que há quatro anos quatro milhões de evangélicos não votaram.
Este ano, os republicanos pensam que vão conseguir uma parte significativa destes votos.
Tem havido pressões de bispos e figuras católicas, sobretudo em Boston – origem de John Kerry – para que o candidato democrata seja punido por ser contra a proibição do aborto e do casamento homossexual e a favor de uma mais extensa investigação científica sobre as células estaminais, mas aparentemente o senador lidou bem com isso. Nunca renegou o seu eleitorado natural de gente mais liberal.
Há dias, num debate na CNN, o pastor Jerry Falwell, uma das figuras evangélicas da América, defendia que “a homossexualidade é um pecado, mas não maior do que outros pecados – e eu também sou um pecador – mas espero ter por mais quatro anos na Casa Branca alguém que é pró-vida”.
Já o senador negro Jesse Jackson, apoiante de Kerry, atirava com o facto de o candidato a vice-presidente Dick Cheney ter uma filha lésbica e não ser a favor da proibição do casamento homossexual. “Dick Cheney trabalha para o presidente, não é o presidente. Eu vou votar em Bush como 80 por cento dos evangélicos”, disse ainda Falwell. Na América não é proibido os padres e pastores darem indicações de voto e os republicanos têm gente a trabalhar, junto de muitas comunidades, pedindo isso mesmo – que do púlpito digam em quem se deve votar.
Há quem defenda, sobretudo na Europa, que Bush quer fundir o estado e a religião. Coisa que o actual presidente não fez nem é previsível que faça num sistema constitucional bem claro a esse respeito. Mas é um facto que muitos relatos dos comícios desta campanha mostram alguns dos seus apoiantes quase como seguidores de fé do que apenas... apoiantes. Mas John Kerry ainda no domingo esteve na Florida a participar num serviço protestante, como já o tinha feito na semana passada por várias vezes, falando do púlpito às pessoas que se encontravam na igreja. E voltando a falar dos seus valores. Kerry parece conseguir uma taxa de penetração muito grande (acima dos 50 por cento) nos católicos e isso, em estados como Ohio e Pensilvânia que podem decidir a eleição, é uma vantagem importante. Os católicos não são tão empenhados como os “born again”, mas podem ser decisivos.
CLINTON NA CAMPANHA
O antigo presidente Bill Clinton, convalescente e mais magro após a intervenção cirúrgica ao coração, juntou-se ontem, na Filadélfia, à campanha do democrata John Kerry. Clinton disse que tomou a decisão de participar porque a eleição é muito disputada.
KERRY É PERIGOSO
Longe de pôr fim às tensões entre os EUA e a Europa, uma administração democrata presidida por John Kerry pode mesmo agravar o problema. Quem o afirma é William Drozdiak, director do Centro Transatlântico do German Marshall Fund, lembrando que Kerry não pode largar o Iraque.
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