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"O PT cometeu muitos erros e ninguém é obrigado a aguentar": Lula da Silva 'descasca' o próprio partido

Presidente brasileiro elogia Marta Suplicy durante o evento de refiliação da ex-ministra.

03 de fevereiro de 2024 às 13:29

Num discurso particularmente duro contra o seu próprio Partido dos Trabalhadores (PT) e contra os seus seguidores mais radicais, o presidente brasileiro, Lula da Silva, afirmou que o PT "cometeu muitos erros e ninguém é obrigado a aguentar". Lula fez as ásperas críticas a discursar para mais de mil convidados durante o evento de refiliação da ex-autarca de São Paulo e ex-ministra Marta Suplicy, que volta ao PT depois de ter deixado a entidade há nove anos, manifestando nessa altura deceção e muitas críticas, principalmente ao próprio Lula, que agora se esquiva e atribui toda a culpa ao partido.

"O PT cometeu muitos erros, e ninguém é obrigado a aguentar a quantidade de erros que a gente comete. E você (dirigindo-se a Marta, a seu lado) num dado momento ficou zangada e saiu. A Marta ficou p*** comigo (ele usou o próprio palavrão, usado no Brasil como gíria de baixo calão para significar que a pessoa citada ficou realmente furiosa) porque ela queria que eu fosse candidato a presidente em 2014", declarou Lula, aludindo ao episódio em que a então presidente brasileira, Dilma Rousseff, também do PT, se recusou a dar a possibilidade de Lula se candidatar e insistiu em ser ela própria candidata à reeleição, sendo eleita mas perdendo o cargo dois anos depois, em 2016, ao ser destituída pelo Congresso.

No seu discurso, em que não poupou elogios a Marta Suplicy - que parte da militância do PT não suporta porque vem de uma família aristocrática muito rica e, em 2016, votou a favor da queda de Dilma -, Lula apontou o próprio partido como o grande culpado pela rutura com a ex-autarca. E criticou igualmente a própria militância e os seus seguidores do PT e de outros partidos de esquerda, que vivem numa espécie de bolha progressista e se recusam a dialogar com quem pensa de forma diferente, principalmente com os também radicais seguidores de Jair Bolsonaro.

"Nós precisamos de parar de falar só de nós connoso. Nós precisamos de falar com os outros para os outros. E cada petista [apoiante do PT], cada militante, tem a obrigação de se levantar lá na sua vila e mapear quem é que não vota no PT, quem é que não gosta do PT, e ir lá conversar com essa pessoa e não ficar falando somente com quem já gosta", criticou Lula, especificando em seguida que essa orientação, de os militantes do partido dialogarem com quem pensa diferente, inclui evangélicos, uma importante fatia da população brasileira maioritariamente contrária a Lula, e até com quem é seguidor do ex-presidente Bolsonaro, maior adversário de Lula e do PT.

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