Moçambique é considerado um dos países mais severamente afetados pelas alterações climáticas globais.
As Nações Unidas chamaram a atenção para a "cascata implacável de emergências" que Moçambique enfrentou nos últimos meses, uma causada pelos choques climáticos, ressurgimento de surtos de doenças mortais e agravamento do conflito armado no norte do país.
O Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) divulgou um relatório em que situa Moçambique numa "encruzilhada de múltiplas crises convergentes", onde as consequências de ações "tardias ou insuficientes" são medidas "não só em termos financeiros, mas também em vidas humanas e em dignidade".
"Nos últimos meses, o país enfrentou uma cascata implacável de emergências --- agravamento do conflito no norte, choques climáticos recorrentes e intensificados (incluindo ciclones e secas) e o ressurgimento de surtos de doenças mortais --- tudo isto no meio de uma persistente escassez de financiamento humanitário", refere o documento.
Sobre o conflito no norte de Moçambique, na província de Cabo Delgado, ativo desde 2017, o OCHA avança que maio atingiu o nível mais elevado de incidentes de segurança e violência que afetam civis, desde 2022, e os ataques de grupos armados têm ocorrido em áreas geográficas "maiores" , "deslocando-se para mais perto das estradas principais, interrompendo o movimento e a ajuda humanitária".
"Desde janeiro, a violência e a insegurança contínuas deslocaram mais de 95.000 pessoas, muitas das quais ainda vivem em condições precárias, com acesso limitado aos serviços básicos e à proteção. Mais de 700.000 retornados regressaram aos seus locais de origem, mas são ainda considerados necessitados de assistência humanitária urgente", explica o documento.
Moçambique ressente-se também dos efeitos de uma seca prolongada induzida pelo `El Niño´, que resultou em 4,89 milhões de pessoas registadas em fase de crise alimentar "ou pior", incluindo cerca de 912.000 em emergência, descreve.
"A seca levou mais de 140.000 crianças à subnutrição aguda e obrigou as famílias a adotarem estratégias extremas, incluindo o casamento infantil e o sexo para a sobrevivência", acrescenta o texto da agência da ONU.
De acordo com o OCHA, com a passagem dos três ciclones em Moçambique, entre dezembro e março, foi agravada a já prolongada crise humanitária do país.
"Moçambique enfrenta um grande surto de cólera (...), agravado pelos ciclones recentes e pelas infraestruturas deficientes (...). Em julho, o país confirmou também os seus primeiros casos de cólera", avança o gabinete.
A agência da ONU pontua que as mulheres e raparigas continuam a suportar o peso da crise humanitária no país, quando os conflitos e as deslocações aumentaram "drasticamente" os riscos de violência de género (VBG), "incluindo violência sexual relacionada com conflitos, sendo que até 75% dos serviços de prevenção da VBG, a saúde mental e a saúde reprodutiva estão interrompidas".
"Em julho, o Plano de Resposta e Necessidades Humanitárias (HNRP), que procura doações de 352 milhões de dólares [304,8 milhões de euros], estava com apenas 19% de financiamento, tendo recebido 66 milhões de dólares [57,1 milhões de euros]", explica o OCHA, acrescentando que o financiamento "urgente e sustentado" é essencial para evitar uma maior deterioração e para atender às crescentes necessidades humanitárias que permanecem "tão agudas e generalizadas como antes".
Moçambique é considerado um dos países mais severamente afetados pelas alterações climáticas globais, enfrentando ciclicamente cheias e ciclones tropicais durante a época chuvosa, que decorre entre outubro e abril, contando com mais de 1,2 milhões de deslocados internos e 26 mil refugiados devido ao clima e aos conflitos.
Pelo menos 349 pessoas morreram em ataques de grupos extremistas islâmicos no norte de Moçambique em 2024, um aumento de 36% face ao ano anterior, segundo um estudo divulgado em fevereiro pelo Centro de Estudos Estratégicos de África.
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