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Pelo menos 11 empresas encerradas temporariamente devido a vandalismo em Moçambique

Empresários apelaram a "melhorias na comunicação" por parte do Governo para evitar o "caos" que já resultou em mortes e feridos.

12 de novembro de 2024 às 19:16

Pelo menos 11 empresas encerraram temporariamente devido às vandalizações durante as manifestações e paralisações convocadas pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane, anunciaram esta terça-feira empresários moçambicanos, pedindo ao Governo "melhorias na comunicação" para evitar "o caos".

"Temos um conjunto de 11 empresas, na sua maioria na cidade de Maputo (...) Até ao momento, iniciativas de encerramento definitivo não temos registos, todos que testemunhamos tem a ver com reposição do funcionamento das infraestruturas", disse o presidente da Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA).

Moçambique, e sobretudo Maputo, a capital, viveram paralisações de atividades e manifestações convocadas desde 21 de outubro por Venâncio Mondlane, que não reconhece os resultados das eleições gerais anunciados pela Comissão Nacional de Eleições, que dão vitória à Daniel Chapo e à Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, partido no poder).

As manifestações, maioritariamente violentas, deixaram um rastro de destruição em Maputo, com registo de mortos, feridos, detidos, infraestruturas destruídas e estabelecimentos comerciais saqueados, sobretudo em 07 de novembro.

Em declarações à comunicação social, Vuma referiu especificamente que a cadeia sul-africana de supermercados Shoprite encerrou temporariamente espaços comerciais em Maputo, devido às manifestações pós-eleitorais, que em 07 de novembro levaram ao saque e vandalização de duas lojas, na capital.

"A Shoprite encerrou as atividades temporariamente para fazer a reposição. Como sabem, as pessoas que vandalizaram não usaram a porta e nem a chave. Quebraram vidros, portas...", explicou Vuma.

Face aos casos de vandalizações de infraestruturas estatais e privadas, o CTA pediu ao Governo para "fazer o acompanhamento" de casos em que se reporta um suposto envolvimento das autoridades policiais.

Referindo-se às imagens postas a circular em que aparecem membros da polícia moçambicana supostamente com produtos de saque durante as manifestações, Vuma afirmou: "a nossa preocupação é que a informação para todos nós é ouro e se efetivamente circula um vídeo que exibe saque e está ligado às unidades que nos devem proteger. Então a nossa preocupação é maior quando não há comunicação das autoridades a desmentir esses feitos".

O presidente da Confederação assinalou que deve haver a preocupação de melhorar a comunicação sobre aspetos de segurança "para não semear mais o caos e assustar os nossos colegas investidores estrangeiros", referindo que tem havido "oportunistas" durante as marchas e manifestações.

O Presidente moçambicano disse em 08 de novembro que a ação policial, contendo as manifestações que eclodiram em Maputo na quinta-feira, evitou outras ações de pilhagem na cidade, como aconteceu no centro comercial da rede sul-africana Shoprite, que visitou.

"Vim aqui ver este espetáculo. É aqui onde a mensagem da violência se reflete. Pode-se querer desviar a mensagem ao mundo inteiro, mas isto aconteceu", afirmou Filipe Nyusi, aos jornalistas, depois de visitar o centro comercial do grupo de supermercados sul-africano.

O candidato presidencial Venâncio Mondlane apelou segunda-feira a um novo período de manifestações nacionais em Moçambique, durante três dias, a partir de quarta-feira, em todas as capitais provinciais, contestando o processo eleitoral.

Mondlane tinha antes convocado paralisações nos dias 21, 24 e 25 de outubro, que se seguiram outras de sete dias, desde 31 de outubro, com protestos nacionais e uma manifestação concentrada em Maputo, a 07 de novembro, que provocou o caos na capital, com diversas barricadas, pneus em chamas e disparos de tiros e gás lacrimogéneo pela polícia, durante todo o dia.

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