Guardia Civil deteve 14 elementos do governo regional envolvidos na organização do referendo independentista.
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A Guardia Civil deteve 14 pessoas, entre as quais altos cargos do governo autónomo da Catalunha, e está a proceder a buscas nos departamentos de Economia, Exterior, Trabalho e Governação no quadro das investigações sobre o referendo independentista.
Fontes judiciais ligadas à investigação, denominada "Anubis" (o deus grego dos mortos e moribundos) disseram à EFE que entre os detidos encontram-se o número dois da conselheira para a Economia, Josep Maria Jové, o secretário das Finanças, Josep Lluís Salvadó, Josué Sallent Rivas, responsável pelo Centro de Telecomunicações e Tecnologias de Informação (CCTI) e Xavir Puig Farré, do Gabinete dos Assuntos Sociais.
Outros detidos são Paul Furriol e Mercedes Martínez (ambos relacionados com o aluguer de um armazém onde supostamente se encontra 'material eleitoral'), David Franco Martos (CCTI), David Palancad Serrano, do Gabinete de Assuntos Externos e Juan Manuel Gómez, do gabinete do Departamento de Economia e Finanças.
Em Madrid foi detida Rosa María Rodríguez Curto, diretora da Generalitat (governo autónomo), responsável pelo setor informático e que foi conduzida ao Comando da Guarda Civil, na capital espanhola.
As autoridades espanholas estão a proceder a buscas em 22 locais. Fontes ligadas à investigação disseram à EFE que o número de detenções pode vir a ascender a 17.
Utilizando um grande dispositivo, a Guardia Civil entrou esta manhã na sede do Departamento de Assuntos Externos, que funciona na residência oficial do presidente da região autónoma da Catalunha.
A polícia está igualmente no Departamento de Trabalho e Assuntos Sociais, no Consórcio da Admnistración Abierta, entidade encarregada de facilitar as ferramentas tecnológicas públicas e no CTTI.
Os agentes estão também na residência particular de Joan Ignasi Sanchéz, assessor de Meritexell Borrás, do Departamento de Governação.
Alvo da atenção das autoridades está também a empresa T-Systems, que proporcionou apoio logístico na última consulta na Catalunha e que atualmente tem contratos com a Generalitat, assim como a fundação privada PuntCat, dedicada à gestão de páginas na internet.
Milhares saem à rua em Barcelona
As ruas de Barcelona encheram-se esta quarta-feira de milhare de pessoas que se manifestaram em defesa do referendo pró-independência da Catalunha, Espanha, e em protesto contra a detenção de 14 pessoas alegadamente envolvidas na preparação do processo da consulta popular.
De acordo com a agência Associated Press, houve registo de protestos também noutras cidades da Catalunha e em Madrid, mas a maior concentração ocorreu esta noite em Barcelona junto de vários ministérios do governo catalão (Generalita), nomeadamente da Economia.
Cerca das 22h00, os habitantes de Barcelona fizeram ainda um protesto sonoro com tachos e panelas também contra as detenções de hoje, noticiou a agência Efe.
A operação da polícia espanhola incluiu a revista de uma série de edifícios do Governo regional, a detenção de 14 pessoas e a apreensão de cerca de 10 milhões de boletins de voto, destinados ao referendo marcado para 01 de outubro.
O presidente da Generalitat, Carles Puigdemont, acusou Madrid de atuar com uma "atitude totalitária" e assegurou que irá manter os preparativos do referendo de autodeterminação.
Por seu lado, o chefe do Governo espanhol, Mariano Rajoy, justificou a ação da polícia com a aplicação das leis e o Estado de direito.
Estes acontecimentos são o último episódio da tensão crescente entre Madrid e os separatistas da Catalunha.
O Tribunal Constitucional espanhol suspendeu no início do mês, como medida cautelar, todas as leis regionais aprovadas pelo Parlamento e pelo Governo da Catalunha que davam cobertura legal ao referendo de autodeterminação convocado para 01 de outubro próximo.
Os partidos separatistas têm uma maioria de deputados no parlamento regional da Catalunha desde setembro de 2015, o que lhes deu a força necessária, em 2016, para declararem que iriam organizar este ano um referendo sobre a independência, mesmo sem o acordo de Madrid.
Os independentistas defendem que cabe apenas aos catalães a decisão sobre a permanência da região em Espanha, enquanto Madrid se apoia na Constituição do país para insistir que a decisão sobre uma eventual divisão do país tem de ser tomada pela totalidade dos espanhóis.
O conflito entre Madrid e a região mais rica de Espanha, com um PIB superior ao de Portugal, com cerca de 7,5 milhões de habitantes e uma língua e culturas próprias, arrasta-se há várias décadas.
O presidente da Generalitat, Carles Puigdemont, convocou para a manhã desta terça-feira uma reunião dos membros do governo autónomo para preparação de uma resposta às atuações da Guardia Civil.
Os movimentos independentistas suspenderam os atos políticos que estavam agendados para hoje.
Encontrados 10 milhões de boletins de voto para o referendo
Dez milhões de boletins de voto para o referendo de 1 de outubro foram apreendidos esta quarta-feira pelas autoridades espanholas. Fonte policial garantiu ao jornal El País que as autoridades acreditam que os milhões de folhas encontradas representam a totalidade dos boletins já feitos pelo governo catalão ao preparar o sufrágio.
Presidente do governo basco critica autoridades
O presidente do governo basco, Iñigo Urkullu, criticou o Governo espanhol pelo caso das detenções que foram hoje realizadas de altos funcionários da administração da Catalunha.
O "lehendakari" questionou hoje, em San Sebastián, "como os poderes do Estado querem apagar o suposto fogo colocando mais lenha ou gasolina" na fogueira, que está instalada com a tentativa da Catalunha tornar-se independente do resto de Espanha.
"Não consigo entender", declarou ainda Urkullu.
O presidente do Governo basco fez estas declarações aos jornalistas depois da inauguração da nova sede da empresa tecnológica Graphenea, no Parque Tecnológico de Gipuzkoa.
"Não consigo entender como uma situação que precisa de um reconhecimento da realidade, que exige diálogo e negociação para encontrar um acordo, está indo nas mãos de quem está indo", ressaltou.
Urkullu afirmou que "os poderes do Estado são os que estão levando isso a um ponto sem retorno".
Nessa situação, o responsável basco reivindicou "a necessidade de reconhecimento do compromisso de diálogo, de negociação e de acordo".
"Parece muito perturbador, para mim, que tudo isso seja rejeitado e ver como ontem (terça-feira) na Câmara dos Deputados rejeitava-se a possibilidade da via do diálogo", insistiu.
Por esta razão, Urkullu apelou "urgentemente a retomada pelas partes das rédeas desta situação", o que, segundo o presidente basco, "necessita de um aprofundamento no âmbito de convivência".
"Do país basco, mostro a nossa disposição na medida em que está em nossas mãos retomarmos os canais do diálogo e da negociação num espírito de acordo e convivência a partir do reconhecimento das realidades", concluiu Iñigo Urkullu.
O ex-primeiro-ministro espanhol, Felipe González, mostrou-se também "preocupado" com a situação na Catalunha, mas disse que não irá pronunciar-se sobre o assunto agora porque ainda há "muita confusão".
Governo espanhol "converteu-se numa vergonha democrática"
O presidente do governo regional da Catalunha, Carles Puigdemont, acusou o Governo espanhol de "suspender de facto" a autonomia da Catalunha e "aplicar um estado de exceção". "Converteu-se numa vergonha democrática", disse, ao apelar aos catalães para responderem com "firmeza e serenidade".
Puigdemont compareceu no palácio do executivo regional, rodeado dos seus conselheiros, para ler em tom solene uma declaração institucional, no dia em que foram detidos vários altos funcionários do Governo da Catalunha.
FC Barcelona emite comunicado sobre "situação política"
O clube partilhou nas redes sociais, ao final da manhã desta quarta-feira, um comunicado em que aborda "o que tem acontecido nos últimos dias, especialmente hoje, em relação à situação política que se vive na Catalunha".
Sobre o assunto, o clube diz que será "fiel ao seu compromisso histórico com a defesa da nação, da democracia, da liberdade de expressão e do direito de decidir", condenado "qualquer ação que possa impedir o exercício de pessoas, entidades e instituições que trabalham para garantir os seus direitos".
"O FC Barcelona tem o máximo respeito pela pluralidade da sua massa social e continuará a apoiar a vontade da maioria do povo da Catalunha, expressa sempre de uma maneira cívica, pacífica e exemplar", é dito.
Membro do Governo catalão deposita cravo vermelho no carro da Guardia Civil— FC Barcelona (@FCBarcelona) September 20, 2017
A conselheira do governo catalão para o trabalho e os assuntos sociais, Dolors Bassa, deixou um cravo vermelho em cima de um dos carros da Guardia Civil perto da entrada de um dos departamentos que estavam, esta quarta-feira, a ser investigados pelas autoridades. "Toda a equipa está a trabalhar em nome do compromisso democrático. O Governo continua com firmeza a trabalhar para defender a liberdade de expressão", disse.
O momento foi captado em vídeo e foto e partilhado nas redes sociais.
Governo espanhol justifica prisões com aplicação das leis
O chefe do Governo espanhol, Mariano Rajoy, justificou com a aplicação das leis e o estado de direito as detenções realizadas hoje na Catalunha numa operação para contrariar o referendo de 01 de outubro considerado ilegal.
"Qualquer democrata, [...], tem a obrigação de respeitar o que diga um dos três poderes do Estado", disse Mariano Rajoy no Parlamento espanhol em resposta a uma pergunta feita pelo deputado separatista catalão da ERC (Esquerda Republicana Catalã).
Gabriel Rufián aproveitou o período de perguntas ao Governo para lançar acusações duras ao chefe do Governo: "Peço-lhe e exijo que tire as suas mãos sujas das instituições catalãs", disse.
Coligação separatista basca apela à mobilização contra "assalto" policial na Catalunha
O coordenador geral do partido separatista espanhol EH Bildu apelou hoje à sociedade basca para que se mobilize perante o "assalto" de "tropas da Guardia Civil" hoje de manhã "ao Palácio da Generalitat", sede do Governo catalão.
O coordenador geral do Euskal Herria Bildu (EH Bildu), Arnaldo Otegui, reuniu-se hoje "de urgência" com seis dirigentes da coligação nacionalista, na capital do País Basco, Vitória, devido à "grave" situação que se vive na Catalunha.
O dirigente independentista condenou que "tropas da Guardia Civil, chegadas por mar", tenham "assaltado o Palácio da Generalitat", uma operação policial para impedir o referendo de 01 de outubro.
"Não existe Estado democrático no Estado espanhol" nem "um interlocutor democrático" com quem discutir o processo de soberania catalão, sustentou Otegui, que considerou que o Partido Nacionalista Basco "não pode continuar nem mais um minuto a apoiar este Governo antidemocrático" que "está disposto a usar a força para impedir que os catalães" decidam o seu futuro.
"Exigimos-lhes que o corrijam e que o façam urgentemente, já, porque senão, serão cúmplices" do que está a acontecer, acrescentou.
Perante a atual situação, o líder do EH Bildu defendeu "a mobilização popular" que, no seu entender, "será a chave" dos acontecimentos nos próximos dias.
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