Ex-candidato moçambicano prestou, esta sexta-feira, na procuradoria, no âmbito dos processos sobre as manifestações pós-eleitorais.
A polícia lançou esta sexta-feira gás lacrimogéneo no centro de Maputo para dispersar apoiantes de Venâncio Mondlane que seguiam a caravana do ex-candidato presidencial, após prestar declarações na procuradoria, no âmbito dos processos sobre as manifestações pós-eleitorais.
A intervenção da polícia moçambicana aconteceu na avenida da Guerra Popular, no centro de Maputo, cerca das 11:20 (10:20 em Lisboa), depois de o político ter iniciado uma caravana pela cidade, em cima da viatura que o transportava, ao sair da Procuradoria-Geral da República (PGR), após ter sido ouvido durante cerca de duas horas.
Pelas ruas da capital voltaram a ouvir-se gritos de "Salvem Moçambique, este país é nosso", como aconteceu durante a campanha eleitoral de Venâncio Mondlane e nas manifestações que se seguiram às eleições gerais de 09 de outubro, com apoiantes a empunharem cartazes de apoio, bem como a bandeira nacional, gritando "Anamalala" (acabou, em língua nacional, e nome do partido que está a legalizar).
Ao forte apoio popular nas ruas, Venâncio Mondlane acenava, na sua primeira aparição pública no centro da capital desde o regresso ao país em janeiro, tendo a polícia disparado gás lacrimogéneo após um percurso de cerca de 20 minutos, com o trânsito fortemente congestionado à sua passagem, face à multidão que o seguia.
A segurança de Venâncio Mondlane retirou-o do tejadilho da viatura, mas pouco depois o político voltou ao exterior e continuou a marcha, que desmobilizou após alguns minutos, sem mais incidentes.
Mais de duas horas antes, à entrada da PGR, Venâncio Mondlane disse que já é visado em mais de 30 processos judiciais no âmbito das manifestações pós-eleitorais.
"Eu perdi a conta, não é? Porque penso que são um pouco mais de 30. Então, não tenho muita certeza. São tantos, já não tenho certeza", disse o ex-candidato presidencial, questionado à chegada à PGR, em Maputo, sob forte aparato policial, para voltar a ser ouvido.
"Encaro como uma necessidade muito ardente da PGR tentar olhar para o problema que ocorreu no período eleitoral e pós-eleitoral de uma maneira unilateral. Quer dizer, uma tentativa de tentar desesperadamente reunir provas a propósito e a despropósito para tentar gravitar toda a questão da crise pós-eleitoral no Venâncio, quando nós sabemos que esta é uma questão multifacetada, que isso envolve os órgãos de justiça, órgãos eleitorais, envolve a própria polícia, que cometeu atrocidades de todo o género", afirmou.
Disse ainda que a PGR, "como guardiã da legalidade" e se "quisesse cumprir com esse papel", teria que analisar tudo o que aconteceu durante os vários meses de agitação social e contestação ao processo em torno das eleições gerais de 09 de outubro, em que morreram cerca de 400 pessoas, além de elevada destruição em todo o país.
"Mas nós, até este momento, não temos notícias com evidências das Forças de Defesa da Segurança e dos seus oficiais que tenham sido também processados, ouvidos e interrogados neste processo", criticou o ex-candidato presidencial, que não reconhece os resultados eleitorais.
Hoje, Mondlane voltou à PGR para ser ouvido, depois de em 11 de março ter estado no mesmo local a prestar declarações durante mais de 10 horas, saindo com Termo de Identidade e Residência, processo em que é visado por incitação à violência nas manifestações pós-eleitorais.
Várias avenidas e ruas do centro de Maputo, na envolvente da PGR estiveram esta manhã cortadas ao trânsito, com um forte reforço policial, várias horas antes da chegada esperada de Venâncio Mondlane para ser ouvido.
A Lusa constatou que, desde as primeiras horas da manhã, a circulação em várias artérias envolventes e que dão acesso à avenida Vladimir Lenine, sede da PGR, está cortada, com a presença de dezenas de elementos da Unidade de Intervenção Rápida (UIR), da polícia, fortemente armados.
"Este aparato, quer dizer, é incrível, não é? o tipo de honra que me têm dado, é uma coisa impressionante, não é? Sempre tenho este privilégio de ter uma proteção policial fora do comum, não é? Mesmo a escolta presidencial, falo da presidencial da UIR, nunca teve um privilégio de tamanha dimensão", comentou Venâncio Mondlane.
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