Disparos foram efetuados por um grupo não identificado. Populares suspeitam que se trate do mesmo grupo que esta semana matou quatro pessoas na vila sede distrital de Mocímboa da Praia.
A população da vila sede distrital de Palma, em Cabo Delgado, relatou esta terça-feira disparos, de origem desconhecida, numa altura de recrudescência de ataques por grupos extremistas naquela província do norte de Moçambique, rica em gás.
Segundo fontes locais, os disparos aconteceram na noite de segunda-feira, após as 22:00 (21:00 em Lisboa), prolongando-se por uma hora, efetuados por um grupo não identificado.
"À noite houve disparos na zona e não sabemos porquê", relatou uma fonte a partir de Palma, sem confirmar o registo de feridos ou mortos, mas avançando que a situação levou à fuga da população das zonas periféricas para o centro da vila, enquanto pediam ajuda.
"Recebi três ligações de conhecidos a pedirem ajuda, porque os disparos estavam mesmo a acontecer na zona deles", disse a mesma fonte.
Os populares suspeitam que se trate do mesmo grupo que esta semana matou quatro pessoas na vila sede distrital de Mocímboa da Praia: "Temos medo, se calhar são os mesmos", acrescentou.
A situação levou à intervenção na zona de militares ruandeses, que têm uma posição na vila de Palma, enquanto alguns populares têm partido para Mueda, receando novos ataques.
"As pessoas estão a sair da vila, ainda que de forma tímida", adiantou a mesma fonte.
O administrador de Mocímboa da Praia, Sérgio Cipriano, assumiu na segunda-feira a preocupação local com o aumento da insegurança naquele distrito após novo ataque, no domingo, com quatro mortos.
"A nossa maior preocupação é mesmo com o aumento da insegurança. Neste momento, a vida está a fluir, mas não com muito sorriso (...). Há alguma preocupação, alguma angústia e sobretudo na camada dos funcionários, mas estamos a trabalhar", disse Sérgio Cipriano, citado pela comunicação social local.
As quatro pessoas foram mortas no mesmo local onde há quase duas semanas outras cinco foram assassinadas, disseram esta terça-feira à Lusa fontes locais.
Segundo o administrador distrital, o grupo de rebeldes entrou ao início da madrugada no bairro municipal Filipe Nyusi, arredores da vila de Mocímboa da Praia, tendo ainda raptado um colaborador moçambicano de uma Organização Não-Governamental, pelo qual estão a exigir o pagamento de um resgate.
O total de deslocados pelos recentes ataques de grupos extremistas no norte de Moçambique subiu para 5.770, até à semana passada, em três distritos de Cabo Delgado, segundo a Organização Internacional para as Migrações (OIM).
De acordo com um relatório da OIM, com dados até 15 de setembro, esta "escalada" de ataques e "aumento de medo e violência" registou-se entre 25 de agosto e 11 de setembro nos distritos de Muidumbe, Mocímboa da Praia e Montepuez.
Acrescenta que esta nova vaga de insegurança levou ao "deslocamento de aproximadamente 5.770 pessoas", equivalente a 1.471 famílias, incluindo 3.271 pessoas de Mocímboa da Praia, 2.230 que "fugiram de várias localidades no distrito de Muidumbe" e 269 do distrito de Montepuez.
No final de julho, os ataques no sul da província de Cabo Delgado já tinham provocado mais de 57 mil deslocados no distrito de Chiúre, segundo um relatório anterior da OIM.
A província de Cabo Delgado regista um recrudescimento de ataques de grupos rebeldes desde julho, tendo sido alvos os distritos de Chiúre, Muidumbe, Quissanga, Ancuabe, Meluco e mais recentemente Mocímboa da Praia.
Só em 2024, pelo menos 349 pessoas morreram em ataques, no norte de Moçambique, a maioria reivindicados pelo grupo extremista Estado Islâmico, um aumento de 36% face ao ano anterior, segundo um estudo divulgado pelo Centro de Estudos Estratégicos de África (ACSS), uma instituição académica do Departamento de Defesa do Governo norte-americano.
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