Julgamento, presidido pelo juiz Melbourne Inman, está previsto durar entre três e quatro semanas.
A portuguesa Claudia Patatas começou esta terça-feira a ser julgada num tribunal britânico, acusada de pertencer clandestinamente a uma organização terrorista que defende a supremacia branca, mesmo depois de ter sido proscrita em 2016.
Patatas, de 38 anos, está no banco dos réus do tribunal criminal de Birmingham juntamente com outros dois britânicos, o companheiro, Adam Thomas, de 22 anos, e Daniel Bogunovic, de 27 anos, por alegadamente pertencer ao grupo neonazi Ação Nacional [National Action].
A portuguesa é acusada de fazer parte de uma "pequena célula de fanáticos" que advogava uma "Jihad branca" e cujas opiniões e ações iam "para além do insulto racial ocasional".
O grupo, segundo o procurador público Barnaby Jameson, classificava como "sub-humanos" aqueles que não se enquadrariam no ideal da supremacia branca, nomeadamente negros, judeus, asiáticos, homossexuais, comunistas e feministas.
"O culto em questão tinha um rancor particular contra as mulheres deputadas do partido Trabalhista vistas como simpáticas aos migrantes", adiantou.
Patatas, Thomas e Bogunovic são acusados de pertencerem à Ação Nacional depois de esta ter sido proscrita por ser considerada "uma organização racista, antissemita e homofóbica que suscita o ódio, glorifica a violência e promove uma ideologia vil" devido ao material que disseminava na Internet, nomeadamente nas redes sociais, com imagens e linguagem violentas e apelos a atos de terrorismo.
No âmbito da lei sobre o terrorismo de 2000 [Terrorism Act], os seus membros ou apoiantes podem ser condenados até 10 anos de prisão.
A acusação argumenta que a Ação Nacional celebrava as suásticas iguais às usadas pelo partido nazi de Adolf Hitler e as cruzes em chamas do grupo racista norte-americano Ku Klux Klan.
"Este caso é sobre o que aconteceu antes de a Ação Nacional ser proscrita e o que aconteceu depois. A diferença entre 'antes' e 'depois' é que qualquer pessoa que se prove membro de um grupo terrorista proscrito comete uma ofensa criminal. Outros grupos terroristas proscritos incluem o IRA [Exército Republicano Irlandês] e o Estado Islâmico", vincou Jameson.
A acusação afirma que, depois de ter sido proscrita, a Ação Nacional foi reconfigurada e adotou outros nomes como "Triple K Mafia" ou "Soldiers of Moonman" [Soldados de Moonman] para "retomar a luta da supremacia ariana violenta clandestinamente" e que os réus eram membros, antes e depois.
Além dos crimes de ódio cometidos, o procurador afirmou que os membros do grupo estavam "preparados para espalhar o terror", tendo acumulado armas, como espingardas, facas, picadores de gelo, bestas ou machetes.
Adam Thomas, o companheiro de Claudia Patatas com quem a portuguesa tem um filho, com menos de um ano de idade, tinha ainda no seu computador instruções sobre como fazer dispositivos explosivos, pelo que também é acusado de possuir um documento com conteúdo terrorista que pudesse ser útil a alguém que quisesse cometer um ato terrorista.
"Em resumo, o caso é sobre um grupo que, nas próprias palavras de um membro condenado, trocou uma pele por outra. Quando a Ação Nacional foi proscrita, ela simplesmente recebeu outro nome e continuou nas sombras", sintetizou o procurador.
Patatas, Thomas e Bogunovic declararam-se inocentes das acusações, enquanto Nathan Pryke, 27 anos, Darren Fletcher, 28, e Joel Wilmore, 24, igualmente detidos na operação policial em 03 de janeiro, declararam-se culpados, aguardando a sentença.
O julgamento, presidido pelo juiz Melbourne Inman, está previsto durar entre três e quatro semanas.
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