Nova manifestação dos ‘coletes amarelos’ marcada para o próximo sábado, em Paris, assusta famílias lusodescendentes.
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O pior ainda está para vir. A violência deste sábado não foi nada." As palavras são de Luís Lemos, emigrante português natural do Funchal. Há já 50 anos que vive em Paris e, ao CM, garante nunca ter visto nada semelhante aos desacatos ocorridos nas manifestações deste sábado. "Isto mais parecia um cenário de combate. Não há outra definição para aquilo que vi. Foi uma autêntica guerra, mas atenção: na próxima semana vai piorar", lamentou o empresário de 65 anos.
Este domingo de manhã, o cheiro a queimado mantinha-se na Avenue Kléber, uma das mais afetadas pelos desacatos violentos. As carcaças fumegantes dos carros carbonizados ainda jaziam nas ruas. Raras eram as montras que não estavam estilhaçadas e as lojas que não tinham sido pilhadas.
É nesta rua que se encontra o restaurante de Lucie Amaral, de 35 anos. É um conhecido ponto de encontro de emigrantes portugueses em Paris e também ele não escapou à ira dos ‘coletes amarelos’. As montras do espaço voltaram a ser estilhaçadas. Foi a segunda vez em 15 dias. Lucie não pode novamente abrir o restaurante. "Há duas semanas fui obrigada a pôr vidros novos. Esta semana não o vou fazer. Não vale a pena. Sei que no próximo sábado vão voltar a partir o meu restaurante", explicou ao CM a emigrante natural de Viseu.
Em mais de 30 anos, Lucie garante nunca ter visto um clima de terror tão grande em Paris. "Já não me importo com os prejuízos no restaurante. Já só temo pela segurança dos meus filhos. Isto está a piorar e tenho medo por eles", assumiu Lucie.
José Monteiro é motorista há 40 anos na capital francesa. Conhece a cidade como a palma da mão e diz já ter visto um pouco de tudo. A violência à qual assistiu neste protesto foi uma novidade. "As granadas de dispersão passaram-me diante dos olhos. Custou-me respirar e abrir os olhos. Fui imediatamente guardar o táxi numa garagem. O meu carro podia ser o próximo a ser incinerado", assumiu o emigrante de 60 anos, natural da Guarda.
José espera agora que o governo francês mobilize o exército para as ruas nos protestos do próximo sábado. "Só isso poderá impedir o pior. Caso contrário, o caos será como nunca vimos", lamentou ao CM
Manifestantes vão ser recebidos
Um dia depois da mais grave jornada de violência desde o início dos protestos dos ‘coletes amarelos’, há cerca de tês semanas, o presidente francês, Emmanuel Macron, pediu este domingo ao primeiro-ministro, Édouard Philippe, que receba "os chefes dos partidos representados no Parlamento e os representantes dos manifestantes", segundo nota oficial do Palácio do Eliseu.
A decisão foi comunicada após reunião de emergência mantida por Macron com o governo, na qual o chefe de Estado defendeu igualmente a necessidade de uma reflexão "por parte do ministro do Interior para adaptar o dispositivo de manutenção da ordem pública" aos riscos de novos protestos nas próximas semanas.
Na gaveta ficou, para já, a declaração do estado de emergência, pedida na véspera pelo principal sindicato dos polícias, ante a violência sem precedentes dos protestos que semearam o caos e a destruição no centro de Paris. Apesar de tudo, o ministro do Interior, Christophe Castaner, considerou que esse recurso não está descartado, pois é preciso "estar pronto para encarar todas as possibilidades".
DEPOIMENTOS
Luís Lemos empresário de 65 anos, do Funchal
"Isto mais parecia um cenário de combate"
Ficou apreensivo com o que viu, pois "mais parecia um cenário de combate". Apesar de nunca ter visto nada tão grave em Paris pensa que "o pior ainda está para vir".
José Monteiro taxista de 60 anos, há 40 em Paris
"As granadas passaram-me diante dos olhos"
Motorista de táxi há 40 anos em Paris nunca viu nada como os protestos de sábado. "As granadas passaram-me diante dos olhos." Defende que o exército deve ir para as ruas.
Reforço para julgar 378 detidos
Quinze magistrados vão ser convocados a partir desta segunda-feira para um dispositivo de emergência encarregado de avaliar os casos dos 378 detidos nos desacatos de sábado, entre os quais há cerca de 40 menores. Entre os detidos há vários com antecedentes criminais.
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