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"Quem decide se povo vive em democracia ou ditadura são as forças armadas", ameaça Bolsonaro

Presidente brasileiro discursou desprezando claramente a expressão popular através das urnas.

18 de janeiro de 2021 às 16:50

No que foi entendido como mais uma ameaça à Democracia, o que costuma fazer quando se sente encurralado, o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, afirmou que são os militares que decidem se um povo vai viver em democracia ou em ditadura, desprezando claramente a expressão popular através das urnas. Ele fez a declaração perante um grupo de apoiantes, na sua maioria representantes de confissões evangélicas, que vibraram muito e rezaram várias vezes junto à saída do Palácio da Alvorada, residência oficial em Brasília.

"Por que sucatearam as Forças Armadas ao longo dos últimos 20 anos? Porque nós, militares, somos o último obstáculo para o socialismo. Quem decide se um povo vai viver em Democracia ou em ditadura são as suas Forças Armadas."-Declarou Bolsonaro, mostrando mais uma vez menosprezo pelo processo eleitoral democrático, apesar de ter sido esse processo que o elegeu seis vezes deputado e, em 2018, presidente da República.

Tendo feito toda a sua carreira política apoiado em círculos militares radicais, apesar de ele próprio ter sido expulso do Exército, Bolsonaro recorre a aparentes ameaças de intervenção militar sempre que se sente ameaçado ou derrotado, como esta segunda-feira. Este domingo, o seu adversário político e provável concorrente nas presidenciais de 2022, o governador de São Paulo, João Doria, impôs uma contundente derrota a Bolsonaro, ao iniciar a vacinação contra a Covid-19 na capital paulista dois dias antes do que o chefe de Estado tinha previsto fazer em Brasília na terça-feira, e ainda usando a vacina chinesa Coronavac, contra a qual o presidente fez intensa campanha ao longo de meses mas que acabou por ser aprovada pelo órgão regulador brasileiro também neste domingo.

E o governante reforçou a ameaça dizendo que o Brasil ainda vive em liberdade, "ainda", frisou, mas que isso pode mudar. Nomeadamente se não for dado o devido valor às Forças Armadas, voltando a um discurso radical semelhante ao que usou no ano passado ao promover e participar em manifestações em Brasília que pediam um golpe militar para o manter na presidência indefinidamente e com poder total, após fechamento do Congresso e do Supremo Tribunal.

"No Brasil, temos liberdade. Ainda. Mas se nós não reconhecermos o valor destes homens e mulheres que estão lá (nas Forças Armadas), tudo pode mudar.", acrescentou Bolsonaro em declarações veiculadas por um canal bolsonarista na internet.

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