page view

Relata por telemóvel à polícia execução feita por agentes

A impressionante coragem de uma mulher impediu que uma execução fria, levada a cabo no cemitério de Ferraz de Vasconcelos, cidade pobre na periferia de São Paulo, por dois agentes da polícia fardados, ficasse impune. A mulher, hoje sob protecção da Justiça, que estava no cemitério rezando na campa do pai, ligou pelo telemóvel para a central da polícia e denunciou o crime, que ocorreu em Março mas só agora foi divulgado.

05 de abril de 2011 às 17:10

A testemunha, a poucos metros dos polícias e da vítima, empunhou o telemóvel, ligou para o número 190, a emergência da corporação, e relatou que dois polícias, fardados e numa viatura oficial, tinham entrado no cemitério, parado o carro junto aos túmulos e arrancado lá de dentro um homem, a quem deram um tiro. No outro lado da linha, o agente de plantão perguntou mais detalhes, mas ela não conseguia ver a matrícula do carro.

Minutos depois, quando os polícias voltaram a entrar na viatura e passaram bem perto dela, a testemunha, sempre com o telemóvel ligado na central de polícia, conseguiu ver a matrícula do carro oficial e o número na porta e informou ao agente que a orientava, mas acabou por ser descoberta. Um dos polícias que tinham acabado de executar a vítima, um assaltante que roubara um carro, desceu da viatura e foi ao encontro dela.

Mostrando ainda mais coragem que antes, a mulher afirmou ao polícia que tinha visto ele e o colega de farda a matarem um homem e que estava na linha com a central da corporação. O agente primeiro negou o crime, depois argumentou que o homem baleado era um marginal, e ao perceber que ela narrava tudo a outro polícia ao telefone, foi-se embora com o colega.

Os dois polícias, identificados como Airton Vital, com 18 anos de serviço, e Felipe Daniel, com cinco, ambos até agora conhecidos pelo número de prisões e pela boa conduta, foram presos daí a pouco. Eles ainda tentaram disfarçar a execução, fazendo um relatório no qual constava que o assaltante, identificado como Dileone Lacerda Aquino, tinha sido flagrado ao volante de um carro roubado no bairro vizinho, Itaim Paulista, e fora morto depois de atirar nos agentes, que ripostaram em legítima defesa.

O documento, no entanto, não foi levado a sério, pois antes já a central de polícia recebera e confirmara as informações da testemunha, e a presença do carro da polícia no cemitério foi confirmada pelo GPS. Os dois devem ser expulsos da polícia e julgados por assassínio.

Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?

Envie para geral@cmjornal.pt

o que achou desta notícia?

concordam consigo

Logo CM

Newsletter - Exclusivos

As suas notícias acompanhadas ao detalhe.

Mais Lidas

Ouça a Correio da Manhã Rádio nas frequências - Lisboa 90.4 // Porto 94.8