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Exército chamado a cercar favela para travar tiroteios no Rio

Há vários dias que polícias brasileiros e traficantes abriram fogo na Rocinha.

22 de setembro de 2017 às 17:06

Depois de uma manhã de intensos tiroteios generalizados em várias regiões da cidade brasileira do Rio de Janeiro, o Exército vai intervir ainda esta sexta-feira para tentar repor a ordem na segunda maior cidade do país. Desde o amanhecer, registaram-se intensos e prolongados tiroteios nas Favelas da Rocinha, Complexo do Alemão, Dona Marta, Vila Kennedy e Chapéu Mangueira.

Gangs disparam contra a polícia na favela da Rocinha

O pedido para a intervenção das Forças Armadas foi feito pelo governador do estado do Rio, Luiz Fernando Pezão. Apesar da contrariedade que sempre manifestou de usar as Forças Armadas em casos claros de segurança pública, que deveria ser a polícia a resolver, o ministro da Defesa, Raul Jungmann, autorizou o envio de forças militares pelo menos para a favela da Rocinha, na zona sul da cidade, onde a situação é mais grave.

Na Rocinha, a maior favela da América Latina, onde grupos rivais de traficantes de uma mesma facção se confrontam com armas de guerra desde o passado domingo, as ruas permaneciam às 12 horas completamente vazias de moradores honestos. As ruas e vielas que cortam a favela, onde vivem mais de 300 mil pessoas, só eram percorridas a essa hora por criminosos armados com fuzis militares, deslocando-se para novos pontos de confronto com outros criminosos rivais.

A guerra armada na Rocinha afectava a essa hora mesmo avenidas fora da favela. A via que liga os elegantes bairros da Lagoa, na zona sul, ao da Barra, na zona oeste, a Estrada Lagoa-Barra, estava fechada, tal como o túnel Zuzu Angel, um dos mais importantes da cidade do Rio de Janeiro. A estrada da Gávea, que corta o luxuoso bairro da Gávea e leva a uma das entradas da Rocinha não estava interditada totalmente mas raros veículos se atreviam a passar por ela.

De acordo com o pouco que foi divulgado sobre a operação militar de emergência que estava a ser preparada no referido horário, as Forças Armadas não vão entrar na Rocinha nem enfrentar directamente os traficantes. Os militares federais vão fazer um grande cerco em redor da favela, algo difícil e normalmente inútil até porque os traficantes entram e saem não pelas avenidas e sim por caminhos nas grandes matas que cercam a Rocinha, e caberá às forças especiais da polícia entrar nas estreitas vielas e tentar controlar a situação.

Até início da tarde desta sexta-feira já havia registos de vários feridos, um deles, um jovem de 18 anos, atingido por uma bala dentro da escola onde estuda, uma das raríssimas da região que abriram hoje. Em todas as favelas citadas, os postos de saúde e unidades de primeiros-socorros foram forçadas a fechar as portas, criando ainda mais dificuldades para os habitantes em casos de urgência.

As Forças Armadas já estão no Rio de Janeiro há várias semanas, tendo enviado ao todo 10 mil homens, mas a sua acção tem sido discreta e desastrada. Grandes operações em favelas foram fracassos rotundos e, depois das críticas, os militares passaram a ficar a maior parte do tempo em quartéis e não vigiando pontos estratégicos da cidade, como fora anunciado.

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