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Rússia confiante de que EUA não querem destabilizar Venezuela e Caraibas

Em causa está uma operação militar norte-americana que matou cerca de 70 pessoas numa lancha rápida que estaria a transportar fentanil.

14 de novembro de 2025 às 12:36

O Kremlin manifestou esta sexta-feira confiança de que os EUA não pretendem destabilizar a situação na Venezuela e Caraíbas, apesar de o Pentágono ter anunciado na quinta-feira uma operação militar contra o narcotráfico na América Latina.

"Confiamos que não será tomada qualquer ação que possa levar à desestabilização da situação na região das Caraíbas e da Venezuela, e que tudo será feito de acordo com o direito internacional", disse o porta-voz da presidência russa (Kremlin), Dmitry Peskov, na sua conferência de imprensa diária.

Peskov salientou que o respeito pelo direito internacional "se encontra num estado deplorável em muitas partes do mundo", mas que a liderança russa confia que "tudo será feito de acordo com o direito internacional".

O anúncio da "Operação Lança do Sul" foi feito na quinta-feira à noite pelo secretário da Guerra dos EUA, Pete Hegseth, pouco depois da chegada ao sul das Caraíbas do porta-aviões 'USS Gerald Ford', o maior e mais sofisticado da frota dos Estados Unidos.

O destacamento militar foi acompanhado de ameaças ao Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, que a Casa Branca classifica como "ilegítimo", e pela destruição sumária, pelo Pentágono, de cerca de 20 embarcações nas Caraíbas e no Pacífico Oriental (matando cerca de 70 dos seus ocupantes).

Washington argumentou que estas embarcações eram lanchas rápidas que transportavam fentanil (um opioide sintético usado sobretudo para anestesias mas que foi responsável por cerca de 75 mil 'overdoses' nos EUA este ano) para os Estados Unidos.

"O hemisfério ocidental é a vizinhança da América, e nós vamos protegê-lo", alegou Hegseth, numa mensagem publicada nas redes sociais.

A Rússia e a Venezuela assinaram um Acordo de Parceria e Cooperação Estratégica que entrou em vigor na quarta-feira, depois de as duas câmaras do parlamento russo terem instado a comunidade internacional a condenar as "ações provocatórias dos Estados Unidos" contra a Venezuela.

O Presidente russo, Vladimir Putin, ratificou o acordo a 27 de outubro, tal como o seu homólogo venezuelano tinha feito 20 dias antes.

O acordo alarga a interação entre os dois países nas esferas política e económica, incluindo em matéria de energia, mineração, transportes e comunicações, mas também nas áreas da segurança e combate ao terrorismo e ao extremismo.

Embora as suas cláusulas sejam desconhecidas, o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergey Lavrov, negou na terça-feira alegações de que a Venezuela tenha solicitado assistência militar a Moscovo após a escalada das tensões com os Estados Unidos.

"Não, não recebemos qualquer pedido", disse o ministro russo, acrescentando, no entanto, que a Rússia "está preparada para cumprir integralmente as obrigações mútuas previstas no acordo com os amigos venezuelanos".

Entretanto, o líder venezuelano afirmou, há uma semana, que o seu país e a Rússia estão "a progredir" na cooperação militar, que descreveu como "tranquila e muito frutífera" e que, assegurou, "vai continuar".

Segundo a imprensa internacional, o Governo de Maduro solicitou a ajuda russa para reforçar as defesas aéreas do país, incluindo com 14 sistemas de mísseis, modernização de vários aviões e sistemas de radar.

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