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Suspeita paira sobre Kampusch

As autoridades austríacas vão reabrir o caso Natascha Kampusch, a jovem que viveu oito anos sequestrada depois de ter sido raptada aos 10 anos nos arredores de Viena. O novo inquérito incomoda Kampusch, que se vê passar da condição de vítima à de suspeita.

14 de setembro de 2009 às 00:30

A nova investigação acontece a pedido de uma comissão parlamentar que considera haver demasiadas questões por responder na versão da própria Kampusch sobre o sequestro e sobre a fuga de casa do raptor, Wolfgang Priklopil.

"Ela não contou tudo o que sabe e a polícia, talvez por ser uma vítima e recear agravar o seu estado mental, não a interrogou de forma adequada nem a confrontou com as contradições do relato", explicou Ludwig Adamovich, membro da comissão parlamentar.

Entre os pontos obscuros da história está, por exemplo, o alegado encerramento numa cave. Testemunhas contrariam esta versão, afirmando que Natascha passeava com Priklopil e terá chegado a passar férias com ele nos Alpes.

Quanto à fuga, a jovem, que entretanto cumpriu 21 anos, afirma ter escapado para casa de uma vizinha de Priklopil, que terá alertado a polícia, mas algumas pessoas afirmam ter visto Natascha sair de um carro nos arredores de Viena antes de se dirigir a uma esquadra.

Uma suspeita que ganha força é a da existência de uma rede pedófila por detrás de Priklopil. O silêncio de Natascha poderia, pois, ser explicado pelo receio de sofrer represálias por parte dos outros implicados no rapto.

"CONHECI-A E PARECEU-ME FELIZ"

Natascha Kampusch perdeu a solidariedade da opinião pública austríaca, que a critica agora, por exemplo, por ter enriquecido graças à história do seu sequestro. Hoje, ela vive em reclusão voluntária no apartamento que comprou no centro de Viena. Raramente sai à rua, para evitar ser reconhecida e, eventualmente, insultada.

As dúvidas sobre a versão que contou do seu sofrimento em cativeiro não param de crescer, alimentadas por novas revelações. Ganha, por isso, credibilidade a história de Ernst Holzapfelt, amigo e ex-sócio do raptor, Wolfgang Priklopil. Ernst contou à polícia que conheceu Natascha em casa do sócio um mês antes da fuga e da revelação da história. "Apresentou-ma como amiga, mas não me disse o nome. Ela cumprimentou-me com naturalidadee parecia feliz", afirmou.

SAIBA MAIS

SUCESSO MEDIÁTICO

Após a fuga ao raptor, em Agosto de 2006, Natascha Kampusch tornou-se uma celebridade. Deu entrevistas, criou um site, em 2007, e foi convidada pelo canal PULS 4 para apresentar um talk-show, estreado a 1 de Junho de 2008 e entretanto extinto.

1998

ano em que foi raptada Natascha Kampusch, quando ia com uma amiga a caminho da escola, em Viena.

2 o número de raptores que, segundo uma testemunha de 12 anos, terá levado Natascha a 2 de Março de 1998. Esta nega a existência de um segundo raptor.

NA CASA DO RAPTOR

Natascha comprou o carro e a casa do raptor alegando: "Fazem parte da minha vida." Embora não viva na moradia, visita-a com regularidade e rega as plantas do jardim.

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