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Talibãs do Afeganistão impõem restrições comerciais ao Paquistão

Medida inclui um período de três meses para que os importadores com contratos existentes no Paquistão liquidem as suas contas e cessem as operações.

12 de novembro de 2025 às 12:23

O Governo talibã do Afeganistão impôs esta quarta-feira restrições às importações do Paquistão, incluindo a proibição da importação de medicamentos, após a recente escalada de tensões na fronteira comum e um frágil cessar-fogo.

"Todos os industriais e comerciantes do nosso país devem recorrer a rotas comerciais alternativas em vez de dependerem do Paquistão. Esta rota não só prejudicou os nossos comerciantes, como também causou dificuldades aos nossos mercados", disse o vice-primeiro-ministro para os Assuntos Económicos afegão, Abdul Ghani Baradar.

O responsável talibã declarou, numa conferência de imprensa em Cabul, que a decisão visa "proteger a economia nacional" e "diversificar os parceiros comerciais", depois de Islamabade ter encerrado repetidamente as passagens de fronteira utilizadas para o trânsito de mercadorias afegãs.

A medida inclui um período de três meses para que os importadores com contratos existentes no Paquistão liquidem as suas contas e cessem as operações. O Ministério das Finanças deixará também de aprovar ou tributar a entrada de medicamentos do país vizinho.

"Não há dúvida que uma das principais razões para a saída de centenas de milhões de dólares do nosso país é a importação de medicamentos de baixa qualidade do Paquistão", acrescentou Baradar.

Estas medidas surgem quando há um clima de grande tensão entre os dois países, que partilham uma fronteira de 2.600 quilómetros, conhecida como Linha Durand. Em outubro, os confrontos armados ao longo desta linha resultaram em dezenas de mortes e levaram à mediação do Qatar e da Turquia para o estabelecimento de um cessar-fogo, que se mostrou bastante frágil.

Os confrontos na fronteira levaram ao encerramento de todas as passagens, interrompendo as principais rotas de abastecimento e comércio do Afeganistão, que foram reabertas apenas esporadicamente para permitir a passagem de refugiados afegãos e casos humanitários.

A passagem de Chaman, no sudoeste, e a passagem de Torkham, no noroeste, são os dois pontos fronteiriços mais importantes entre os dois países, vitais para a economia afegã, que depende fortemente do trânsito de mercadorias, combustível e pessoas através do Paquistão.

As tensões aumentaram ainda mais após o atentado suicida de terça-feira em Islamabade, que fez 12 mortos e 27 feridos em frente a um tribunal e foi reivindicado pelo Jamaat-ul-Ahrar (JuA), uma fação do Tehreek-e-Taliban Pakistan [TTP, os talibãs paquistaneses], grupo que o Paquistão acusa de operar em território afegão com a aprovação tácita do regime talibã e o apoio da Índia.

Baradar avisou que o Afeganistão só reabrirá as rotas comerciais "sob firmes garantias" de que não voltarão a ser encerradas "em nenhuma circunstância".

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