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Terror regressa às ruas de S. Paulo

A população de São Paulo, a maior cidade do Brasil, voltou a viver horas de terror na madrugada de ontem, durante a qual membros da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), desencadearam pelo menos 53 atentados à bala e à bomba, matando pelo menos cinco pessoas e ferindo várias outras.

13 de julho de 2006 às 00:00

Autocarros de passageiros, bancos, carros particulares, lojas, supermercados e esquadras foram os alvos dos bandidos, que repetiram assim as madrugadas trágicas de meados de Maio, quando numa única semana ocorreram mais de 250 ataques, que provocaram a morte de mais de 160 pessoas. A Polícia deteve sete pessoas.

O primeiro ataque ocorreu pouco mais de três horas depois de a Polícia ter capturado numa emboscada na Rodovia Imigrantes, Emivaldo Silva Santos, o ‘BH’, considerado o último dos grandes líderes do PCC ainda vivos e em liberdade. Este ataque, na zona Norte de S. Paulo, vitimou o polícia Odair José Lorenzi, de 29 anos quando chegava a casa, e a sua irmã, Rita de Cássia Lorenzi, de 39 anos, que abriu a janela ao ouvir os tiros.

Depois da morte do polícia e da irmã, três seguranças foram assassinados no Guarujá, no litoral paulista, onde uma onda de terror varreu até ao amanhecer a cidade de São Paulo e as vizinhas São Bernardo do Campo, Santo André, Mauá, Suzano e Ferraz de Vasconcelos.

Na maior parte dos ataques, os criminosos primeiro dispararam rajadas para partir vidros e inibir uma eventual reacção, e depois atiraram bombas caseiras e cocktails molotov. Além de nove esquadras e postos, sete agências bancárias, dois grandes supermercados e quatro lojas foram atacadas. Ao início da manhã de ontem, autocarros de passageiros ainda ardiam em avenidas da capital.

O alto comando das Polícias Paulistas, que se manteve reunido ao longo de todo o dia de ontem, não quis estabelecer uma relação entre a prisão do criminoso e os ataques, mas as semelhanças com os acontecimentos de Maio são grandes. Em Maio, a onda de ataques começou após a tranferência de líderes do PCC, incluindo ‘o Marcola’.

GRUPO COM OITO LÍDERES

A prisão de Emivaldo Silva Santos, de 30 anos, foi comemorada pela Polícia de forma efusiva, já que ele é considerado um dos oito líderes máximos do PCC e era o único ainda em liberdade.

De acordo com fontes policiais, o PCC tem como cúpula da sua estrutura um grupo de oito homens, que têm poder absoluto de vida e de morte sobre os demais membros.

Desses, quatro, que estavam presos, comandavam as acções da organização dentro das prisões, e os outros quatro fora. A Polícia deteve depois mais três, faltando Emivaldo. Agora resta saber se o grupo fica enfraquecido ou consegue reconstituir rapidamente a liderança.

DISPUTA

A disputa partidária está a impedir uma solução para a crise de segurança em São Paulo. O presidente Lula da Silva nunca ajudou mas agora que é candidato à reeleição dispõe-se a fazê-lo e diz que têm de ser tomadas medidas para prevenir os ataques. Mas a oposição, que pediu ajuda, já não quer para não dar créditos ao rival.

ALVOS FÁCEIS

O PCC passou a atacar alvos mais fáceis. Supermercados, lojas, autocarros e guardas desarmados suplantaram ontem o número de esquadras atacadas.

RESISTÊNCIA

Apesar do medo, a população de S. Paulo deu ontem mais uma prova de resistência e tentou fazer uma vida normal. Vivia-se um clima de normalidade.

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