Concentração decorreu sob fortes medidas de segurança
Os habitantes de Molenbeek organizaram esta quarta-feira uma vigília pela paz em memória das vítimas dos atentados de Paris, também para contrariar a "má fama" desta comuna bruxelense, mas os participantes só acediam à praça comunal após revistados pela polícia.
Organizada por uma associação local, a vigília pela paz, que juntou centenas de pessoas, teve como objetivo prestar uma homenagem às vítimas dos ataques terroristas da passada sexta-feira em Paris, que fizeram 129 mortos, mas também dar uma outra ideia de Molenbeek, atualmente apontada por muitos como um "ninho de radicais islâmicos", o que os residentes ouvidos pela Lusa consideram ser uma "imagem distorcida".
Quatro dias depois de terem sido detidos numa operação policial em Molenbeek vários suspeitos de ligações aos ataques de Paris, naquele que é o mais recente vínculo entre esta comuna e atentados terroristas na Europa, a vigília teve lugar sob fortes medidas de segurança, com a polícia a bloquear todos os acesos à praça comunal e a revistar individualmente cada pessoa, testemunhou a Lusa no local.
Bandeiras de França e Bélgica a meia-haste
Na praça, sob as bandeiras de França e Bélgica a meia-haste no edifício da comuna, os habitantes de Molenbeek acenderam velas em memória das vítimas, escreveram e pintaram mensagens de paz e de condenação do terrorismo em lençóis, cartazes e t-shirts, e deram conta da sua revolta por hoje em dia a comuna onde vivem ser classificada como um "ninho de terroristas".
"Estou aqui para dizer que nós condenamos os atentados e somos solidários. O facto de sermos muçulmanos não significa que sejamos terroristas, embora nos metam todos no mesmo saco", diz à Lusa uma jovem estudante marroquina, Imane, cuja escola secundária decidiu aderir ao evento.
Também El Ouatri, um jovem muçulmano, diz que quis marcar presença no evento para dizer que está contra o terrorismo e que "Molenbeek não é um ninho de terroristas", uma imagem que diz pesar cada vez mais sobre os habitantes locais, na sua grande maioria magrebinos, mas que é "completamente falsa".
Annefleur, uma jovem belga loira e de olhos azuis, faz parte da minoria de não-muçulmanos a residir em Molenbeek, mas também ela considera que "a imagem que os media estão a passar para o mundo inteiro não corresponde à realidade", pois nunca teve problemas, mas admite recear que o estigma "esteja para durar".
Ponto de passagem de radicais islâmicos
Molenbeek é hoje internacionalmente conhecida por ter sido ponto de passagem de vários radicais islâmicos envolvidos em ataques terroristas cometidos na Europa no último ano e meio, incluindo os ataques de Paris da passada sexta-feira, como vieram a determinar as investigações aos atentados.
Do ataque ao museu judaico de Bruxelas, em 2014, que se saldou em quatro vítimas mortais, ao "complot" de Verviers, na mesma altura dos ataques ao Charlie Hebdo, em Paris, já este ano; do ataque gorado ao comboio de alta velocidade que fazia a ligação entre Paris e Amesterdão, em agosto passado, aos atentados de Paris de 13 de novembro, que resultaram em 129 mortos, as pistas levaram invariavelmente a polícia a Molenbeek, atualmente conhecida como uma "placa giratória do 'jihadismo' na Europa".
Na segunda-feira, esta comuna de Bruxelas voltou a ser alvo de uma operação policial de grande envergadura, cujo objetivo (falhado) era capturar o homem mais procurado na sequência dos ataques terroristas de Paris, Salah Abdeslam, de nacionalidade francesa, mas residente em Molenbeek, tal como o seu irmão Ibrahim Abdeslam, que geria um bar na comuna até poucos dias antes de se fazer explodir num café parisiense.
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