Nestes tempos em que o espaço público é monopolizado pelas diversas variações de radicalismo, é interessante verificar como tem sido silenciada entre nós a discussão sobre os resultados eleitorais na Polónia. E no entanto trata-se de um acontecimento internacional relevante e surpreendente. Ao fim de oito anos de governação nacionalista, feita de tensão com Bruxelas e de atrito permanente com os valores democráticos, uma coligação liderada pelo antigo presidente do Conselho Europeu Donald Tusk obteve um resultado cuja arquitetura parlamentar permite mudar o rumo do país e inverter o ataque à separação de poderes, à independência dos tribunais e à liberdade de imprensa. Esta inesperada reviravolta acontece num país que está perto, como ninguém, do gigante russo, e onde, talvez por isso mesmo, o eleitorado decidiu castigar as lideranças políticas que ultimamente tudo têm feito para destruir o consenso ocidental em redor do apoio à Ucrânia. Este novo futuro para a Polónia terá agora difíceis dores de parto. A própria transição de poderes será árdua, e arriscada, porque o executivo populista fez-se rodear de instituições dóceis que tudo farão para dificultar a mudança. A Europa, velha e cansada, permanece como utopia democrática de paz e prosperidade que atrai os povos de forma muitas vezes inesperada. O sonho da construção europeia é o maior antídoto contra o populismo.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt
Por Carlos Rodrigues.
Por Carlos Rodrigues.
Por Carlos Rodrigues
Por Carlos Rodrigues
Por Carlos Rodrigues
Por Carlos Rodrigues