Carlos Rodrigues
DiretorOs registos em bruto do discurso de Trump indicam que foi dito o seguinte: “Vamos caminhar até ao Capitólio e vamos aplaudir os nossos corajosos senadores e congressistas.” Cinquenta minutos depois, Trump disse: “E eu estarei lá convosco. E lutamos. Lutamos com todas as nossas forças.” No programa ‘Panorama’, da BBC, as duas frases aparecem juntas numa só. “Vamos caminhar até ao Capitólio... e eu estarei lá convosco. E lutamos. Lutamos com todas as nossas forças.” Além de pertencerem a duas partes distintas do discurso, acontece que a segunda parte dizia respeito, não a um putativo ataque ao Capitólio, mas sim à alegada “corrupção” das eleições americanas. Trata-se de um problema jornalístico, reputacional e diplomático. Jornalístico, porque é errado editar um discurso, alterando o seu sentido, e isso efetivamente aconteceu. Reputacional, porque estamos a falar da BBC: se o erro fosse da maior parte das marcas inglesas, o problema não existiria. Mas, sendo a BBC, foi tomado como verdade durante meses. Tudo isto redunda num problema diplomático. Trump vai processar a emissora britânica, e o tema vai escalar. Problema: a discussão está a ser levada para a gestão da empresa, originando demissões. Mas a gestão da empresa não deve ter qualquer interferência nos conteúdos jornalísticos, de acordo com a mais pura tradição ocidental da liberdade de expressão e da liberdade de imprensa. Alegar o contrário é mais uma derrota da democracia.
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Por Carlos Rodrigues
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