A ‘arte contemporânea’ é um instrumento interessante para lavagem de dinheiro. Oligarcas russos, potentados privados do Oriente, multimilionários e estados do Golfo, burgueses enriquecidos pela construção civil ou ‘antigos jovens’ protegidos por alguns negócios bem remunerados – os poderosos investem generosamente em ‘arte contemporânea’ e transformam-se em ‘patronos da cultura’, o que é hoje melhor do que ter o Euromilhões.
Todos ganham: ‘marchands’ que conhecem bem demais as fraudes do seu ofício, pacóvios que apreciam ‘arte decorativa’ para a sala de estar, artistas que têm de fazer pela vida, ‘curadores’ que teorizam sobre a herança de Duchamp e a esperteza de Damien Hirst, colecionadores fantasiados de misantropos.
Em matéria de ‘arte contemporânea’, por isso, a cultura lava muito mais branco. O sistema de retribuições da ‘arte contemporânea’ baseia-se no receio de parecer iletrado diante de tão notáveis obras, como uma barragem da EDP pintada de amarelo.
Quem se atreve a rir do assunto? No fundo, a ‘arte contemporânea’ ainda é mais barata do que as faturas da eletricidade.
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