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Paulo Sargento

Comentador CM/CMTV/CMR

A guerra trocada por miúdos

17 de julho de 2025 às 18:19

Vivemos um cenário bélico internacional onde 10 países estão envolvidos em guerras. Alguns desses cenários envolvem países com conflitos internos, outros envolvem vários países em conflito. Há alguns dias, na habitual rubrica “avós e netos: essa grande aventura”, que tenho o gosto de partilhar com o Júlio Heitor na Correio da Manhã Rádio, abordámos a questão sublinhando que ainda existem muitos avós que viveram grandes guerras, à escala mundial ou múltiplos conflitos num determinado tempo. Que sentirão esses avós? Como falarão com os netos sobre isto?

Mesmo um otimista esperançoso e amante da paz e da justiça como eu, admito que os tempos que vivemos não são bons e tiram-nos o ânimo e a esperança. Com efeito, os avós que se recordam dessas guerras na sua infância e que tiveram a vã esperança de que tal nunca mais iria acontecer estarão, hoje, receosos e a aprender a desesperança. São muitas vezes acometidos por pensamentos do tipo: que futuro será o dos meus netos? Mas, será melhor escondermos esse cenário às crianças? Ou devem os avós falar sobre isso?

Não creio que a estratégia “A vida é bela”, como vimos ser utilizada no célebre filme com o mesmo título, protagonizado pelo ator italiano Roberto Benigni, seja uma boa solução. Como nos recordamos, nesse excecional filme, o pai, para proteger o filho, fingia que os horrores do nazismo e dos campos de concentração eram apenas brincadeiras e jogos. Mas também não me parece que o cenário de desesperança escatológica e catastrofista, ao estilo “apocalipse nuclear” ou “fim do mundo”, seja provável, nem, por isso mesmo, adequado ao diálogo com as crianças.

Vejamos, as crianças também estão expostas às notícias e não devemos mentir. É melhor assumir que o mundo está a passar por um momento tenso e há guerras, mas também assegurar-lhes que a maior parte das pessoas está a tentar tudo para que as guerras acabem e essas pessoas irão, com certeza, conseguir que nos seja devolvida à Paz. Os avós podem e devem contar aos netos que, na sua própria e longínqua infância, também houve guerras e que estas acabaram por dar lugar à Paz e ao nascimento de uma Declaração Universal dos Direitos Humanos. Ou seja, devemos dizer a verdade às crianças, numa atitude de confiança e proteção, com a esperança em pano de fundo.

Na mitologia grega, Zeus enviou à terra dos humanos uma atraente mulher, chamada Pandora, que transportava uma bonita caixa. Um de seus primos, chamado Epimeteu, incauto e seduzido pela beleza de Pandora, apressou-se a abrir a caixa, como se de um presente se tratasse, enquanto o seu irmão gémeo, Prometeu, gritava para que não o fizesse. Mas foi tarde demais. A caixa continha todas as desgraças, que se espalharam pela humanidade. E Prometeu, quando fechou a caixa, já só restava uma coisa no seu interior: a Esperança! Ofereceu-a à humanidade para que nunca nos esquecêssemos que no meio das piores desgraças devemos guardar a esperança. E é isto que os avós, na sua experiência e sabedoria devem fazer: mostrar a esperança de um mundo melhor, educando para a Paz e Cooperação, através do amor!         

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