A crise da RTP explicada aos mais ingénuos

Há quatro forças que movem o dinossauro RTP. Nenhuma delas é o serviço público, isso é conversa para nos entreter. São elas os tachos directivos, a política, o dinheiro e as audiências. As recentes alterações a elas se devem. O Conselho de Administração (CA) saiu da letargia de cinco anos e demitiu o director de informação, A. José Teixeira. O PS mostrou surpresa, porque o CA de Nicolau Santos afastar Teixeira é o PS a decapitar o PS. Nicolau, três anos depois de o PS o nomear presidente do CA, descobriu em 2024, já com um governo AD, que a RTP3 era «um problema», mas só um ano mais tarde despachou Teixeira, de novo após as eleições e após perceber que a estratégia do novo governo AD o empurrava e à RTP para um beco: o governo só pode intervir na RTP no que toca ao financiamento, e não lhe prometeu bago. O governo recorreu a outra arma: ignorou olimpicamente a RTP, não lhe deu entrevistas, criticou a informação e no seu programa ao parlamento nem mencionou a RTP. Teixeira, ao serviço do PS, mantinha manhoso equilíbrio que subrepticiamente favorecia o PS e denegria a AD, o que se viu melhor na campanha eleitoral. Nicolau percebeu que teria problemas de bago, a única reivindicação da RTP ao poder político. E pediu mais uns milhões depois de ele mesmo despedir o seu camarada Teixeira. Se o novo governo fosse PS, ainda Teixeira lá estava, ele que nunca deveria ter chegado a DI, por ser incompetente para o cargo. Sabe entrevistar, ponto final. No comentário, finge equilíbrio. Não há memória de ter feito uma reportagem na vida, é de gabinete, não tem noção do que é o actual jornalismo televisivo.