É uma campanha triste, porque o estado de alma do país parece que anda esquisito. Depois de Pedrógão Grande e de Tancos, não voltou a mesma confiança sonhadora em amanhãs que cantam com paz social e carteira aparentemente recheada.
Chegaram greves, como as da Autoeuropa e dos enfermeiros. E notícias sobre a esperteza saloia das cativações em excesso e sobre a dívida pública, anunciando novos impostos, muito doces, porque serão no âmbito da "austeridade boa". E notícias tristes de degradação dos serviços de saúde, de problemas em escolas e na colocação de professores e auxiliares. E de políticos e chefes militares que acham o ministro da Defesa uma anedota.
Mas é também uma campanha alegre porque poder votar é sempre, quaisquer que sejam as candidaturas, uma satisfação. E, ao contrário do que se diz para aí, é excelente que, nesta altura, apareçam informações, desde que verídicas, sobre "casos" envolvendo candidatos e candidaturas, como em Lisboa, Porto, Sintra, etc. Diz-se: ah, isto é manobra, só aparece agora porque há eleições. Pois sim. Mesmo que seja, é melhor saber, sendo verdade, do que não saber.
E é melhor saber antes das eleições do que depois. Ou só foi bom conhecer, antes das eleições americanas, as falcatruas na universidade e negociatas imobiliárias de Trump? Cá já não é bom? A informação verídica sobre casos não "perturba" campanhas. Faz parte da política e da informação dos cidadãos.
Quanto mais informação, melhor. Deveria ser assim para todos os democratas.
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Também me chocou que no Fundão tivessem visto a divulgação do caso como um "ataque" ao povo
Em Gouveia e Melo pressente-se a irascibilidade, a falta de preparação mínima, os acessos de cólera.
A ideologia do ofendidismo woke contribuiu para abalar a reputação do jornalismo, de todo ele.
Noutros tempos, falava-se e vivia-se politicamente com um leque amplo de conceitos; passámos a dois.
Mercantilização de debates é lamentável por parte da SIC e TVI, mas é repugnante no caso da RTP.
Eu tinha 15 anos quando li a 6 de janeiro de 1973 a primeira edição do 'Expresso'.