Juiz decreta prisão preventiva para Sócrates
Foram conhecidas as medidas de coação para os quatro arguidos da 'Operação Marquês'.
José Sócrates ficou em prisão preventiva no âmbito do processo 'Operação Marquês', foi esta segunda-feira divulgado pelo advogado do ex-primeiro-ministro, João Araújo, à porta do Tribunal Central de Instrução Criminal (TCIC).
O ex-primeiro-ministro ficou a conhecer, durante a noite desta segunda-feira, as medidas de coação decretadas pelo juiz Carlos Alexandre, após ter sido detido na sexta-feira por suspeitas da autoria dos crimes de fraude fiscal qualificada, branqueamento de capitais e corrupção.
Após ter dado a conhecer aos jornalistas a decisão do juiz, em primeira mão, João Araújo disse aos jornalistas que "a decisão é profundamente injusta e injustificada" e que irá "interpor recurso" da prisão preventiva do ex-primeiro-ministro.
O TCIC divulgou ainda as medidas de coação para os outros três arguidos no processo. O empresário Carlos Santos Silva, tido como o 'testa de ferro' de José Sócrates, e João Perna, motorista do ex-governante, ficaram ambos em prisão preventiva. Já Gonçalo Trindade Ferreira, antigo advogado do ex-primeiro-ministro, teve como medidas de coação a proibição de contactos com os outros arguidos, a proibição de sair para o estrangeiro, com a obrigação de entregar o passaporte, e apresentações bissemanais no Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP).
O arguido Carlos Santos Silva, ex-administrador do Grupo Lena, está acusado de fraude fiscal qualificada, corrupção e branqueamento de capitais. Por sua vez, o arguido João Perna está acusado de fraude fiscal qualificada, branqueamento de capitais e posse de arma proibida. Já o arguido Gonçalo Trindade Ferreira está acusado pelos crimes de fraude fiscal qualificada e branqueamento de capitais.
As medidas de coação e os crimes de que os quatro arguidos estão indiciados foram esta noite comunicados aos jornalistas por uma funcionária do TCIC.
Três noites na cadeia
Sócrates foi detido por inspetores da Autoridade Tributária a 21 de novembro, quando chegava ao aeroporto de Lisboa proveniente de Paris. O ex-governante pernoitou de domingo para segunda-feira, pela terceira noite consecutiva, no Comando Metropolitano de Lisboa da Polícia de Segurança Pública, em Moscavide.
A Procuradoria-Geral da República esclareceu que o inquérito "teve origem numa comunicação bancária" e investiga "operações bancárias, movimentos e transferências de dinheiro sem justificação conhecida e legalmente admissível".
Esta é a primeira vez na história da democracia portuguesa que um antigo primeiro-ministro é detido para interrogatório judicial. José Sócrates, de 57 anos, chefiou o Governo socialista entre 2005 e 2011.
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