Cavaco lembra substituição de cinco ministros como pior momento dos seus governos
Cavaco Silva salientou que crise política "não impediu a repetição da maioria absoluta do PSD nas legislativas que seguiram em 1991".
O antigo primeiro-ministro Cavaco Silva lembrou esta quarta-feira a substituição de cinco ministros como o pior momento dos anos à frente do Governo e o acordo com o PS, em 1989, para a revisão constitucional, como o melhor.
O antigo primeiro-ministro, que foi também Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, discursava na cerimónia, na residência oficial de São Bento, que assinala os 40 anos da sua primeira tomada de posse como chefe do Governo, em 6 de novembro de 1985.
Cavaco Silva disse não querer aproveitar a ocasião para falar sobre a ação dos seus governos, preferindo expor quais foram, para si, os pontos mais alto e mais baixo à frente do executivo.
O antigo chefe de Governo disse que o pior momento foi a remodelação do executivo a 2 de janeiro de 1990, em que foram substituídos cinco ministros, entre eles o então vice-primeiro-ministro e o ministro da Defesa.
"Tive que preparar e concretizar a substituição de cinco ministros, incluindo o vice-primeiro-ministro e ministro da Defesa, que tinha acabado de pedir admissão. Foi, para mim, muito pesada e profunda a solidão que normalmente assalta um primeiro-ministro quando tem de remodelar o governo. O anúncio da remodelação, no dia 2 de janeiro de 1990, apanhou de surpresa a comunicação social e o país político", disse.
Cavaco Silva acrescentou que essa crise política "não impediu a repetição da maioria absoluta do PSD nas legislativas que seguiram em 1991".
Sobre o melhor momento, o histórico social-democrata escolheu o dia em que o seu Governo chegou a acordo com o PS os termos da revisão constitucional de 1989, em que foi eliminado o princípio da irreversibilidade das nacionalizações realizadas no pós-25 de abril, definiu uma abertura para da televisão à iniciativa privada, reduziu o número de deputados e eliminou a plena gratuitidade do Sistema Nacional de Saúde (SNS) e consagrou o referendo popular.
"Foi uma revisão constitucional decisiva para o País vencer o desafio da integração europeia", considerou.
Nesta sessão, que decorreu na Sala da Lareira, participaram os ministros do atual Governo e vários antigos governantes de Cavaco Silva, como o atual candidato presidencial Luís Marques Mendes, a conselheira de Estado Leonor Beleza ou a antiga líder do PSD Manuela Ferreira Leite.
Eduardo Catroga, João de Deus Pinheiro, Teresa Patrício Gouveia, Faria de Oliveira e Mira Amaral foram outros dos convidados da cerimónia.
Atrás do púlpito, está uma fotografia da tomada de posse de Cavaco Silva, conferida pelo então Presidente da República Ramalho Eanes e onde é também possível o seu antecessor na chefia do Governo, o socialista Mário Soares.
Aníbal Cavaco Silva foi primeiro-ministro durante 10 anos, entre 1985 e 1995, tendo conquistado duas maiorias absolutas em eleições legislativas. Entre 2006 e 2016 exerceu funções como Presidente da República.
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