Cotrim Figueiredo diz que forma atual do SNS é um permanente triturador de ministros
Candidato presidencial pediu aos portugueses que estes "participem mais com ideias e trabalho".
O candidato presidencial João Cotrim de Figueiredo considerou esta sexta-feira que a forma como o Serviço Nacional de Saúde (SNS) está organizado "nunca terá solução" e resultará "permanentemente" num "triturador de ministros".
"A forma como o Serviço Nacional de Saúde está organizado hoje nunca terá solução e será um permanente triturador de ministros", disse o candidato, no Porto, onde participou na Conferência Fábrica, organizada pelo jornal Eco, depois de defender que "a decisão de manter ou não um ministro é sempre do primeiro-ministro".
E prometeu: "Nunca demitirei um ministro em público".
Já à margem da conferência, em declarações aos jornalistas, acrescentou que "a atual estrutura do SNS vai sempre ter problemas, alguns deles infelizmente bastante trágicos", pelo que "se vai estar sempre a pedir a cabeça do ministro".
"De um ministro que está a tutelar uma área que, repito, com a atual arquitetura não terá solução", sublinhou.
Lembrando exigências como a progressão de carreira, a remuneração, o sucesso, para Cotrim Figueiredo "nenhum sistema desta complexidade, desta importância e desta dimensão pode funcionar se o seu principal objetivo, que é servir os doentes, não estiver na base do sucesso dos prestadores de saúde, dos profissionais de saúde".
"Se as duas coisas não estiverem alinhadas, os interesses dos doentes com os interesses dos prestadores de saúde, nunca um sistema desta dimensão vai funcionar (...). O problema estrutural principal define-se desta maneira, os interesses dos doentes não estão alinhados com os interesses dos prestadores de saúde. E quando assim é, vai sempre haver essa tensão e estes problemas", acrescentou.
O candidato disse que será "o último a dizer que não há espaço para cortar num orçamento de 17,3 mil milhões de euros, mas, como Presidente da República, será o último a dizer que é para cortar naquelas compressas ou naqueles exames de diagnóstico".
Quanto a vetos, Cotrim de Figueiredo prometeu que, sendo eleito, não deixará passar "leis mal feitas", dividindo as "leis mal feitas" em dois grupos, as involuntariamente mal feitas por questões técnicas e as mal feitas "propositadamente" por "compadrio ou favorecimento".
Considerando que o Presidente da República deve "ser um mobilizador de referência", o candidato apoiado pelos liberais pediu aos portugueses que estes "participem mais com ideias e trabalho".
Na Fundação de Serralves, no Porto, a conferência "Fábrica 2030", que este ano decorre sob o tema "Portugal que produz", junta esta sexta-feira cinco candidatos à Presidência da República: Luís Marques Mendes, António José Seguro, André Ventura, João Cotrim de Figueiredo e Henrique Gouveia e Melo.
Questionado sobre o apoio de Cavaco Silva a Marques Mendes, o antigo líder da Iniciativa Liberal não se mostrou surpreendido, mas que este "não faz grande justiça ao seu passado reformista ao apoiar candidatos que não têm essa posição reformista".
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