Catarina Martins: "Governo de Passos e Portas acabou"
BE e PS estiveram reunidos durante duas horas.
A porta-voz do Bloco de Esquerda (BE) disse esta segunda-feira que já é claro que "o Governo de Passos Coelho acabou" porque há "outra solução de Governo" integrando as prioridades do Bloco - "emprego, salários e pensões".
"No que depende ao BE fica hoje claro que o Governo de Passos Coelho e Paulo Portas acabou. Temos hoje as condições para termos um Governo e um orçamento dentro da Constituição da República portuguesa depois de quatro anos de uma direita que não soube nunca respeitar a lei fundamental do País", disse Catarina Martins no final de um encontro realizado esta manhã na sede do partido, em Lisboa, com uma delegação do PS chefiada pelo secretário-geral socialista, António Costa.
E concretizou: "Iremos cumprir aquele que foi o voto de confiança que os eleitores deram ao Bloco", referindo-se à "força eleitoral" dada nas legislativas de 04 de outubro, em que o partido cresceu de oito para 19 deputados na Assembleia da República.
A delegação do Bloco para a reunião de hoje com o PS foi composta por Catarina Martins, pelo líder parlamentar, Pedro Filipe Soares, pela deputada Mariana Mortágua e pelos dirigentes José Gusmão e Pedro Soares.
No encontro de hoje, Catarina Martins disse que foram encontradas as "condições de consenso básico" para a estabilidade orçamental e recuperação económica do País, mas "há ainda muitos temas para trabalhar", reconheceu.
De todo o modo, o Presidente da República "pediu uma solução de estabilidade e o BE não falha à negociação dessa solução", vincou a porta-voz bloquista.
O Governo, prosseguiu Catarina Martins, "acabou hoje" porque "não terá apoio no parlamento mas também porque há uma outra solução de Governo que responde à vida das pessoas e pode ser a alternativa que o País precisa".
Nesta fase está a ser negociada a "solução política" que dará lugar à estabilidade de uma solução governativa, insistiu a porta-voz do Bloco, acrescentando que o partido "assumirá todas as responsabilidades que tiver de assumir" neste processo, sem precisar se entre esses desígnios está a entrada num eventual executivo de esquerda.
Costa identifica pontos de convergência entre o PS e o BE
O secretário-geral do PS, por seu turno, definiu como "muito interessante" o resultado da reunião com o BE sobre soluções de Governo para o País, adiantando que foi possível identificar um conjunto de pontos de "convergência".
António Costa falava aos jornalistas no final de uma reunião de quase duas horas com o Bloco de Esquerda, na qual esteve acompanhado pelo presidente do PS, Carlos César, pelos dirigentes Ana Catarina Mendes e Pedro Nuno Santos, e pelo coordenador do cenário macroeconómico socialista, Mário Centeno.
"Tivemos com o Bloco de Esquerda uma reunião muito interessante, onde foi possível identificar de modo positivo um conjunto de matérias passíveis de convergência entre os dois partidos. Quanto às divergências, elas são públicas e não faz sentido debatê-las. O que faz sentido é trabalhar no novo quadro parlamentar para que o País possa ter um Governo estável e que corresponda à vontade popular no sentido de que exista uma alteração de política n o respeito escrupuloso pelo quadro constitucional", acentuou o líder socialista.
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