Novo programa de incentivo ao regresso de emigrantes arranca em 2026

Executivo reconhece a diáspora como "um pilar estratégico da política externa nacional" e que vai manter "o reforço da sua ação junto das comunidades portuguesas no estrangeiro".

09 de outubro de 2025 às 14:43
Governo Foto: José Sena Goulão/Lusa
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O Governo vai criar em 2026 o programa "Voltar", que contempla medidas de incentivo aos portugueses trabalhadores, investidores ou reformados que pretendam regressar para Portugal, segundo a proposta do Orçamento do Estado para 2026 (OE2026) entregue esta quinta-feirano parlamento.

Atualmente está em vigor o Programa Regressar, que prevê a concessão de apoio financeiro aos emigrantes ou familiares de emigrantes que iniciem atividade laboral em Portugal continental e apoios complementares para a comparticipação das despesas inerentes ao seu regresso e do seu agregado familiar.

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No documento esta quinta-feira entregue lê-se que o executivo reconhece a diáspora como "um pilar estratégico da política externa nacional" e que vai manter "o reforço da sua ação junto das comunidades portuguesas no estrangeiro, incluindo através de visitas às mesmas".

De acordo com o relatório que acompanha a proposta do OE2026, serão desenvolvidas medidas estruturadas em três eixos: A coordenação da rede externa, a modernização do seu funcionamento e o investimento na sua consolidação e expansão.

"Tais ações visam não só aprofundar a ligação entre o Estado e os portugueses no mundo, como também promover o seu contributo para o desenvolvimento do País, fomentar o investimento na diáspora, dinamizar o ensino do português no estrangeiro e assegurar serviços consulares mais próximos, acessíveis e eficazes", lê-se no documento.

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O Governo liderado por Luís Montenegro compromete-se a "desenvolver a rede de Gabinetes de Apoio ao Emigrante e a fomentar a criação dos Conselhos da Diáspora junto dos municípios, bem como uma maior articulação com os serviços dependentes dos Governos Regionais dos Açores e da Madeira".

Irá também "apoiar a divulgação e a simplificação do investimento em Portugal" e "melhorar o Gabinete de Apoio ao Investidor da Diáspora e o Plano Nacional de Apoio ao Investidor da Diáspora, apostando na mobilização dos investidores e dos agentes económicos da diáspora e do espaço da lusofonia".

No relatório é referida a intenção do Governo de "simplificar e modernizar os procedimentos de apoio consular", adaptando "os postos consulares e o modelo de agendamento de atos consulares às necessidades das comunidades portuguesas no mundo e aproveitando as potencialidades do Consulado Virtual, da chave móvel digital e das permanências consulares".

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Em 2026 o Governo compromete-se a melhorar a lei orgânica e o estatuto do Instituto Camões, bem como o regime jurídico do Ensino do Português no Estrangeiro (EPE).

"O papel da diáspora e das comunidades portuguesas nesta ambição é essencial, como promotores da língua e cultura portuguesas no plano internacional", continua.

O executivo compromete-se a prosseguir o "trabalho contínuo de promoção do reconhecimento internacional da língua portuguesa, através de uma estratégia a concertar junto da CPLP para que o português seja reconhecido como língua oficial da Organização das Nações Unidas (ONU) até 2030".

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Serão realizados investimentos na rede externa, tanto ao nível das infraestruturas, como da valorização de recursos humanos, em particular a revisão dos abonos do pessoal a desempenhar funções no exterior.

O Governo prevê nomeadamente a continuação da instalação do Consulado-Geral em Andorra e o início da instalação de uma Embaixada de Portugal em Hanói (chancelaria e residência).

Ao nível da compra e venda de património, está em curso a aquisição de imóveis destinados à instalação da chancelaria da Embaixada de Portugal em Roma, das instalações da chancelaria e residência da Embaixada de Portugal em Londres, da residência da Embaixada de Portugal em Luanda.

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Igualmente em curso está a alienação das instalações do Consulado-Geral de Portugal no Rio de Janeiro e das instalações do Consulado-Geral de Portugal em Estrasburgo (França).

Ao nível de obras do Ministério dos Negócios Estrangeiros, está prevista a conclusão da construção e apetrechamento das novas instalações da chancelaria e residência do Consulado-Geral de Portugal em Benguela (Angola).

Irá prosseguir a reabilitação estrutural das instalações do Consulado-Geral de Portugal em Macau, as obras na Embaixada de Portugal em Washington e a requalificação do edifício da antiga chancelaria da Embaixada de Portugal em Madrid, bem como a reabilitação das instalações da Embaixada de Portugal em São Tomé e Príncipe.

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A requalificação da antiga chancelaria da Embaixada de Portugal em Dublin, das instalações do Consulado-Geral de Portugal em Barcelona (Espanha) e da residência e chancelaria do Consulado-Geral de Portugal na Beira (Moçambique) estão igualmente previstas, assim como a reabilitação dos edifícios da Embaixada de Portugal em Bissau.

O Governo conta aplicar medidas de segurança e apetrechamento geral das residências do Estado no exterior e "conservar e substituir os equipamentos na rede externa, incluindo equipamentos de leitura dos dados biométricos, e acautelar pequenas melhorias e reparações não planeadas em diversos postos consulares".

Em Lisboa, serão realizadas obras de requalificação de vários espaços no Convento e Palácio das Necessidades, Palácio da Cova da Moura, no sentido de reordenar e redistribuir os diversos serviços internos e de representação da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), organização que em 2026 comemora os 30 anos.

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