Oposição interna do Bloco de Esquerda pede maior atenção às bases e divide-se sobre Pureza

Nova coordenação nacional será eleita este fim-de-semana.

28 de novembro de 2025 às 10:17
Bloco de Esquerda Foto: CM
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Os bloquistas que integram as moções opositoras à atual direção do BE defendem uma maior atenção às bases e descentralização na tomada de decisões, mas dividem-se sobre mudança ser protagonizada por José Manuel Pureza.

A 14.ª Convenção Nacional do BE reúne-se este fim de semana em Lisboa e, além da moção 'A' encabeçada por José Manuel Pureza, afeta à atual direção e maioritária na eleição de delegados (498), apresentaram-se mais quatro moções opositoras: S, H, C e B.

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Intitulada "Novo Rumo", a moção 'S' elegeu 55 delegados, e inclui elementos que integraram a lista de Mariana Mortágua à Mesa Nacional na última convenção do partido, em 2023, como o dirigente Adelino Fortunato ou os antigos deputados à Assembleia da República Heitor Sousa e Alexandra Vieira.

Em declarações à Lusa, Nuno Pinheiro disse não acreditar que a moção 'A' vá protagonizar uma mudança efetiva e defendeu uma maior descentralização de poder e uma tomada de decisões mais coletiva, rejeitando a figura de coordenador, que nos estatutos do BE não existe.

Sobre José Manuel Pureza, o subscritor da moção 'S' antecipou que possa vir a ser apenas uma "figura de fachada", uma vez que "está em Coimbra quando há uma grande concentração de poder em Lisboa", fazendo referência a "outras forças que têm dominado o Bloco" e podem impedir uma coordenação efetiva do antigo líder parlamentar.

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Para combater as críticas de centralismo excessivo na figura do coordenador e no Secretariado, a moção 'A' vai levar a debate na reunião magna uma nova organização tripartida entre coordenação, parlamento e a criação de uma figura de "secretário da organização", que terá como tarefa "dialogar permanentemente com as estruturas locais" e auxiliar o trabalho do coordenador.

Numa mensagem enviada aos militantes do BE, a moção 'S' acusa a moção 'A' de revelar "ausência de autocrítica, o que lhe permite arrogar-se no direito de anunciar modelos organizativos novos, transmitindo a ideia falsa que tudo está bem e que basta mudar nomes", algo que contrasta com os fracos resultados eleitorais e a "fraca mobilização interna, incluindo a muito escassa participação dos aderentes na eleição de delegados".

Os bloquistas da moção 'S' apresentam várias mudanças aos estatutos do BE que incluem a limitação de mandatos e a atribuição de maior poder às estruturas locais na escolha das listas candidatas às eleições.

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A limitação de mandatos e rotatividade nos órgãos são também defendidas pela moção 'H', que considera que está na "Hora de recomeçar".

David Norte defendeu uma maior atenção ao trabalho de militância de base e uma coordenação "mais pluralista", até para que não exista apenas uma pessoa com "um alvo nas costas".

Interrogado sobre o nome de José Manuel Pureza, o bloquista considerou que certamente "virá para trabalhar e ter o partido lá em cima novamente", mas realçou que os membros da moção 'H' estarão "atentos".

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Pela moção 'C', intitulada "Mais Bloco, menos tendências", Américo Campos defendeu que "um dos fatores determinantes para o declínio do Bloco" é o facto de o partido não ter conseguido "transmitir para a opinião pública uma perceção de democracia interna".

Na ótica deste bloquista, José Manuel Pureza "dá a garantia de ser um homem muito apegado à democracia" e tem "a grande vantagem" de não ser "tão ligado às tendências que têm controlado o Bloco", merecendo "o benefício da dúvida".

Já Ana Sofia Ligeiro, da moção 'B' ("Reconstruir para um novo ciclo político") realça que "não há nenhum distanciamento de Pureza da direção atual do partido" e que o bloquista "não é um epifenómeno".

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Na ótica desta militante, são necessárias "alterações estruturais" no BE que só podem ser alcançadas através de mudanças aos estatutos, para que o partido se organize melhor, criticando a atual "centralização de poder".

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