A edição de hoje
Líder do Bloco de Esquerda foi entrevistada no 'Grande Jornal da Noite' da CMTV no âmbito das eleições legislativas.
A líder do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, foi, esta terça-feira, entrevistada no 'Grande Jornal da Noite' da CMTV na sequência das eleições legislativas antecipadas marcadas para o próximo dia 18 de maio.
A líder do BE começou por clarificar que "há uma parte que está esclarecida e outra que ainda não está" quando questionada por José Carlos Castro sobre a polémica da empresa familiar de Luís Montenegro que, consequentemente, ditou a queda do Governo.
“Luís Montenegro não pode ter uma empresa na esfera pessoal e não pode receber avenças de outras empresas. E isso aconteceu, está comprovado que aconteceu, e é essa a causa da falta de legitimidade para ser primeiro-ministro”, afirmou Mariana Mortágua, considerando que tal é “suficiente para fazer uma avaliação política” do recandidato da AD a São Bento.
No entender da bloquista, há, contudo, três questões sem resposta: “Ainda não sabemos bem para que servia a empresa, não temos provas dos serviços que prestou, nem conhecemos todos os clientes”, disse, referindo-se à Spinumviva, que, afinal, “não era para gerir património familiar”. Mortágua recusou equiparar as averiguações preventivas de que são alvo os líderes do PSD e do PS. “Pedro Nuno Santos teve oportunidade de esclarecer tudo”, referiu, rejeitando que a polémica deixe o secretário-geral socialista sem condições para ser primeiro-ministro.
Mariana Mortágua voltou a afirmar que Montenegro não tem legitimidade para ser primeiro-ministro, tendo "violado as regras de exclusividade a que o primeiro-ministro tem de obedecer".
Sobre a habitação, a líder do Bloco de Esquerda, frisou que o País com salários pobres tem casas a preços milionários: "Portugal tem das casas mais caras em comparação com os salários. Lisboa é uma capital mais cara que Berlim". Mariana Mortágua clarificou que Portugal tem agora 1,5 milhões de imigrantes e que a "subida dos preços das casas não tem relação com a procura de gente que trabalha", uma vez que, a maior parte dos imigrantes não consegue pagar os valores de renda que são pedidos.
"Culpar os imigrantes é utilizar um bode expiatório que não traz soluções às pessoas", frisou a deputada, defendendo que se imponha máximos no alojamento local e que se aumente o número de casas vazias com a construção pública. Mortágua acusou André Ventura de só saber falar dos imigrantes e não ser capaz de apresentar qualquer medida para a habitação.
Ainda relativamente aos imigrantes, Mariana Mortágua disse que a AIMA falhou com os processos de regularização: "As regras anteriores eram melhores, o Estado falhou".
A líder disse que é importante apostar nos serviços públicos e que deve haver um incentivo grande no ensino de português para facilitar a integração dos imigrantes em Portugal. Mortágua advertiu que é difícil implementar respostas para a integração dos imigrantes quando "ao nosso lado ainda existe um discurso racista".
Sobre o Serviço Nacional de Saúde Mariana Mortágua frisou que o SNS "funciona bem em rede", no entanto, "ninguém pode esperar pela saúde". A deputada defendeu que é preciso pensar no futuro e que o Estado não pode ficar na mão dos privados à espera que a Saúde desmorone.
"O privado tem um papel complementar e passou a ser concorrente. Queremos um serviço que responda a toda a gente", afirmou.
“O BE está cá para conseguir votos suficientes para que as coisas mudem”, respondeu sobre a possível reedição da geringonça, para a qual parece colocar, desde já, uma condição: a imposição de um teto às rendas. “É em nome do programa do BE que aceitaremos responsabilidades. E estaremos à altura”, garantiu.
"Nestas eleições queremos derrotar a direita", concluiu.
No total, vão ser entrevistados no 'Grande Jornal da Noite' oito líderes dos principais partidos com assento parlamentar no âmbito das eleições legislativas.
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