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BE Lisboa aponta desinvestimento e falta de estratégia municipal na Carris

Segundo a deputada municipal Maria Escaja, há muitos anos que o BE tem vindo a alertar para a forma como "como a câmara gere a Carris".

09 de setembro de 2025 às 22:36

O Bloco de Esquerda acusou, esta terça-feira, na Assembleia Municipal de Lisboa (AML) o executivo de Carlos Moedas de desinvestimento na Carris, ignorando sucessivos alertas para a falta de uma estratégia da câmara na empresa municipal rodoviária do município.

Segundo a deputada municipal Maria Escaja, há muitos anos que o BE tem vindo a alertar para a forma como "como a câmara gere a Carris", nomeadamente em questões relacionadas com "subcontratação", "desinvestimento" ou "falta de preparação para o aumento de utilizadores".

A autarca bloquista falava na AML, no âmbito da apreciação da informação escrita do presidente da câmara, sobre o relatório de atividades de junho a agosto, mas o debate ficou inevitavelmente marcado pelo trágico descarrilamento do elevador da Glória, em que morreram 16 pessoas e ficaram feridas mais de duas dezenas.

"Infelizmente, é mais uma informação escrita, que à semelhança de várias das anteriores, serve para propaganda do executivo, mesmo quando as coisas vão mal e não há melhorias significativas em áreas como a habitação", considerou Maria Escaja, advogando que os deputados municipais devem honrar a memória das vítimas "para que as suas mortes não sejam em vão" e um horror destes "não se volte a repetir" na cidade.

A autarca recuou a janeiro de 2022, ao primeiro orçamento municipal de Carlos Moedas, para dar conta da redução do investimento na Carris, "passando de 54,6 milhões [de euros] para 46,6 milhões", ou aos alertas em outubro seguinte para "falhas em sistemas que antes funcionavam bem", e que eram "responsabilidade" do presidente da autarquia,

Nas audições para o orçamento de 2023, o BE alertou para "subcontratações", em abril de 2023 para "a deterioração clara do serviço", a "sobrelotação dos autocarros e os trajetos mais procurados não serem reforçados", no debate sobre o orçamento uma "nova redução de investimento", que "baixou para 42,8 milhões".

Além das subcontratações e da "falta de motorista e de recursos", no final de 2024 os "bloquistas" alertaram para "o erro que foi a decisão da câmara municipal de tirar quatro milhões à Carris para ajudar a Web Summit", e posteriormente soube-se que, no concurso para contratação de manutenção dos elevadores da cidade, as propostas ficaram acima do valor estipulado e, afinal, esses "quatro milhões talvez fizessem falta" à empresa.

"Estamos aqui há quatro anos a alertar sistematicamente para falhas e problemas que resultaram numa tragédia e o senhor presidente está há quatro anos a colher os louros do que corre bem e a sacudir sempre as culpas do que corre mal", acusou Escaja, notando que o cargo ocupado por Moedas "implica honrar as responsabilidades políticas que lhe são inerentes",

O que, acrescentou, o presidente da câmara "se recusa sistematicamente a fazer, contrariando até o Presidente da República", que "é insuspeito de fazer parte de um bloco esquerdista radical e que disse com todas as letras que a responsabilidade política é sua".

Maria Escaja salientou que "fazer política não é uma vergonha", mas sim respeitar os eleitores, "honrar a memória das vítimas" e escrutinar o trabalho do executivo, para melhorar a cidade, lutar para que "seja segura", exigir responsabilidades e "dizer que não pode haver lugar para mais uma tragédia que possa ser evitada".

O presidente da câmara escusou-se a comentar questões "políticas e ideológicas", mas em relação aos quatro milhões para a Web Summit disse que "é falso", pois "a Carris conseguiu ir buscar 27 milhões da União Europeia".

"Poupámos quatro milhões e fomos buscar 27 milhões", reforçou Carlos Moedas, sem avançar mais explicações sobre a operação financeira.

O deputado municipal Bruno Mascarenhas, do Chega, questionou o presidente da autarquia sobre a manutenção do elevador da Glória, nomeadamente se a Carris tinha conhecimento que "os freios não tinham capacidade suficiente para imobilizar" o equipamento sem que as duas cabine tivessem "as suas massas equilibradas".

Carlos Moedas remeteu eventuais respostas às questões para o inquérito e argumentou que o Chega, com a apresentação da moção de censura, "é apenas um partido que se tenta aproveitar" de uma tragédia.

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