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BE propõe fundo de apoio com verbas pagas pela EDP por venda de barragens

Partido anunciou medida presente nas propostas de alteração ao Orçamento do Estado para 2026.

06 de novembro de 2025 às 15:13

O BE propôs esta quinta-feira a constituição de um fundo de apoio aos municípios das seis barragens vendidas pela EDP, sustentado pelos impostos a ser pagos pela elétrica portuguesa, entre as propostas de alteração ao Orçamento do Estado para 2026.

Um dia após ter sido conhecido que o Ministério Público (MP) decidiu que a EDP tem de pagar 335,2 milhões de euros de impostos pelo negócio com a Engie, os bloquistas recordam que, em 2020, o parlamento determinou "a constituição de um fundo, para onde seriam transferidas as receitas fiscais decorrentes do negócio, destinado a financiar os municípios de Vila Real e Mirando do Douro, onde as seis barragens se localizam".

"A criação deste fundo ficou em suspenso perante a evidência do não pagamento, pela EDP e pela Engie, dos impostos devidos pela operação. [...] Importa assim retomar a proposta da constituição do fundo de apoio aos municípios afetados pelas barragens, para onde devem ser transferidas as verbas finalmente cobradas à EDP", defende o partido.

Este seria denominado Fundo Terra de Miranda e teria "personalidade jurídica e a natureza de fundação pública, com autonomia financeira e administrativa, devendo a sua gestão ser definida pelos municípios envolvidos em conjunto com as organizações da sociedade civil dedicadas ao desenvolvimento da região".

O MP arquivou as suspeitas de fraude fiscal na venda de seis barragens da EDP à Engie, mas concluiu que o Estado tem a receber 335,2 milhões de euros em "impostos em falta".

O inquérito, que foi concluído no final de outubro, incidiu sobre a venda das barragens de Miranda, Bemposta e Picote (centrais de fio de água) e de Foz Tua, Baixo Sabor e Feiticeiro (centrais de albufeira com bombagem) por 2.200 milhões de euros a um consórcio francês da Movhera, formado pelas empresas Engie (40%), Crédit Agricole Assurances (35%) e Mirova - Grupo Natixis (25%).

Nas propostas de alteração ao OE, na área da saúde, o Bloco propõe "a atualização de 20% para todas as posições remuneratórias dos profissionais do Serviço Nacional de Saúde" (SNS) e a criação de "um estatuto de risco e penosidade, reconhecendo a exigência e desgaste das suas funções", garantindo, entre outros, a progressão mais rápida na carreira e a redução da carga horária semanal.

Defende ainda a criação de um regime de dedicação exclusiva no SNS, "com majoração salarial de 40%, aumento de 50% dos pontos para progressão na carreira e mais dois dias de férias por cada cinco anos nesse regime", e a integração dos médicos internos na carreira especial médica.

Já na área da habitação, o partido liderado por Mariana Mortágua insiste no teto às rendas e preconiza "um regime especial de mobilização de fogos que estão devolutos há mais de cinco anos", propondo também que os créditos à habitação contratualizados depois de 2011 possam deduzir juros.

Entre as propostas de alteração ao OE2026, aprovado na generalidade em 28 de outubro, incluem-se ainda o aumento do salário mínimo nacional para 1.020 euros, com efeitos a partir de 01 de janeiro de 2026, e das pensões, "com um valor mínimo de 50 euros por pensionista".

"Este aumento incorpora o valor da atualização anual regular e abrange as pensões de invalidez, velhice e sobrevivência da Segurança Social, bem como as pensões de aposentação, reforma e sobrevivência do regime convergente da Caixa Geral de Aposentações", especificam os bloquistas, que querem ainda alargar o subsídio de refeição ao setor privado e atualizar o seu valor para 12 euros por dia.

O BE propõe também o reconhecimento da profissão de bombeiro como profissão de risco e desgaste rápido, assegurando "o direito a suplemento remuneratório de risco, penosidade e insalubridade que corresponde a um acréscimo de 30% sobre a remuneração base" e o estabelecimento de novos limites de idade para a reforma consoante a categoria profissional.

Finalmente, defende a revisão do Regime de Financiamento do Ensino Superior com vista ao fim das propinas em 2027, antecedido de um congelamento dos valores das propinas no 1.º e 2.º ciclos no próximo ano, e a implementação de um passe gratuito para os jovens até aos 25 anos em todos os transportes públicos.

A proposta do Governo de Orçamento do Estado para 2026 foi aprovada em 28 de outubro na generalidade na Assembleia da República, com votos a favor de PSD e CDS-PP e abstenções de PS, PAN e JPP.

Chega, IL, BE, PCP e Livre votaram contra a proposta do Governo PSD/CDS-PP.

A discussão e votação na especialidade decorre entre 20 e 21 de novembro.

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