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Câmara de Lisboa não constituiu fundo de apoio às vítimas do Elevador da Glória devido à função das seguradoras

Seguradoras estão a suportar todas as despesas.

13 de outubro de 2025 às 19:39

A Câmara de Lisboa ainda não constituiu o fundo municipal de apoio às vítimas do acidente com o elevador da Glória, porque neste momento as despesas estão a ser suportadas pelas seguradoras, afirmou, esta segunda-feira, o vice-presidente da autarquia.

"O fundo é para fazer face a despesas das pessoas que foram vitimadas pelo acidente e aquilo que foi dito de uma forma inequívoca por parte do presidente da Câmara, e também pela minha parte, é que há disponibilidade total para constituir o fundo para despesas que sejam necessárias", afirmou Filipe Anacoreta Correia (CDS-PP), indicando que, neste momento, ainda não se verifica essa necessidade, uma vez que as seguradoras estão a suportar todas as despesas.

O descarrilamento do elevador da Glória, sob gestão da empresa municipal Carris, ocorreu no dia 03 setembro e provocou 16 mortos e duas dezenas de feridos, entre portugueses e estrangeiros de várias nacionalidades.

O vice-presidente da Câmara de Lisboa falava no final de uma reunião extraordinária para atualização das informações sobre o acidente com o elevador da Glória, em que também esteve o presidente do executivo municipal, Carlos Moedas (PSD), mas que não prestou declarações aos jornalistas.

A reunião foi agendada a pedido dos vereadores de PS, Livre, BE e Cidadãos por Lisboa (eleitos pela coligação PS/Livre), para obter "esclarecimentos sobre falsidades, omissões e incongruências".

O pedido era para uma reunião no dia 25 de setembro, mas o presidente da Câmara decidiu agendá-la para esta segunda-feira, dia seguinte às eleições autárquicas, "para não partidarizar um tema que deve merecer todos os esclarecimentos técnicos".

Depois desta terceira reunião extraordinária da Câmara de Lisboa sobre o acidente, que contou com o presidente da Carris, Pedro Bogas, o vereador do PS Pedro Anastácio destacou a prioridade de assegurar o apoio às vítimas e familiares.

"O que nós queremos é garantias que está a haver esse compromisso total de apoiar as vítimas e os seus familiares e o que nos foi dito é que esse fundo não avançou, não sendo negada a vontade de ainda o implementar. O que foi dito é que, até ao momento, a seguradora tem assumido o pagamento de todas as despesas", declarou o socialista, considerando "positivo" que o apoio esteja a chegar às pessoas afetadas.

O vice-presidente da Câmara reforçou que as seguradoras têm manifestado "uma disponibilidade total e um empenho grande" de responder às vítimas, afirmando que "não há aqui qualquer ponderação económica ou financeira ou contratual por parte das seguradoras" e que a seguradora principal, a Fidelidade, tem assumido a responsabilidade.

"Aproveito para dizer que a cobertura por lei exigida a Carris são 7,5 milhões de euros de euros, mas a Carris tem contratualizado, porque pagou para isso, uma cobertura até 50 milhões de euros, portanto temos uma cobertura ampla. Todas as despesas das pessoas estão asseguradas. Vai ser assegurada uma indemnização, naturalmente percorrendo os passos que forem necessários, mas sei que nalguns casos já estarão até a ser diligenciadas possibilidades de acordo", adiantou Filipe Anacoreta Correia.

O autarca do CDS-PP sublinhou ainda que, até ao momento, as companhias de seguros estão empenhadas em garantir o pagamento de todas as despesas e a fazê-lo "o mais rapidamente possível", insistindo que não se verifica, para já, a necessidade de o município criar um fundo de apoio.

"Nós não devemos poupar dinheiro às seguradoras. Era o que faltava, é o dever delas corresponderem a essas necessidades", salientou.

Sem dados sobre as despesas contabilizadas até ao momento, o vice-presidente da autarquia disse ter "a garantia inequívoca de que, independentemente do valor, todas as despesas são absolutamente garantidas por parte da seguradora".

Perante a informação de que o fundo de apoio ainda não foi constituído devido à função primeira das seguradoras, a vereadora dos Cidadãos Por Lisboa Paula Marques considerou que "o importante é que efetivamente o apoio chegue a todas as famílias", enquanto o vereador do Livre Carlos Teixeira (em substituição de Rui Tavares) ressalvou que "a Câmara continua disponível para qualquer custo que seja necessário cobrir".

A vereadora do PCP Ana Jara considerou que "há contradições no apoio às vítimas" e que "as respostas da Câmara não foram satisfatórias" para esclarecer sobre isso, assim como o contacto com as vítimas e famílias.

Contudo, o vice-presidente da Câmara reforçou que foram contactadas todas as pessoas afetadas.

O vereador do PS acrescentou ainda que "foi possível, assim, esclarecer uma controvérsia na campanha eleitoral", admitindo que é preciso perceber se foi ou não mesmo assim, "porque na verdade continuam a existir testemunhos que são contraditórios com aquilo que foi dito".

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