page view

CIM Médio Tejo pede mais rapidez nos processos e prorrogação de prazos para garantir habitação acessível

Presidente da CIM do Médio Tejo, Manuel Jorge Valamatos, disse que "já existe uma percentagem significativa de apartamentos em curso".

18 de setembro de 2025 às 18:57

A Comunidade Intermunicipal (CIM) do Médio Tejo alertou esta quinta-feira para dificuldades em concluir projetos de habitação acessível dentro dos prazos, devido à morosidade dos processos, e defendeu a prorrogação do PRR para garantir os apoios financeiros contratualizados.

Em declarações à Lusa, o presidente da CIM do Médio Tejo, Manuel Jorge Valamatos, disse que "já existe uma percentagem significativa de apartamentos em curso", de acordo com o protocolo assinado com o Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU).

Contudo, salientou, "o ritmo atual é insuficiente" para conseguir concluir as obras até julho de 2026 e essa preocupação já foi transmitida à secretária de Estado da Habitação, Patrícia Costa, que esteve em Tomar a convite dos autarcas do Médio Tejo.

"Precisamos de avançar mais rápido [...]. Primeiro, alguns procedimentos com o IHRU têm que ser verdadeiramente mais céleres e, por outro lado, há preocupações com os próprios investimentos e com a percentagem de apoio financeiro", destacou o autarca que lidera a CIM Médio Tejo, entidade que agrega 11 municípios do distrito de Santarém.

Segundo Manuel Jorge Valamatos, que também preside ao município de Abrantes, o prazo limite de julho de 2026, definido no âmbito do Programa de Recuperação e Resiliência (PRR), "coloca em causa a concretização de muitas obras e a sustentabilidade financeira" de muitos municípios.

Caso os prazos não sejam prorrogados, o financiamento das habitações poderá deixar de ser a 100%, passando para apoios de 70 a 75%, o que "iria onerar significativamente os orçamentos municipais", declarou.

"Estamos preocupados que muitas das habitações que estamos a construir não sejam financiadas a 100%. A senhora secretária de Estado deixou-nos a esperança de que o tempo de conclusão das obras possa ser alargado. Caso assim não seja, é fundamental que haja mecanismos financeiros que respondam às expectativas geradas com a assinatura do acordo para os 1.200 apartamentos que queremos construir no Médio Tejo", acrescentou.

Entre as dificuldades apontadas, o presidente da CIM destacou a complexidade e a morosidade processual, mas também a falta de interesse do setor da construção.

"Temos cerca de 40 concursos para empreitadas que ficaram desertos. Não temos empreiteiros nem empresas a concorrer, o que atrasa todo o procedimento e pode pôr em causa os níveis de financiamento", explicou.

Manuel Jorge Valamatos disse ainda que os municípios não têm faltado ao compromisso com a habitação, que definiu como "prioritário" em termos estratégicos para a região.

"Não é por falta de determinação ou de empenho dos autarcas, mas por dificuldades reais. Os preços não são competitivos com o momento atual do mercado e os processos demoram demasiado tempo", afirmou.

Ainda segundo o responsável, na reunião que os autarca do Médio Tejo tiveram com a secretária de Estado da Habitação foram abordados "temas essenciais para o avanço dos projetos habitacionais", como a execução dos acordos já celebrados, o empréstimo do Banco Europeu de Investimento (BEI) para apoiar os projetos a custos acessíveis, incluindo a transição de projetos do PRR para o BEI, e ainda o programa 1.º Direito, que apoia o acesso à habitação.

Os autarcas, acrescentou, deixaram "dois pedidos centrais" à governante: "maior celeridade nos procedimentos do IHRU e sensibilidade do Governo e da União Europeia para ajustar prazos e percentagens de financiamento" ao investimento.

"Esperamos que haja bom senso e que se percebam as razões de não conseguirmos concretizar com a velocidade desejada. Se não houver prorrogação, a partir de 2027 os municípios vão ter uma grande fatia de despesas que não estava prevista na ideia inicial do programa", alertou.

Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?

Envie para geral@cmjornal.pt

o que achou desta notícia?

concordam consigo

Logo CM

Newsletter - Exclusivos

As suas notícias acompanhadas ao detalhe.

Mais Lidas

Ouça a Correio da Manhã Rádio nas frequências - Lisboa 90.4 // Porto 94.8