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"Claramente faltaram afetos" de Marcelo para os professores, critica João Ferreira

Candidato presidencial apoiado pelo PCP aponta carência na "valorização da profissão de professor".

06 de janeiro de 2021 às 14:19

O candidato presidencial João Ferreira considerou esta quarta-feira que o atual chefe de Estado distribuiu "muito mal" os "conhecidos afetos" e que os professores são uma classe profissional "para a qual claramente faltaram afetos" nos últimos cinco anos.

"Acho que este é um belíssimo exemplo de que os conhecidos afetos daquele que atualmente ocupa o cargo de Presidente da República foram muito mal distribuídos. É o exemplo de uma classe profissional para a qual, claramente, faltaram afetos ao longo destes anos", disse à agência Lusa o candidato apoiado pelo PCP e pelo PEV, depois de uma reunião com a Federação Nacional dos Professores, em Lisboa.

O também eurodeputado comunista e elemento do Comité Central do partido considerou que esta falta de "afetos numa dimensão simbólica" imputada a Marcelo Rebelo de Sousa foi acompanhada pela carência na "valorização da profissão de professor", assim como no "combate à enorme precariedade que ainda prevalece" nesta profissão.

"Há situações muito complicadas, conheço bem, até fruto das funções que tenho em Lisboa como vereador. Conheço bem a situação de Lisboa e das escolas de Lisboa", acrescentou João Ferreira, considerando que "é inaceitável" que ainda houvesse alunos sem professores a várias disciplinas no final do primeiro período.

Por isso, o candidato garantiu que "no exercício alternativo dos poderes de Presidente da República" proposto pela sua candidatura, haverá "um lugar central" para a "valorização do trabalho, dos trabalhadores", nos quais estão incluídos os professores.

Reconhecendo que ao Presidente da República não compete "diretamente encontrar as soluções" para as reivindicações dos professores, o comunista advogou que "a sua intervenção pública" e o "modo como influencia" outros órgãos de soberania, nomeadamente o Governo, liderado pelo socialista António Costa, tem de ser utilizado para "defender essa necessária" valorização dos professores.

Questionado também sobre a renovação do estado de emergência decorrente da pandemia, proposta por Marcelo Rebelo de Sousa e que vai ser debatido e votado hoje à tarde na Assembleia da República, João Ferreira não descartou utilizar este mecanismo se for eleito Presidente da República, porque o atual contexto pandémico "é preocupante" e é "difícil prever a evolução nas próximas semanas".

Contudo, para o candidato a utilização deste mecanismo tem de ser acompanhada por "medidas de emergência", nomeadamente "no plano do reforço do Serviço Nacional de Saúde (SNS)".

"Neste momento o que se impõe é a adoção dessas medidas de emergência, para as quais, sublinho, o estado de emergência em nada tem contribuído", completou.

No final desta reunião, o secretário-geral da Federação Nacional dos Professores, Mário Nogueira, reconheceu que "algo ficou para fazer" durante o último mandato presidencial, e apesar de reconhecer que o chefe de Estado não prejudicou as reivindicações dos professores, estes profissionais sentiram-se "pouco acompanhada, não só da parte do Governo, para não dizer abandonados, mas também de outros órgãos de soberania, incluindo a própria Presidência da República".

As eleições presidenciais, que se realizam em plena epidemia de covid-19 em Portugal, estão marcadas para 24 de janeiro e esta é a 10.ª vez que os portugueses são chamados a escolher o Presidente da República em democracia, desde 1976.

A campanha eleitoral decorre entre 10 e 22 de janeiro, com o país a viver sob medidas restritivas devido à epidemia. Concorrem às eleições sete candidatos, Marisa Matias (apoiada pelo Bloco de Esquerda), Marcelo Rebelo de Sousa (PSD e CDS/PP) Tiago Mayan Gonçalves (Iniciativa Liberal), André Ventura (Chega), Vitorino Silva, mais conhecido por Tino de Rans, João Ferreira (PCP e PEV) e a militante do PS Ana Gomes (PAN e Livre).

Desde 1976, foram Presidentes António Ramalho Eanes (1976-1986), Mário Soares (1986-1996), Jorge Sampaio (1996-2006) e Cavaco Silva (2006-2016). O atual chefe de Estado, eleito em 2016, é Marcelo Rebelo de Sousa, que se recandidata ao cargo.

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