Fundador do Expresso e da SIC morreu na terça-feira, aos 88 anos.
O ex-presidente da CCPJ, Henrique Pires Teixeira, afirma que Francisco Pinto Balsemão, que morreu na terça-feira, "foi o único empresário dos grandes grupos de imprensa que nasceu e viveu no setor de forma autêntica e exclusiva".
Num artigo de opinião publicado no 'site' da Associação Portuguesa de Imprensa, sob o título "Não párem as máquinas", o ex-diretor do jornal A Comarca e ex-presidente da Comissão da Carteira Profissional de Jornalistas (CCPJ), começa por referir que "os árabes sentenciam numa máxima que 'ao morrer, a pantera larga a pele e o homem a reputação' -- o que é apropriado ter presente num momento em que se homenageia" Francisco Pinto Balsemão.
O fundador do Expresso e da SIC "foi o único empresário dos grandes grupos de imprensa que nasceu e viveu no setor de forma autêntica e exclusiva, que conhecia todas as suas dimensões e entrosamentos, que esteve na origem das mais diversas instituições confluentes, a cada passo visando a preservação e valorização da comunicação social, em geral, e da imprensa em particular", sublinha Henrique Pires Teixeira.
"Isto diferentemente de outros que simplesmente poisaram no setor tendo a mira apontada à afirmação pessoal e/ou à influência política, económica ou de outro cariz", aponta.
Ressalta também que "o seu papel enquanto empresário nunca colidiu minimamente com as exigências da atividade jornalística, mormente com a independência dos jornalistas, um dos irremovíveis pilares da profissão".
O antigo presidente da CCPJ prossegue, dizendo que "já quase tudo se escreveu" sobre Balsemão, "numa coincidência de apreciações relevando as qualidades icónicas de um espírito livre, estruturalmente democrático, genuíno empresário da comunicação social e jornalista por vocação".
Mas "não é redundante recordá-lo também neste espaço da Associação Portuguesa de Imprensa que foi a sua casa, porque a fundou (à data como AIND -- Associação de Imprensa Não Diária) e a que quase sempre presidiu através da Sojornal, primeiro, e da Impresa, depois, configurada como trincheira institucional e agregadora na defesa dos interesses de toda a imprensa, mas em especial da imprensa regional, que acarinhava por representar o pulsar do país real", recorda.
"Integrei a única direção que não foi presidida pela então Sojornal, num intervalo diretivo atípico que sobreveio, não por divergência com o dr. Francisco Balsemão e com a sua intocável referência, mas com a presidência do elenco que então escolhera para dirigir a AIND", mas "nem por isso abandonou a associação ou deixou de dar o seu contributo financeiro enquanto associado -- o que mais uma vez comprovou o seu espírito democrático e tolerante", relata.
Na cerimónia de encerramento do 4.º Congresso dos Jornalistas (2017), "fiz questão de sublinhar", enquanto então presidente da CCPJ "o respeito escrupuloso" por Francisco Pinto Balsemão "face à liberdade de expressão e independência dos jornalistas, nunca opondo quaisquer adversativas ou condicionantes ao seu exercício".
Aliás, "isso era sabido, mas nunca suficientemente valorizado, por isso prestei tal tributo com convicção para que servisse de exemplo -- quando pairavam e pairam nuvens de interferência sopradas pelos ventos da precariedade", refere.
No final "veio agradecer-me não só a alusão como acima de tudo pelo momento e local em que foi feita, naquele universo -- o que é revelador do foco que dava aos jornalistas e ao jornalismo", conta, referindo que Francisco Pinto Balsemão "conhecia bem, como todos quantos estão ou estiveram ligados à direção de autênticos projetos jornalísticos, as picas e as agruras da imprensa".
"Ergueu um conglomerado de comunicação social para lhe sobreviver, mas fê-lo igualmente em prol dos seus concidadãos e da liberdade de imprensa", salienta, apontando que ele partiu, "mas as máquinas não pararão".
A memória "é o espelho dos ausentes, é o que nos sobra da sua personalidade e ímpeto -- além da excecional reputação", remata.
A missa de sétimo dia em irá realizar-se esta segunda-feira, às 20h00, na Basílica da Estrela, em Lisboa.
Balsemão foi uma personalidade incontornável da história dos media em Portugal, um jornalista que nunca deixou de ser político, tendo como fio condutor a luta pela liberdade de expressão e o direito a informar.
Fundador do semanário Expresso, ainda durante a ditadura (1973), e da SIC, a primeira televisão privada em Portugal, morreu na terça-feira (21 de outubro) aos 88 anos, de causas naturais.
Em 1974, após o 25 de Abril, fundou, com Francisco Sá Carneiro e Magalhães Mota, o Partido Popular Democrático (PPD), mais tarde Partido Social Democrata PSD. Chefiou dois governos depois da morte de Sá Carneiro, entre 1981 e 1983, e foi, até agora, membro do Conselho de Estado, órgão de consulta do Presidente da República.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt
o que achou desta notícia?
concordam consigo
A redação do CM irá fazer uma avaliação e remover o comentário caso não respeite as Regras desta Comunidade.
O seu comentário contem palavras ou expressões que não cumprem as regras definidas para este espaço. Por favor reescreva o seu comentário.
O CM relembra a proibição de comentários de cariz obsceno, ofensivo, difamatório gerador de responsabilidade civil ou de comentários com conteúdo comercial.
O Correio da Manhã incentiva todos os Leitores a interagirem através de comentários às notícias publicadas no seu site, de uma maneira respeitadora com o cumprimento dos princípios legais e constitucionais. Assim são totalmente ilegítimos comentários de cariz ofensivo e indevidos/inadequados. Promovemos o pluralismo, a ética, a independência, a liberdade, a democracia, a coragem, a inquietude e a proximidade.
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza expressamente o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes ou formatos actualmente existentes ou que venham a existir.
O propósito da Política de Comentários do Correio da Manhã é apoiar o leitor, oferecendo uma plataforma de debate, seguindo as seguintes regras:
Recomendações:
- Os comentários não são uma carta. Não devem ser utilizadas cortesias nem agradecimentos;
Sanções:
- Se algum leitor não respeitar as regras referidas anteriormente (pontos 1 a 11), está automaticamente sujeito às seguintes sanções:
- O Correio da Manhã tem o direito de bloquear ou remover a conta de qualquer utilizador, ou qualquer comentário, a seu exclusivo critério, sempre que este viole, de algum modo, as regras previstas na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, a Lei, a Constituição da República Portuguesa, ou que destabilize a comunidade;
- A existência de uma assinatura não justifica nem serve de fundamento para a quebra de alguma regra prevista na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, da Lei ou da Constituição da República Portuguesa, seguindo a sanção referida no ponto anterior;
- O Correio da Manhã reserva-se na disponibilidade de monitorizar ou pré-visualizar os comentários antes de serem publicados.
Se surgir alguma dúvida não hesite a contactar-nos internetgeral@medialivre.pt ou para 210 494 000
O Correio da Manhã oferece nos seus artigos um espaço de comentário, que considera essencial para reflexão, debate e livre veiculação de opiniões e ideias e apela aos Leitores que sigam as regras básicas de uma convivência sã e de respeito pelos outros, promovendo um ambiente de respeito e fair-play.
Só após a atenta leitura das regras abaixo e posterior aceitação expressa será possível efectuar comentários às notícias publicados no Correio da Manhã.
A possibilidade de efetuar comentários neste espaço está limitada a Leitores registados e Leitores assinantes do Correio da Manhã Premium (“Leitor”).
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes disponíveis.
O Leitor permanecerá o proprietário dos conteúdos que submeta ao Correio da Manhã e ao enviar tais conteúdos concede ao Correio da Manhã uma licença, gratuita, irrevogável, transmissível, exclusiva e perpétua para a utilização dos referidos conteúdos, em qualquer suporte ou formato atualmente existente no mercado ou que venha a surgir.
O Leitor obriga-se a garantir que os conteúdos que submete nos espaços de comentários do Correio da Manhã não são obscenos, ofensivos ou geradores de responsabilidade civil ou criminal e não violam o direito de propriedade intelectual de terceiros. O Leitor compromete-se, nomeadamente, a não utilizar os espaços de comentários do Correio da Manhã para: (i) fins comerciais, nomeadamente, difundindo mensagens publicitárias nos comentários ou em outros espaços, fora daqueles especificamente destinados à publicidade contratada nos termos adequados; (ii) difundir conteúdos de ódio, racismo, xenofobia ou discriminação ou que, de um modo geral, incentivem a violência ou a prática de atos ilícitos; (iii) difundir conteúdos que, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, tenham como objetivo, finalidade, resultado, consequência ou intenção, humilhar, denegrir ou atingir o bom-nome e reputação de terceiros.
O Leitor reconhece expressamente que é exclusivamente responsável pelo pagamento de quaisquer coimas, custas, encargos, multas, penalizações, indemnizações ou outros montantes que advenham da publicação dos seus comentários nos espaços de comentários do Correio da Manhã.
O Leitor reconhece que o Correio da Manhã não está obrigado a monitorizar, editar ou pré-visualizar os conteúdos ou comentários que são partilhados pelos Leitores nos seus espaços de comentário. No entanto, a redação do Correio da Manhã, reserva-se o direito de fazer uma pré-avaliação e não publicar comentários que não respeitem as presentes Regras.
Todos os comentários ou conteúdos que venham a ser partilhados pelo Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã constituem a opinião exclusiva e única do seu autor, que só a este vincula e não refletem a opinião ou posição do Correio da Manhã ou de terceiros. O facto de um conteúdo ter sido difundido por um Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã não pressupõe, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, que o Correio da Manhã teve qualquer conhecimento prévio do mesmo e muito menos que concorde, valide ou suporte o seu conteúdo.
ComportamentoO Correio da Manhã pode, em caso de violação das presentes Regras, suspender por tempo determinado, indeterminado ou mesmo proibir permanentemente a possibilidade de comentar, independentemente de ser assinante do Correio da Manhã Premium ou da sua classificação.
O Correio da Manhã reserva-se ao direito de apagar de imediato e sem qualquer aviso ou notificação prévia os comentários dos Leitores que não cumpram estas regras.
O Correio da Manhã ocultará de forma automática todos os comentários uma semana após a publicação dos mesmos.
Para usar esta funcionalidade deverá efetuar login.
Caso não esteja registado no site do Correio da Manhã, efetue o seu registo gratuito.
Escrever um comentário no CM é um convite ao respeito mútuo e à civilidade. Nunca censuramos posições políticas, mas somos inflexiveis com quaisquer agressões. Conheça as
Inicie sessão ou registe-se para comentar.