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João Leão admite perdas para obrigacionistas na TAP

Em causa poderá estar um corte aos detentores de 750 milhões de euros em dívida da TAP.

08 de janeiro de 2021 às 08:20

O ministro das Finanças, João Leão, admitiu ontem perdas para os obrigacionistas da TAP no âmbito do plano de reestruturação da companhia aérea ,que está a ser analisado por Bruxelas. Em entrevista à Reuters, o governante afirmou que, “até agora, não está previsto” um ‘haircut’ aos detentores de 750 milhões de euros em obrigações, “mas é uma discussão que temos de ter com a Comissão Europeia”.

“As negociações formais com a Comissão Europeia começaram este mês e o Governo espera que no primeiro trimestre que o plano seja aprovado”, isto é até março, revelou Leão, sublinhando que “a principal preocupação do plano é tornar a empresa sustentável”.

O titular da pasta das Finanças anunciou ainda que o Executivo está a analisar um reforço, ainda que temporário, da posição acionista do Estado na TAP para cerca de 90%. “Estamos a propor que grande parte do empréstimo [de 1200 milhões de euros] seja convertido em capital para que os indicadores financeiros da empresa melhorem”, esclareceu Leão. Contudo, o ministro ressalvou que “é importante que a empresa viva sozinha para que o mais rápido possível, se possível a partir do próximo ano ou mais tarde, a empresa deixe de ter de ser financiada pelo Estado”. O objetivo é, no futuro, estabelecer parcerias com outras companhias e reduzir a posição pública na transportadora. Um dos parceiros mais desejados é a germânica Lufhtansa, que já tinha estudado a compra de uma participação na TAP, quando David Neeleman era acionista, um interesse que acabou por ser interrompido pela pandemia. Ambas as companhias fazem parte da Star Alliance, o que poderá impulsionar ainda mais uma eventual união.

Se a Comissão Europeia rejeitar o plano de reestruturação do Governo português, a TAP terá de reembolsar imediatamente o empréstimo de resgate de 1200 milhões de euros, o que poderia levar à sua insolvência.

O plano de reestruturação, a ser aprovado pela Comissão Europeia, prevê o despedimento de 2000 trabalhadores (500 pilotos, 750 tripulantes de cabine e 750 de pessoal de terra) e cortes salariais de 25% acima dos 900 euros.

Custos até 3,72 mil milhões

No pior dos cenários, a TAP poderá custar aos contribuintes até 3725 milhões de euros nos próximos quatro anos, contando já com os 1200 milhões que o Estado emprestou à empresa em 2020. Este ano, a TAP vai precisar de 970 milhões (cenário mais favorável), acima dos 500 milhões inscritos no OE.

A administração da TAP arrancou ontem nova ronda negocial com os sindicatos, segundo um comunicado enviado aos trabalhadores. O documento refere que está prestes a ser publicada em Diário da República a declaração da empresa em situação económica difícil, condição essencial para suspender os acordos de empresa e realizar os cortes previstos no plano de reestruturação.

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