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"[Marcelo Rebelo de Sousa] não quis que o País soubesse isto": Sandra Felgueiras sobre o caso das gémeas luso-brasileiras

Sandra Felgueiras é responsável pela reportagem que deu a conhecer o caso.

21 de janeiro de 2025 às 15:31

A jornalista Sandra Felgueiras está a ser ouvida, esta terça-feira, na Comissão Parlamentar de Inquérito ao Caso das Gémeas Luso-brasileiras. 

A jornalista afirmou que queria deixar claro que as crianças já tinham tomado um outro medicamento para o efeito, o Spinraza, no Brasil, e que vieram apenas trocar de medicamento a Portugal. Diz, também, que o objetivo da reportagem era perceber a interferência política que teria ou não havido no acesso ao tratamento e garante que nunca foram levantadas questões de nacionalidade. 

Sandra Felgueiras reforça que "não há lista de espera" para doenças raras - tal como já havia referido anteriormente Luís Pinheiro, ex-diretor clínico do Santa Maria - e que os emails com este tipo de pedidos eram recebidos pela Dr. Teresa Moreno. 

A jornalista afirma que Marcelo Rebelo de Sousa "não agiu como nos outros casos" e "não quis que o País soubesse isto", reforçando a ideia de que houve um tratamento "desigual" face a outros doentes. O que mais surpreendeu a jornalista "foram os silêncios, tentativas de omissão, porque só esconde quem tem um problema para esconder".

"Se o senhor Presidente da República me tivesse respondido tudo o que havia para responder no dia 23 de outubro de 2023, às tantas não estávamos aqui. Mas o senhor Presidente da República, que tem tanto tentado dizer que agiu como em todos os outros casos, não só já demonstrei que não agiu, como não quis que eu visse isto, não quis que o país visse isso, não quer que se fale neste assunto", acusou.

A jornalista da TVI/CNN Portugal disse também não perceber "porque houve tanta resistência por parte dos órgãos de soberania envolvidos neste caso a divulgar toda a informação que lhes foi solicitada".

Sandra Felgueiras disse também que abordou o Presidente da República em 23 de outubro de 2023, sem dizer qual o tema e, no mesmo dia, outro jornalista da sua equipa enviou um email com questões ao Hospital Santa Maria. Marcelo Rebelo de Sousa não respondeu à sua mensagem, mas ligou-lhe, e ela não atendeu, tendo ligado depois para o seu colega a dizer que sabia que o caso estava a ser investigado pela TVI.

"É algo que eu hoje ainda me intrigo, porque realmente a única entidade até aquele momento contactada tinha sido o Hospital Santa Maria", afirmou.

A linha cronológica do caso, segundo Sandra Felgueiras, iniciou-se no Brasil, quando a mãe das crianças percebeu que Portugal "abriu as portas" para o tratamento ser gratuito, e pediu ajuda a Juliana Drummond, que passou para o marido e filho do Presidente da República, Nuno Rebelo de Sousa, que fez chegar o caso ao pai, Marcelo Rebelo de Sousa, que, por sua vez, encaminhou para o Governo, antes de chegar à média especialista que tratou as crianças.

A jornalista que divulgou o caso das gémeas em novembro de 2023 explicou ainda que a sua investigação "nunca foi sobre nenhuma mãe, nem sobre nenhuma gémeas, foi sempre e apenas sobre a existência ou não de interferência política no acesso ao SNS, fosse por quem fosse".

Sandra Felgueiras disse ainda ter sido alvo de ameaças anónimas, mas que nenhum dos envolvidos a tentou dissuadir a não divulgar informação publicamente.

Esta é a penúltima audição da comissão parlamentar de inquérito ao caso das gémeas luso-brasileiras, que iniciou trabalhos em maio do ano passado.

A última pessoa a ser ouvida será o antigo secretário de Estado Adjunto e da Saúde António Lacerda Sales, um dos arguidos no processo, sendo a segunda vez que depõe nesta comissão.

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