Presidente da República visitou o local para combater "clima de guerra racial".
1 / 2
O Presidente da República afirmou esta terça-feira que a sua visita ao bairro Jamaica teve como objetivo combater um "clima de guerra racial" em Portugal, e frisou que se trata de "um bairro tão português" como os outros.
Em declarações aos jornalistas, na varanda do Palácio de Belém, em Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa referiu que na visita que fez "de surpresa" na segunda-feira àquele bairro no Seixal, distrito de Setúbal, verificou "as condições sociais e o projeto de realojamento" e fez questão de contactar "com todos, sem exceção".
"Porque eu sou Presidente de todos os portugueses", salientou, acrescentando: "Portanto, eu, normalmente, quando pela rua contacto com os portugueses, não peço o cadastro criminal, nem o cadastro fiscal, nem o cadastro moral para falar com eles ou tirar selfies - não, é com todos".
O chefe de Estado respondeu assim a quem, como o presidente da Associação Sindical dos Profissionais de Polícia (ASPP), Paulo Rodrigues, o criticou pela visita que fez, sem anúncio prévio e sem comunicação social, ao bairro de Vale de Chícharos, também conhecido como bairro Jamaica, 15 dias depois de se terem registado incidentes com a polícia naquele local - que levaram à abertura de um inquérito pelo Ministério Público e de outro pela direção nacional da Polícia de Segurança Pública (PSP).
Segundo o Presidente da República, "os portugueses percebem facilmente" que naquele bairro "não houve uma guerra de um bairro negro contra uma polícia branca, ou de uma polícia branca contra um bairro negro, não houve nada disso".
"Houve e há uma comunidade portuguesa, um bairro português, que é um bairro que tem problemas críticos, habitacionais, como muitos outros, embora com um plano de realojamento. E há e houve forças de segurança, uma polícia portuguesa, que exerce a sua função ao serviço do Estado de direito democrático, como eu disse desde a primeira hora", contrapôs.
Interrogados se não deveria ter visitado o bairro Jamaica depois de conhecidos os resultados das investigações em curso, respondeu: "Não, porque precisamente eu tinha, desde o primeiro momento, separado os factos em investigação do Ministério Público da realidade global. Eu disse 'não se pode generalizar', que é o que muita gente começou a fazer na sociedade portuguesa, criando um clima de uma guerra racial".
"Foi precisamente contra esse clima de guerra racial que eu fui, para dizer: não, é um bairro tão português como todos os bairros portugueses, e há muitos que têm os problemas sociais e habitacionais como aquele. Em segundo lugar: não se pode confundir pontos que estão em investigação com uma comunidade portuguesa integrada e com forças de segurança que servem o Estado de direito democrático, todos os dias", reforçou.
"Só diminui as forças de segurança equipará-las a comunidades"
"Não compreendo, francamente, como se pode equiparar comunidades e forças de segurança. São coisas diferentes. Por definição, as forças de segurança exercem a sua autoridade relativamente a todas as comunidades no espaço nacional, urbano ou não urbano. E estar a querer comparar, equiparar essas realidades é diminuir o papel das forças de segurança", afirmou.
Marcelo Rebelo de Sousa, que falava aos jornalistas na varanda do Palácio de Belém, em Lisboa, reforçou esta mensagem: "As forças de segurança só ganham em perceber que, ao alimentarem a ideia de que há um confronto no mesmo plano com qualquer comunidade sobre a qual têm de exercer autoridade, estão a diminuir-se".
O chefe de Estado respondeu assim a quem, como o presidente da Associação Sindical dos Profissionais de Polícia (ASPP), Paulo Rodrigues, o criticou por ter ido na segunda-feira ao bairro de Vale de Chícharos, também conhecido como bairro Jamaica, no Seixal, distrito de Setúbal, vendo nesse gesto uma desconsideração pelas forças de segurança ou a opção por um lado dos lados de um conflito.
A sua visita, sem anúncio prévio e sem comunicação social, aconteceu 15 dias depois de se terem registado incidentes com a polícia naquele local, que levaram à abertura de um inquérito pelo Ministério Público e de outro pela direção nacional da Polícia de Segurança Pública (PSP).
Segundo o Presidente da República, é errado "equiparar comunidades e forças de segurança" e "não perceber isto é não perceber qual é o papel das forças de segurança".
"Estão num plano diferente do plano da sociedade relativamente à qual exercem funções de autoridade", insistiu.
Marcelo Rebelo de Sousa considerou também que "estar a alimentar a polémica sobre esta matéria é, direta ou indiretamente, como se assistiu nos últimos tempos", contribuir para "um clima de 'os bons e os maus', 'os brancos contra os negros', 'os negros contra os brancos', 'uns contra os outros'", que rejeitou.
"Isso não se coloca relativamente às forças de segurança, que estão num plano diferente, só as diminui colocar assim. E, por outro lado, isto é não compreender que somos todos portugueses, são todos portugueses, é introduzir aqui na sociedade portuguesa o que não podemos introduzir", argumentou.
Sobre a sua visita ao bairro Jamaica, começou por dizer que ali "não houve uma guerra de um bairro negro contra uma polícia branca, ou de uma polícia branca contra um bairro negro, não houve nada disso, colocados os dois no mesmo plano".
"Houve e há uma comunidade portuguesa, um bairro português, que é um bairro que tem problemas críticos, habitacionais, como muitos outros, embora com um plano de realojamento. E há e houve forças de segurança, uma polícia portuguesa, que exerce a sua função ao serviço do Estado de direito democrático, como eu disse desde a primeira hora", contrapôs.
Questionado sobre os pedidos de representantes sindicais da polícia para que os receba, o chefe de Estado respondeu apenas que "as assessorias já receberam vários sindicatos da polícia ao longo dos anos".
Interrogado sobre o seu apoio como Presidente da República às forças de segurança, observou: "Quase que eu diria que estava a brincar comigo, tendo eu reagido como reagi relativamente ao Jamaica, falando no papel das forças de segurança, logo no primeiro minuto, ao serviço do Estado de direito democrático".
Marcelo Rebelo de Sousa referiu ainda que, num encontro com alunos da Escola Básica e Secundária Passos Manuel, em Lisboa, no dia 24 de janeiro, esteve "uma hora a explicar aos estudantes, particularmente tensos, a importância e o papel das forças de segurança".
Em reação à sua visita ao bairro Jamaica, o presidente ASPP publicou um texto no Facebook queixando-se de discriminação por parte do chefe de Estado, que acusou de "desprezo completo" pelos polícias e pela segurança do país e a quem se referiu como "um PR de quase todos os portugueses".
"Já pedi ao Presidente da República reunião, já pedi que interviesse para resolver questões da polícia, já o convidei várias vezes, publicamente, para aparecer um dia, sem avisar, e junto com uma patrulha fazer um turno de serviço e ir resolver ocorrências, ele nunca aceitou. Mas foi ao bairro da Jamaica!", escreveu Paulo Rodrigues.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt
o que achou desta notícia?
concordam consigo
A redação do CM irá fazer uma avaliação e remover o comentário caso não respeite as Regras desta Comunidade.
O seu comentário contem palavras ou expressões que não cumprem as regras definidas para este espaço. Por favor reescreva o seu comentário.
O CM relembra a proibição de comentários de cariz obsceno, ofensivo, difamatório gerador de responsabilidade civil ou de comentários com conteúdo comercial.
O Correio da Manhã incentiva todos os Leitores a interagirem através de comentários às notícias publicadas no seu site, de uma maneira respeitadora com o cumprimento dos princípios legais e constitucionais. Assim são totalmente ilegítimos comentários de cariz ofensivo e indevidos/inadequados. Promovemos o pluralismo, a ética, a independência, a liberdade, a democracia, a coragem, a inquietude e a proximidade.
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza expressamente o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes ou formatos actualmente existentes ou que venham a existir.
O propósito da Política de Comentários do Correio da Manhã é apoiar o leitor, oferecendo uma plataforma de debate, seguindo as seguintes regras:
Recomendações:
- Os comentários não são uma carta. Não devem ser utilizadas cortesias nem agradecimentos;
Sanções:
- Se algum leitor não respeitar as regras referidas anteriormente (pontos 1 a 11), está automaticamente sujeito às seguintes sanções:
- O Correio da Manhã tem o direito de bloquear ou remover a conta de qualquer utilizador, ou qualquer comentário, a seu exclusivo critério, sempre que este viole, de algum modo, as regras previstas na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, a Lei, a Constituição da República Portuguesa, ou que destabilize a comunidade;
- A existência de uma assinatura não justifica nem serve de fundamento para a quebra de alguma regra prevista na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, da Lei ou da Constituição da República Portuguesa, seguindo a sanção referida no ponto anterior;
- O Correio da Manhã reserva-se na disponibilidade de monitorizar ou pré-visualizar os comentários antes de serem publicados.
Se surgir alguma dúvida não hesite a contactar-nos internetgeral@medialivre.pt ou para 210 494 000
O Correio da Manhã oferece nos seus artigos um espaço de comentário, que considera essencial para reflexão, debate e livre veiculação de opiniões e ideias e apela aos Leitores que sigam as regras básicas de uma convivência sã e de respeito pelos outros, promovendo um ambiente de respeito e fair-play.
Só após a atenta leitura das regras abaixo e posterior aceitação expressa será possível efectuar comentários às notícias publicados no Correio da Manhã.
A possibilidade de efetuar comentários neste espaço está limitada a Leitores registados e Leitores assinantes do Correio da Manhã Premium (“Leitor”).
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes disponíveis.
O Leitor permanecerá o proprietário dos conteúdos que submeta ao Correio da Manhã e ao enviar tais conteúdos concede ao Correio da Manhã uma licença, gratuita, irrevogável, transmissível, exclusiva e perpétua para a utilização dos referidos conteúdos, em qualquer suporte ou formato atualmente existente no mercado ou que venha a surgir.
O Leitor obriga-se a garantir que os conteúdos que submete nos espaços de comentários do Correio da Manhã não são obscenos, ofensivos ou geradores de responsabilidade civil ou criminal e não violam o direito de propriedade intelectual de terceiros. O Leitor compromete-se, nomeadamente, a não utilizar os espaços de comentários do Correio da Manhã para: (i) fins comerciais, nomeadamente, difundindo mensagens publicitárias nos comentários ou em outros espaços, fora daqueles especificamente destinados à publicidade contratada nos termos adequados; (ii) difundir conteúdos de ódio, racismo, xenofobia ou discriminação ou que, de um modo geral, incentivem a violência ou a prática de atos ilícitos; (iii) difundir conteúdos que, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, tenham como objetivo, finalidade, resultado, consequência ou intenção, humilhar, denegrir ou atingir o bom-nome e reputação de terceiros.
O Leitor reconhece expressamente que é exclusivamente responsável pelo pagamento de quaisquer coimas, custas, encargos, multas, penalizações, indemnizações ou outros montantes que advenham da publicação dos seus comentários nos espaços de comentários do Correio da Manhã.
O Leitor reconhece que o Correio da Manhã não está obrigado a monitorizar, editar ou pré-visualizar os conteúdos ou comentários que são partilhados pelos Leitores nos seus espaços de comentário. No entanto, a redação do Correio da Manhã, reserva-se o direito de fazer uma pré-avaliação e não publicar comentários que não respeitem as presentes Regras.
Todos os comentários ou conteúdos que venham a ser partilhados pelo Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã constituem a opinião exclusiva e única do seu autor, que só a este vincula e não refletem a opinião ou posição do Correio da Manhã ou de terceiros. O facto de um conteúdo ter sido difundido por um Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã não pressupõe, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, que o Correio da Manhã teve qualquer conhecimento prévio do mesmo e muito menos que concorde, valide ou suporte o seu conteúdo.
ComportamentoO Correio da Manhã pode, em caso de violação das presentes Regras, suspender por tempo determinado, indeterminado ou mesmo proibir permanentemente a possibilidade de comentar, independentemente de ser assinante do Correio da Manhã Premium ou da sua classificação.
O Correio da Manhã reserva-se ao direito de apagar de imediato e sem qualquer aviso ou notificação prévia os comentários dos Leitores que não cumpram estas regras.
O Correio da Manhã ocultará de forma automática todos os comentários uma semana após a publicação dos mesmos.
Para usar esta funcionalidade deverá efetuar login.
Caso não esteja registado no site do Correio da Manhã, efetue o seu registo gratuito.
Escrever um comentário no CM é um convite ao respeito mútuo e à civilidade. Nunca censuramos posições políticas, mas somos inflexiveis com quaisquer agressões. Conheça as
Inicie sessão ou registe-se para comentar.