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Marcelo atira contra compadrio e clientela

Chefe de Estado apela à “ética republicana” em tempo de exceção, que “repudia corrupções”.

06 de outubro de 2020 às 08:29

Foram palavras breves, mas certeiras. Sem se referir diretamente à polémica em torno da não recondução do presidente do Tribunal de Contas, depois de esta entidade ter alertado para os riscos de "corrupção", "conluio" e "cartelização" associados à proposta do Governo para acelerar a contratação pública e a execução dos fundos europeus, o Presidente da República avisou esta segunda-feira que a recuperação económica deve ser norteada pela "ética republicana, que repudia compadrios, clientelas e corrupções".

Assinalando que este 5 de outubro, dia que assinala a implantação da república, é "o mais sofrido dos 46 anos de democracia", Marcelo Rebelo de Sousa repetiu também – a exemplo do que já fizera no 10 de junho – que o trabalho que o País tem pela frente não poderá ser "mais do mesmo, se for uma oportunidade desperdiçada para mudar instituições e comportamentos e antecipar de modo irreversível o nosso futuro".

Em vésperas da apresentação do Orçamento do Estado para 2021, o Chefe de Estado também deixou recados aos principais partidos, frisando que "este 5 de outubro diz-nos que os portugueses têm de continuar resistir, a prevenir, a cuidar, a renovar, a agir em liberdade, a saber compatibilizar a diversidade com a convergência no essencial, a sobrepor o interesse coletivo aos meros interesses pessoais". Lembrando que "a recuperação económica durará anos", Marcelo Rebelo de Sousa insistiu que é essencial "resistir ao medo que trava a ação, ao facilitismo que agrava a situação, à tentação de encontrar bodes expiatórios numa luta que é de todos e não é só de alguns". "Ninguém pense que está dispensado de comparecer e lutar." O Presidente pediu "convergência no essencial" e lembrou que "não queremos ditaduras em Portugal".

As comemorações deste ano, na Praça do Município, em Lisboa, foram pautadas por discursos curtos e por uma cerimónia com apenas 14 pessoas. Após a sessão, o primeiro-ministro seguiu para a residência oficial, onde inaugurou a Arte em São Bento, mas fugiu às tentativas dos jornalistas em confrontá-lo com o polémico afastamento do presidente do Tribunal de Contas, Vítor Caldeira, que esteve nos Paços do Concelho sem fazer quaisquer declarações.

PORMENORES

Orçamento

Para o PS, o apelo à convergência pelo interesse geral "passa pela aprovação do Orçamento".

Responsabilidade

Para o PSD, o discurso foi "adequado ao momento pois apela ao sentido de responsabilidade de todos os agentes políticos".

Respostas

O Bloco de Esquerda afirmou que "tem apresentado algumas respostas" para a crise que Marcelo diagnosticou.

Fundos europeus

O CDS considera que Marcelo "pediu cautelas éticas na aplicação dos fundos europeus".

Descontentamento

Já para o Chega o discurso de Marcelo foi "vago", "sem nada de palpável para os portugueses".

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