Deputado do PS afirmou que o país parte para esta legislatura "com uma carga fiscal superior à do ano passado.
O deputado socialista António Mendonça Mendes considerou esta terça-feira que Portugal está "no fio da navalha" a nível orçamental e que o Programa do Governo é "um ato de fé", com PSD a acusar o PS de querer assustar os portugueses.
"A despesa líquida primária cresce acima do objetivo médio acordado pelo Governo em Bruxelas. A Comissão Europeia assinalou no final do mês passado este desvio como o terceiro maior desvio da zona euro. O regresso do défice orçamental em 2026 é dado como certo pela Comissão Europeia, pelo Conselho de Finanças Públicas e pelo Banco de Portugal. A previsão do saldo orçamental para este ano varia entre 0,1% positivo para a Comissão Europeia, nulo para o Conselho de Finanças Públicas e negativo em 0,1% para o Banco de Portugal. Estamos no fio da navalha", alertou António Mendonça Mendes.
O antigo governante falava durante a discussão do programa do XXV Governo Constitucional, que decorre até terça-feira no parlamento, altura em que considerou que "a situação orçamental encontra-se em fase descendente" e deixou alguns alertas ao executivo liderado por Luís Montenegro.
O deputado do PS afirmou que o país parte para esta legislatura "com uma carga fiscal superior à do ano passado, com o PIB a contrair e com as variáveis macroeconómicas a indiciarem a inversão de ciclo".
"Com a despesa líquida primária acima do limite ajustado com Bruxelas, com a degradação do saldo estrutural primário e com o saldo orçamental em terreno vermelho, a margem de utilização da política orçamental como estabilizadora do ciclo económico encontra-se muito reduzida, se não mesmo comprometida", avisou.
Para António Mendonça Mendes, o cumprimento do programa apresentado pelo Governo "afigura-se um desafio".
O socialista argumentou que "ignorar os sinais que as variáveis macroeconómicas e orçamentais indicam" e sob estas "acrescentar a antecipação e o aumento das despesas com Defesa, a incerteza que decorre da guerra comercial em curso e dos conflitos geopolíticos que têm como consequência imediata o aumento do preço do petróleo" e "agir como se nada estivesse a acontecer", pode traduzir-se a prazo, "e não muito longo, na degradação económica e orçamental com consequências profundas e negativas no bem-estar social".
"O cumprimento deste programa do Governo é neste contexto mais um ato de fé do que uma escolha racional. Não decidir é também uma decisão e com significado político. Assumir este programa é assumir ir contra todos os sinais que temos à nossa frente", criticou.
Num pedido de esclarecimento, o deputado do PSD Emídio Guerreiro começou por ironizar, dizendo que o PS, depois de ter governado "supostamente com vacas voadoras, converte-se agora em arauto da desgraça".
Salientando que os socialistas "já se enganaram no passado", Emídio Guerreiro pediu que se faça esse debate apenas no final de 2025.
"Até lá, os senhores só pretendem assustar as pessoas sem qualquer necessidade", criticou.
Emídio Guerreiro notou que "há um novo PS que vem a caminho", que vai eleger um novo secretário-geral, lugar para o qual apenas se candidatou José Luís Carneiro.
O social-democrata notou que Carneiro tem "um estilo diferente" do seu antecessor, Pedro Nuno Santos, mas avisou que "ser mais moderado na forma, ser mais simpático, mais cordato é importante, mas não resolve o problema", questionando o PS sobre o seu "grau de compromisso com a estabilidade".
Durante um período dedicado a intervenções dos vários partidos, a deputada Filipa Pinto, do Livre, alertou que a cultura "está sob ataque" da extrema-direita e criticou o primeiro-ministro por ter "ficado em silêncio" após as agressões por um grupo de extrema-direita a um ator da companhia de teatro A Barraca.
"Não basta a cultura estar incluída no ministério 'tutti frutti' da Juventude e Desporto. Isto revela claramente que a cultura não está nas prioridades do Governo", criticou, numa referência ao ministério da Cultura, Juventude e Desporto, tutelado por Margarida Balseiro Lopes.
Pelo PCP, partido que apresentou uma moção de rejeição ao programa do Governo, o deputado Alfredo Maia defendeu que o documento é "um rol de malfeitorias".
Num pedido de esclarecimento, o social-democrata Gonçalo Capitão acusou o PCP de "bafio ideológico" e disse ter ido ao 'site' do PCP e encontrado uma intervenção intitulada "PCP, a vanguarda da classe operária".
"Os senhores até podem ser a vanguarda, mas vão tão à frente, tão à frente que a classe operária já não consegue nem quer acompanhar-vos", atirou.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt
o que achou desta notícia?
concordam consigo
A redação do CM irá fazer uma avaliação e remover o comentário caso não respeite as Regras desta Comunidade.
O seu comentário contem palavras ou expressões que não cumprem as regras definidas para este espaço. Por favor reescreva o seu comentário.
O CM relembra a proibição de comentários de cariz obsceno, ofensivo, difamatório gerador de responsabilidade civil ou de comentários com conteúdo comercial.
O Correio da Manhã incentiva todos os Leitores a interagirem através de comentários às notícias publicadas no seu site, de uma maneira respeitadora com o cumprimento dos princípios legais e constitucionais. Assim são totalmente ilegítimos comentários de cariz ofensivo e indevidos/inadequados. Promovemos o pluralismo, a ética, a independência, a liberdade, a democracia, a coragem, a inquietude e a proximidade.
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza expressamente o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes ou formatos actualmente existentes ou que venham a existir.
O propósito da Política de Comentários do Correio da Manhã é apoiar o leitor, oferecendo uma plataforma de debate, seguindo as seguintes regras:
Recomendações:
- Os comentários não são uma carta. Não devem ser utilizadas cortesias nem agradecimentos;
Sanções:
- Se algum leitor não respeitar as regras referidas anteriormente (pontos 1 a 11), está automaticamente sujeito às seguintes sanções:
- O Correio da Manhã tem o direito de bloquear ou remover a conta de qualquer utilizador, ou qualquer comentário, a seu exclusivo critério, sempre que este viole, de algum modo, as regras previstas na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, a Lei, a Constituição da República Portuguesa, ou que destabilize a comunidade;
- A existência de uma assinatura não justifica nem serve de fundamento para a quebra de alguma regra prevista na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, da Lei ou da Constituição da República Portuguesa, seguindo a sanção referida no ponto anterior;
- O Correio da Manhã reserva-se na disponibilidade de monitorizar ou pré-visualizar os comentários antes de serem publicados.
Se surgir alguma dúvida não hesite a contactar-nos internetgeral@medialivre.pt ou para 210 494 000
O Correio da Manhã oferece nos seus artigos um espaço de comentário, que considera essencial para reflexão, debate e livre veiculação de opiniões e ideias e apela aos Leitores que sigam as regras básicas de uma convivência sã e de respeito pelos outros, promovendo um ambiente de respeito e fair-play.
Só após a atenta leitura das regras abaixo e posterior aceitação expressa será possível efectuar comentários às notícias publicados no Correio da Manhã.
A possibilidade de efetuar comentários neste espaço está limitada a Leitores registados e Leitores assinantes do Correio da Manhã Premium (“Leitor”).
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes disponíveis.
O Leitor permanecerá o proprietário dos conteúdos que submeta ao Correio da Manhã e ao enviar tais conteúdos concede ao Correio da Manhã uma licença, gratuita, irrevogável, transmissível, exclusiva e perpétua para a utilização dos referidos conteúdos, em qualquer suporte ou formato atualmente existente no mercado ou que venha a surgir.
O Leitor obriga-se a garantir que os conteúdos que submete nos espaços de comentários do Correio da Manhã não são obscenos, ofensivos ou geradores de responsabilidade civil ou criminal e não violam o direito de propriedade intelectual de terceiros. O Leitor compromete-se, nomeadamente, a não utilizar os espaços de comentários do Correio da Manhã para: (i) fins comerciais, nomeadamente, difundindo mensagens publicitárias nos comentários ou em outros espaços, fora daqueles especificamente destinados à publicidade contratada nos termos adequados; (ii) difundir conteúdos de ódio, racismo, xenofobia ou discriminação ou que, de um modo geral, incentivem a violência ou a prática de atos ilícitos; (iii) difundir conteúdos que, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, tenham como objetivo, finalidade, resultado, consequência ou intenção, humilhar, denegrir ou atingir o bom-nome e reputação de terceiros.
O Leitor reconhece expressamente que é exclusivamente responsável pelo pagamento de quaisquer coimas, custas, encargos, multas, penalizações, indemnizações ou outros montantes que advenham da publicação dos seus comentários nos espaços de comentários do Correio da Manhã.
O Leitor reconhece que o Correio da Manhã não está obrigado a monitorizar, editar ou pré-visualizar os conteúdos ou comentários que são partilhados pelos Leitores nos seus espaços de comentário. No entanto, a redação do Correio da Manhã, reserva-se o direito de fazer uma pré-avaliação e não publicar comentários que não respeitem as presentes Regras.
Todos os comentários ou conteúdos que venham a ser partilhados pelo Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã constituem a opinião exclusiva e única do seu autor, que só a este vincula e não refletem a opinião ou posição do Correio da Manhã ou de terceiros. O facto de um conteúdo ter sido difundido por um Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã não pressupõe, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, que o Correio da Manhã teve qualquer conhecimento prévio do mesmo e muito menos que concorde, valide ou suporte o seu conteúdo.
ComportamentoO Correio da Manhã pode, em caso de violação das presentes Regras, suspender por tempo determinado, indeterminado ou mesmo proibir permanentemente a possibilidade de comentar, independentemente de ser assinante do Correio da Manhã Premium ou da sua classificação.
O Correio da Manhã reserva-se ao direito de apagar de imediato e sem qualquer aviso ou notificação prévia os comentários dos Leitores que não cumpram estas regras.
O Correio da Manhã ocultará de forma automática todos os comentários uma semana após a publicação dos mesmos.
Para usar esta funcionalidade deverá efetuar login.
Caso não esteja registado no site do Correio da Manhã, efetue o seu registo gratuito.
Escrever um comentário no CM é um convite ao respeito mútuo e à civilidade. Nunca censuramos posições políticas, mas somos inflexiveis com quaisquer agressões. Conheça as
Inicie sessão ou registe-se para comentar.