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Nova lei de retorno de estrangeiros vai completar política migratória, diz PSD

Deputado António Rodrigues entende que imigrantes "que não estiverem habilitados para estar em Portugal" devem ter que sair do país.

29 de outubro de 2025 às 11:25

O deputado social-democrata António Rodrigues confia que o diploma que regula o retorno e afastamento de estrangeiros seja aprovado este ano, completando os diplomas que regulam a política migratória.

Depois da recente aprovação da lei da nacionalidade, a par da criação da Unidade de Estrangeiros e Fronteiras na PSP e da nova lei de estrangeiros, falta completar "o edifício jurídico português para as migrações" com uma nova lei do retorno e afastamento de estrangeiros em Portugal para "proteger o país das redes e dos abusos", afirmou António Rodrigues, contactado pela Lusa por ocasião dos dois anos da criação da Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA). 

"Aqueles que não estiverem habilitados para estar em Portugal, aqueles que não tiverem documentos, aqueles que entraram indevidamente, têm de ser devolvidos aos seus países de origem e isso só com a lei do retorno que esperamos ter até ao final do ano", defendeu António Rodrigues. 

No último ano e meio, "a política do Governo foi dura, foi interveniente, teve uma vontade de resolver quase que de imediato a vida das pessoas, mais que não fosse num primeiro momento para organizar e pôr a estrutura da administração a responder àquilo que eram as solicitações que continuam a ser muitas".

A procura vai continuar, porque "somos um país que precisa de imigrantes e a infraestrutura vai continuar a ter sempre essa mesma pressão por cima de si", afirmou o deputado, salientando que a ação das redes de tráfico de pessoas continua a ser evidente. 

"As redes continuam a tentar atuar e é necessário estarmos vigilantes. Vimos vários exemplos, através de ações combinadas das autoridades, em que os imigrantes eram usados e abusados porque não estavam integrados", numa condição de "quase esclavagismo". 

O caso dos cidadãos marroquinos que chegaram de barco ao Algarve indiciam que as redes continuam a "testar o sistema e a sua resiliência", pelo que é necessário aprovar novos mecanismos legais que facilitem a expulsão. 

Por outro lado, o Governo investiu nos "centros temporários para estadia de emigrantes", porque "Portugal tinha um número reduzidíssimo de camas disponíveis", muito aquém das necessidades do país. 

Este é um "problema complexo" e a imigração "é um problema das sociedades mais desenvolvidas", que enfrentam "cada vez mais pressão".

Exemplo disso, referiu, são as mudanças políticas em vários países europeus. 

"O que é que está a acontecer no norte da Europa? Todo o norte da Europa está a mudar a sua perspetiva de receção de imigrantes, porque eles, na maior parte dos casos, até mesmo a nível de segunda geração, se habituaram a viver do sistema de assistência social e não contribuem sequer para a integração ou o desenvolvimento do país que os recebe".

Os diplomas aprovados combatem o efeito de chamada de imigrantes, regulam a entrada, alargam os prazos de acesso à nacionalidade e criam uma polícia para o setor, mas falta "resolver o problema de quem está de forma irregular em Portugal". 

Com o novo diploma, prometido até ao final do ano pelo Governo, "vamos ter condições para tratar aqueles que entram cá irregularmente e devolvê-los aos seus países", prometeu António Rodrigues, embora salientando que Portugal continuará a "ser um país também de imigração". 

"Seremos um país receção de pessoas de outros países que venham cá para poderem vir a trabalhar e quando servem a necessidade de Portugal, são bem-vindos, como é evidente", afirmou, dando o exemplo das alterações ao reagrupamento familiar de imigrantes (com um prazo de residência mínimo de três anos). 

Para os dois anos da criação da AIMA, a Agência Lusa pediu, mais do que uma vez, entrevistas a responsáveis do Governo e da instituição, mas, até ao momento, não obteve resposta.

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