"Só há eleições para perder e para ganhar para quem olha para o futuro de uma forma não passiva", disse o antigo-primeiro ministro.
O antigo primeiro-ministro Pedro Passos Coelho alertou esta sexta-feira o Governo de que "chegou o fim das margens de manobra" que permitem "ir adiando decisões importantes", pedindo mudanças sem ceder a cálculos eleitorais e "perder tempo com preocupações distributivas".
Numa intervenção no Congresso Internacional do Cooperativismo, em Lisboa, Passos Coelho começou por alertar para os problemas que derivam de os governos, em Portugal e na Europa, atualmente, "atribuírem uma urgência ao curto prazo e uma importância demasiado relativa ao médio e ao longo prazo", por "medo da reação das pessoas" que não estão alertadas para as dificuldades na segurança, no cumprimento de regras orçamentais ou de "investir o suficiente em escala para competir no mundo".
"Sempre achei que é preferível enfrentar a consequência negativa do julgamento eleitoral fazendo alguma coisa que nos parecesse ser indispensável a pensar no futuro e continuo a pensar que é isso que vale a pena. A política, ao contrário do que muitos pensarão, não acaba a cada eleição. Porque em todas as eleições se pode perder e se pode ganhar. Mas na verdade só há eleições para perder e para ganhar para quem olha para o futuro de uma forma não passiva", acrescentou.
Com o secretário de Estado Silvério Regalado na plateia, Passos elogiou o Governo por conseguir "retirar à discussão orçamental em Portugal o dramatismo que durante tanto tempo" teve, por considerar que o Orçamento do Estado é um instrumento para o executivo "cumprir as suas obrigações externas e internas e não deve ser o palco de outras discussões".
Após o elogio, Passos Coelho deixou "alertas" ao Governo, avisando que "chegou o fim das margens de manobra que permitem ir adiando decisões importantes" e "já não vale a pena haver mais cálculos eleitorais" e "perder tempo com preocupações distributivas".
"Todos os setores sociais gostarão de receber alguma atenção do Estado e alguma atenção financeira, mas ninguém perdoa no futuro que os Governos não façam aquilo que é preciso a olhar para o futuro. E esse é que é o ponto. Todo o dinheiro que é distribuído no dia-a-dia está distribuído, está gasto", acrescentou.
Passos Coelho afirmou também que quando se evita "tomar decisões tão importantes no tempo certo" está-se "condenado a tomá-las fora de tempo", sempre com "um resultado pior".
"Porquê? Porque elas não são tão efetivas e têm sempre de ser mais drásticas do que seriam se tivessem sido tomadas na altura certa. Eu creio que este é o momento, portanto, para fazer esse alerta. Quer em termos europeus, quer em termos nacionais", considerou o antigo chefe de Governo.
Passos disse acreditar que o país "pode crescer muito mais nos próximos anos, sem ser apenas à custa do consumo" e disse que "não chega" distribuir "um prémio aos reformados, a um ou outro setor da sociedade portuguesa" e "fazer algumas habilidades orçamentais para salvar o ano".
"É uma crítica que aqui assumo e que não é apenas este Governo. Infelizmente vivemos anos demais com este tipo de política. Em Portugal e nos outros países europeus", afirmou.
O antigo líder do PSD afirmou ainda que o "Estado deixou de investir há muitos anos" e "investe estritamente aquilo que corresponde às disponibilidades que são colocadas a Portugal pela União Europeia", e confia no consumo para o seu crescimento, que, acrescentou, "para o ano não vale nada".
Pedro Passos Coelho defendeu que o país não crescerá sem as reformas de que carece "há demasiados anos", pedindo que se avance com essas mudanças "com o consenso que for possível obter", por considerar que "quanto maior o consenso melhor, mais elas duram, mais enraizadas ficam, mais frutos podem proporcionar".
O ex-primeiro-ministro criticou ainda a "displicência" da Europa em matéria de defesa, considerando que a União Europeia "andou encantada com o seu modelo social e pouco preocupada com a sua segurança", enfrentando agora uma "corrida contra o tempo" por causa da Ucrânia e vendo-se obrigada a comprar equipamento aos americanos.
"É difícil, como todos sabemos, não foi por acaso que aqui chegámos, conciliar as prioridades sociais com as prioridades da segurança", considerou.
À entrada e à saída do evento, Pedro Passos Coelho recusou responder às perguntas dos jornalistas sobre a atualidade nacional, como a lei da nacionalidade.
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