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Queixa de furto contra deputado

Apoderou-se dos dois gravadores, guardou-os nos bolsos das calças, levantou-se e saiu da sala da biblioteca do Parlamento. Este foi o momento registado em vídeo pela revista ‘Sábado’ que finalizou uma entrevista ao deputado socialista Ricardo Rodrigues, a 30 de Abril.

06 de maio de 2010 às 00:30

Ontem, numa declaração sem direito a perguntas e assistido pelo seu líder parlamentar, Francisco Assis, e por Sérgio Sousa Pinto, explicou a sua versão: 'Porque a pressão exercida sobre mim constituiu uma violência psicológica insuportável, porque não vislumbrei outra alternativa para preservar o meu nome, exerci acção directa e, irreflectidamente, tomei posse de dois equipamentos de gravação digital, os quais hoje são documentos apensos à providência cautelar que corre termos no Tribunal Civil de Lisboa.' A ‘Sábado’ desconhece qualquer providência cautelar e a entrevista possível sai hoje.

Os dois jornalistas que fizeram a entrevista – Fernando Esteves e Maria Henrique Espada – já apresentaram no DIAP uma queixa--crime por furto e atentado à liberdade de imprensa. Fernando Esteves conta ao CM o que se passou: 'Na sequência da pergunta da pedofilia, o deputado Ricardo Rodrigues abandona a entrevista e levou-nos os gravadores. Só percebemos que isso aconteceu alguns segundos depois, já ele não estava na sala. E dez minutos depois encontrámo-lo à porta da Assembleia. Pedi-lhe os nossos gravadores e ele disse que já os tinha dado a um ‘fiel depositário que lhes ia dar o tratamento adequado’.'

Nenhum tema ficou acertado previamente para a rubrica ‘Entrevista Dura’. Para Fernando Esteves, o deputado calculou bem a ‘acção’. 'Primeiro tirou as medidas aos gravadores e, como o ambiente estava tenso, ele levanta-se e sai abruptamente, levando os gravadores [90 euros/cada].' Quem detectou a falta dos aparelhos foi Maria Henrique Espada. Nenhum partido da Oposição quis reagir.

DIAP PODE CONSIDERAR AS DUAS QUEIXAS

Sobre a queixa-crime de furto e atentado à liberdade de imprensa, o jurista Rogério Alves disse ao CM que 'parecem existir indícios de furto [porque foi retirado equipamento que era pertença de outrem], embora se perceba que o que está aqui em causa não é a intenção de furtar, mas de impedir a divulgação do conteúdo da entrevista'. Ou seja, para Rogério Alves, objectivamente 'há indícios de furto que podem não ser confirmados por ausência de intenção de furtar se a entrevista foi combinada'. O jurista considera que agora compete ao Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) averiguar se incorpora o furto e o atentado à liberdade de imprensa ou exclusivamente este último.

APONTAMENTOS

TEMAS DE ALTA TENSÃO

A ligação como advogado, sócio e procurador a Débora Raposo, condenada por burla e falsificação de documentos, azedou a entrevista. O caso é de 1997. Ricardo Rodrigues foi ouvido, mas não foi acusado.

CASO FARFALHA

Os boatos de pedofilia no caso Farfalha, em 2003, nos Açores, levaram Ricardo Rodrigues a abandonar o Governo Regional. Nunca foi constituído arguido. Quando se abordou o tema, o deputado respondeu: 'Os senhores não estão bons da cabeça.'

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