Moção de censura do Chega foi rejeitada com votos contra do PSD, IL, MPT, Aliança e CDS-PP.
A Assembleia Municipal de Lisboa rejeitou, esta terça-feira, a moção de censura do Chega ao presidente da câmara, Carlos Moedas (PSD), que pretendia responsabilizá-lo politicamente pela tragédia do descarrilamento do elevador da Glória.
Entre os 75 deputados municipais, votaram contra PSD, IL, MPT, Aliança e CDS-PP, abstiveram-se BE, Livre, PEV, PCP, dois deputados independentes do movimento Cidadãos por Lisboa (eleitos pela coligação PS/Livre), PS e PAN, e votaram a favor PPM e Chega.
Acusando o presidente da Câmara de Lisboa de falhar no dever de "garantir a segurança da cidade", a moção de censura do Chega foi apresentada na sequência do descarrilamento do elevador da Glória, que ocorreu na quarta-feira e provocou 16 mortos e cerca de duas dezenas de feridos, entre portugueses e estrangeiros de várias nacionalidades.
De acordo com o Regimento da Assembleia Municipal de Lisboa, as moções de censura "visam censurar a ação da câmara municipal" e servem para "tomar posição" sobre assuntos de interesse para o município, no âmbito da competência de fiscalização deste órgão, sem ter poder para destituir o executivo camarário.
Na apresentação da moção de censura, Bruno Mascarenhas, do Chega, advogou que a "assembleia não pode ser cúmplice da cultura da desculpa, da fuga às responsabilidades e do vazio político que levou a cidade ao ponto" atual.
O elevador, acrescentou, "transporta diariamente centenas de pessoas" e "deveria ter as mais rigorosas garantias de segurança", quando "circulava em setembro sem cobertura contratual estável, em regime transitório, com alertas ignorados e sem inspeções profundas às zonas críticas", apontou.
"Este acidente não é apenas uma tragédia técnica. É um falhanço político e institucional. É o retrato de uma câmara que vive obcecada com a propaganda, com os 'soundbites' internacionais", considerou o deputado municipal, acrescentando que "a manutenção da cidade está a ser há muitos anos sacrificada em nome da manutenção das castas políticas".
O deputado Luís Newton, pelo PSD, referiu que o primeiro dever dos responsáveis municipais é para com as vítimas, em sinal de luto, com dignidade e respostas sérias, e que a moção de censura "não é uma busca de verdade, não é uma exigência de rigor", mas revela "ausência de seriedade".
O social-democrata questionou onde está a análise técnica e os alertas sindicais, que não estão materializados em qualquer oficio formal, acrescentando que a iniciativa do Chega visa apenas montar um palco partidário como "arma de guerrilha", numa irresponsabilidade política sem o intuito de esclarecer, antes montar um circo às custas de 16 vítimas mortais, o que é inaceitável, indigno e um insulto à democracia local.
"Carlos Moedas foi o primeiro a tomar decisões", assegurou Newton, enumerando a realização de inquérito interno e externo, suspensão do funcionamento dos outros elevadores, acompanhamento das famílias das vítimas e aumento do orçamento da Carris em cerca de 35%.
Em defesa da honra, Bruno Mascarenhas alegou ser "uma pena" a defesa da câmara estar a cargo de alguém acusado de corrupção, e que o PSD não tenha mais ninguém na bancada para o fazer.
A deputada municipal Carla Madeira (PS) criticou o presidente da câmara por não ter optado por "alguma contenção nas palavras" neste momento de luto e exigiu "o cabal esclarecimento" sobre o acidente, com "transparência total" e o apuramento de todas as responsabilidades, tanto técnicas, como políticas.
"Este não é um momento para aproveitamentos políticos", defendeu a socialista, notando que há erros técnicos que têm consequências políticas, mas primeiro é preciso apurar os factos, e aguardar as conclusões dos inquéritos em curso.
Pelo PCP, Natacha Amaro endereçou "particulares condolências" aos colegas do guarda-freio da Carris e dos quatro trabalhadores da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa que morreram no descarrilamento, apelando à "necessária contenção das várias intervenções públicas para que não se explorem e instrumentalizem as emoções e a dor do momento".
A deputada municipal considerou que "a avaliação da responsabilidade política será feita pelo eleitorado em muito poucas semanas", nas autárquicas de 12 de outubro.
Miguel Graça, dos Cidadãos por Lisboa, justificou a abstenção na moção de censura por, apesar de a câmara ser responsável pela fiscalização, ser tempo de investigar o sucedido e apurar responsabilidades.
Sublinhando que um acidente como este não pode acontecer e que o guarda-freio fez tudo ao seu alcance para travar o elevador, Isabel Mendes Lopes, do Livre, criticou o Chega por fazer tudo para estar nas notícias e, não acompanhando a moção, deixou claro não ter "confiança em Carlos Moedas para gerir esta cidade".
Também Rodrigo Mello Gonçalves, da IL, defendeu que o momento exige "razão e serenidade", repudiando o aproveitamento político da moção, e que a cidade precisa de explicações e não de demissões, para garantir que uma tragédia deste tipo não se repete.
O CDS-PP, por Martim Borges de Freitas, considerou que Carlos Moedas assumiu desde o primeiro momento a responsabilidade política, pois "não virou as costas, não fugiu, ficou, fez o que tinha a fazer", advogando que "a responsabilidade política não se confunde com uma demissão" e que a oposição só quer "a cabeça de Carlos Moedas".
Para a deputada Claudia Madeira (PEV), é preciso perceber o que falhou e garantir a "máxima segurança" aos passageiros, moradores e visitantes da cidade, enquanto António Valente, do PAN, também notou não ser ainda "o tempo" para moções de censura, por não se conhecerem as causas, mas recusou votar contra a proposta pelas consequências trágicas do acidente.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt
o que achou desta notícia?
concordam consigo
A redação do CM irá fazer uma avaliação e remover o comentário caso não respeite as Regras desta Comunidade.
O seu comentário contem palavras ou expressões que não cumprem as regras definidas para este espaço. Por favor reescreva o seu comentário.
O CM relembra a proibição de comentários de cariz obsceno, ofensivo, difamatório gerador de responsabilidade civil ou de comentários com conteúdo comercial.
O Correio da Manhã incentiva todos os Leitores a interagirem através de comentários às notícias publicadas no seu site, de uma maneira respeitadora com o cumprimento dos princípios legais e constitucionais. Assim são totalmente ilegítimos comentários de cariz ofensivo e indevidos/inadequados. Promovemos o pluralismo, a ética, a independência, a liberdade, a democracia, a coragem, a inquietude e a proximidade.
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza expressamente o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes ou formatos actualmente existentes ou que venham a existir.
O propósito da Política de Comentários do Correio da Manhã é apoiar o leitor, oferecendo uma plataforma de debate, seguindo as seguintes regras:
Recomendações:
- Os comentários não são uma carta. Não devem ser utilizadas cortesias nem agradecimentos;
Sanções:
- Se algum leitor não respeitar as regras referidas anteriormente (pontos 1 a 11), está automaticamente sujeito às seguintes sanções:
- O Correio da Manhã tem o direito de bloquear ou remover a conta de qualquer utilizador, ou qualquer comentário, a seu exclusivo critério, sempre que este viole, de algum modo, as regras previstas na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, a Lei, a Constituição da República Portuguesa, ou que destabilize a comunidade;
- A existência de uma assinatura não justifica nem serve de fundamento para a quebra de alguma regra prevista na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, da Lei ou da Constituição da República Portuguesa, seguindo a sanção referida no ponto anterior;
- O Correio da Manhã reserva-se na disponibilidade de monitorizar ou pré-visualizar os comentários antes de serem publicados.
Se surgir alguma dúvida não hesite a contactar-nos internetgeral@medialivre.pt ou para 210 494 000
O Correio da Manhã oferece nos seus artigos um espaço de comentário, que considera essencial para reflexão, debate e livre veiculação de opiniões e ideias e apela aos Leitores que sigam as regras básicas de uma convivência sã e de respeito pelos outros, promovendo um ambiente de respeito e fair-play.
Só após a atenta leitura das regras abaixo e posterior aceitação expressa será possível efectuar comentários às notícias publicados no Correio da Manhã.
A possibilidade de efetuar comentários neste espaço está limitada a Leitores registados e Leitores assinantes do Correio da Manhã Premium (“Leitor”).
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes disponíveis.
O Leitor permanecerá o proprietário dos conteúdos que submeta ao Correio da Manhã e ao enviar tais conteúdos concede ao Correio da Manhã uma licença, gratuita, irrevogável, transmissível, exclusiva e perpétua para a utilização dos referidos conteúdos, em qualquer suporte ou formato atualmente existente no mercado ou que venha a surgir.
O Leitor obriga-se a garantir que os conteúdos que submete nos espaços de comentários do Correio da Manhã não são obscenos, ofensivos ou geradores de responsabilidade civil ou criminal e não violam o direito de propriedade intelectual de terceiros. O Leitor compromete-se, nomeadamente, a não utilizar os espaços de comentários do Correio da Manhã para: (i) fins comerciais, nomeadamente, difundindo mensagens publicitárias nos comentários ou em outros espaços, fora daqueles especificamente destinados à publicidade contratada nos termos adequados; (ii) difundir conteúdos de ódio, racismo, xenofobia ou discriminação ou que, de um modo geral, incentivem a violência ou a prática de atos ilícitos; (iii) difundir conteúdos que, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, tenham como objetivo, finalidade, resultado, consequência ou intenção, humilhar, denegrir ou atingir o bom-nome e reputação de terceiros.
O Leitor reconhece expressamente que é exclusivamente responsável pelo pagamento de quaisquer coimas, custas, encargos, multas, penalizações, indemnizações ou outros montantes que advenham da publicação dos seus comentários nos espaços de comentários do Correio da Manhã.
O Leitor reconhece que o Correio da Manhã não está obrigado a monitorizar, editar ou pré-visualizar os conteúdos ou comentários que são partilhados pelos Leitores nos seus espaços de comentário. No entanto, a redação do Correio da Manhã, reserva-se o direito de fazer uma pré-avaliação e não publicar comentários que não respeitem as presentes Regras.
Todos os comentários ou conteúdos que venham a ser partilhados pelo Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã constituem a opinião exclusiva e única do seu autor, que só a este vincula e não refletem a opinião ou posição do Correio da Manhã ou de terceiros. O facto de um conteúdo ter sido difundido por um Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã não pressupõe, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, que o Correio da Manhã teve qualquer conhecimento prévio do mesmo e muito menos que concorde, valide ou suporte o seu conteúdo.
ComportamentoO Correio da Manhã pode, em caso de violação das presentes Regras, suspender por tempo determinado, indeterminado ou mesmo proibir permanentemente a possibilidade de comentar, independentemente de ser assinante do Correio da Manhã Premium ou da sua classificação.
O Correio da Manhã reserva-se ao direito de apagar de imediato e sem qualquer aviso ou notificação prévia os comentários dos Leitores que não cumpram estas regras.
O Correio da Manhã ocultará de forma automática todos os comentários uma semana após a publicação dos mesmos.
Para usar esta funcionalidade deverá efetuar login.
Caso não esteja registado no site do Correio da Manhã, efetue o seu registo gratuito.
Escrever um comentário no CM é um convite ao respeito mútuo e à civilidade. Nunca censuramos posições políticas, mas somos inflexiveis com quaisquer agressões. Conheça as
Inicie sessão ou registe-se para comentar.